quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MATAR GATOS E CACHORROS


Foi publicado há dias aqui na net um vídeo de uma rapariga a atirar meia dúzia de cachorros a um rio e a sua divulgação tem provocado a mais vivas e violentas reacções de milhares de pessoas justamente indignadas com cena tão chocante.

Sabia-se que a situação ocorrera na Croácia mas porque a moça aparece com um gorro na cabeça e pouco de vê do rosto, os internautas não descansaram enquanto não a identificaram e, agora que isso já foi possível, segundo notícia o “Correio da Manhã”, acredito que lhe vão fazer a vida negra. Não desejava estar no pêlo da cachopa, tão violentos e agressivos são os comentários postados.

Ora eu, começando, como ponto de ordem, por afirmar desde já que condeno firmemente não só o gesto da miúda com ainda a macabra decisão de tudo filmar e divulgar, quero aqui dizer que matar gatos e cachorros daquela forma era vulgar, muito vulgar fazer-se nas nossas aldeias. Aconteceu com muita frequência no tempo da minha meninice e adolescência na minha terra natal e, estou em crer, embora disso não tenha provas, que ainda hoje acontece.

Lembro-me bem de meu pai ao longo dos anos, surpreendido com uma ou outra gata que paria num qualquer recanto do quintal de nossa casa, retirar-lhe os gatinhos e – é bom que se diga! – ás escondidas de mim e de minha irmã, dirigir-se ao ribeiro que passa á saída da aldeia os ir atirar á água. A situação era-me depois relatada por ele ou por minha mãe.

Isto era vulgar e natural nas aldeias e fê-lo o meu pai algumas vezes como outras vezes o praticaram meus vizinhos. Esta é a verdade e, embora a situação chocasse, acho que era na época a única forma que as pessoas tinham para se verem livres de tantos gatos e cães.

E não venha dizer-se que, no caso o meu pai, era pessoa que não gostava de animais porque isso não corresponde de forma alguma á verdade. Meu pai foi a pessoa que vi mais gostar de animais! Desde os maiores (vacas) até aos mais pequenos (bicos-de-lacre) passando por porcos, cabras, ovelhas, perus, coelhos, patos e aves das mais diversas espécies de faisões a canários, etc., etc. ele criou e viveu toda a sua vida com milhares deles e bem sabia com que pena muitas vezes tinha de se desfazer dos bichos.

Portanto, retirar e matar as crias de cães e gatos era na altura e acredito que ainda hoje seja em alguns casos uma questão de cultura, de necessidade, de hábito talvez.

Hoje o mundo é outro, os hábitos e as culturas mudaram e situações destas são muito naturalmente evitadas e condenadas. E, filmar então, para divulgar… nem dá para entender…

Mas que foi coisa que sempre conhecemos na nossa criação, nas nossas terras natais – embora os adultos o fizessem fora das vistas das crianças… - isso é verdade e incontornável.

2 comentários:

Anónimo disse...

Azevedo,

Os animais domésticos, de aparecimento indevido ou indesejável sempre foram descartados pelos humanos. Talvez hoje com menos intensidade, contudo, populações de terceiro mundo adoram fazer isso. Aqui cachorros gatos vagueiam aos milhões (eu disse milhões) pelas ruas abandonados que são.
Lembro-me que, quando pequeno, eu um irmão e outros garotos recebíamos alguns trocados para dar cabo de filhotes de gatos.
Claro que nunca deixei meus filhos e o netinho praticar tal ato.
É uma questão muito polêmica, pensar que também temos milhões de crianças morrendo de fome pelo mundo afora.

abraços

Victor Azevedo disse...

Meu caro "Anónimo",
Por só agora ter encontrado o seu comentário quero agradecê-lo, pelo desculpa pelo atraso e afirmar que subscrevo tudo o que escreveu.
Na verdade os tempos agora são outros bem diferentes e ainda bem para nós e para a sociedade em que vivemos.
Cumprimentos.