quarta-feira, 21 de abril de 2021

"III RECAUCHUTAGEM" NÃO FOI "PERA DOCE"

Dolorosa e mais que desagradável esta 3ª intervenção na “pecinha das iscas”, ao contrário do que seria espectável tendo como lembrança ainda bem viva o idêntico tratamento (quimioembolização) realizado há um ano que, em comparação com este, foi uma então uma verdadeira brincadeira.

Efectuado como o anterior com anestesia local este, desta vez, foi bem mais doloroso, angustiante – dores, náuseas e mal estar danados… - e, por isso, super-chato. E se a tudo isto juntarmos o “rescaldo” que demorou e ainda decorre umas sofridas 48 horas passadas, dá para calcular quanto desagradável foi. E está a ser...

Mas passa-se – e, curioso, como o do ano passado, decorreu o internamento durante as iguais 45 horas – e, agora, haverá que olhar em frente, suportar o rescaldo de toda a sofrida odisseia – será odisseia ou “sentença”? - recuperar forças e ânimo e seguir em frente porque, como diz a nossa gente, “dos fracos não reza a história”.

Não que eu tenha a pretensão de ficar para a história – seria presunção ridícula, se não ultrajante... – mas tão só porque, já que cá ando e enquanto tiver “licença” para continuar a pisar a terra, o pretenda fazer com algum sentido e alguma validade. Pouca, muito pouca, mas será a que me for possível criar, manter e, se possível, preservar. Numa existência que nem a de um minúsculo grão de areia que junto com muitos outros ajudem a formar o areal, louro e alvo da praia. Da praia da vida.

Mas que isso aconteça com muitos poucos momentos como o do passado dia 19 que não foi “pera doce”, não.

Enfim…

É a vida...

sexta-feira, 2 de abril de 2021

CORONAVÍRUS - TOMADA 1ª DOSE DA VACINA PFIZER!

Ao contrário da opinião de bastantes pessoas com quem conversava há um ano, aquando do surgimento do chamado Coronavírus, que afirmavam que levaria anos a ser criada e testada uma vacina que prevenir-se e combatesse a terrível pandemia que se anunciava a nível global, sempre pensei de forma diferente e sempre afirmei que logo, logo, teríamos aí a desejada vacina.

Como é lógico não tinha qualquer conhecimento extra e falava pensando apenas nos enormes avanços da ciência médica e medicamentosa das últimas décadas – avanços e saber que, por triste casualidade, recentemente tenho vindo a comprovar no tratamento da minha figadeira… - e também porque, prevendo a enorme encrenca que se anunciava – não dava para não ficar alarmado quando víamos os preocupados – e assustados!… - chineses a construírem em dias enormes hospitais… - as autoridades sanitárias e a ciência mundiais teriam forçosamente que se unir e, trabalhando em conjunto, algo inventarem e criarem para travar e combater tão gigantesca tragédia mundial que se adivinhava.

E, para bem da humanidade, assim aconteceu de facto e, mercê da ciência e da vontade dos homens foi possível criar algo de certo eficaz e por isso mesmo muito esperançoso.

E foi assim que um ano e meia dúzia de dias passados sobre o surgimento do vírus e não obstante os milhões de contaminados e sobretudo mortos em todo o globo, é possível termos já hoje no mundo milhões de vacinados e, nesta sequência, este pobre mortal e também a sua cara metade, terem recebido aqui na pontinha da Europa a sua 1ª dose de vacina.

Um telefonema, a identificação, a confirmação pelos serviços sanitários que o Victor e a Hortense estavam enquadrados na sequência da vacinação em vigor e… ela, a tomada da bendita vacina (Ffizer) está concretizada. Seguir-se-á no final do mês a 2ª dose.

Surgirão de certo nos próximos dias as prováveis reacções mas, pessoalmente, a este triste mortal, isso minimamente o preocupa ou assusta.

Não vacinado e à mercê total do danado, seria bem pior. Se não fatal... 

COMADRES E COMPADRES NOS "MEIOS-DIAS SANTOS"


Na voragem dos dias e dos meses diz-nos o calendário que estamos a instantes de celebrar a Páscoa e, mais exatamente hoje, temos aqui a “Sexta-feira Santa” que, vá lá saber porquê, mas a que certamente não serão alheios os aninhos que já vão carregando esta velha carcaça, faz-me recuar aos tempos de juventude na minha pequena aldeia – o meu Chouto natal - quando, tradicionalmente, nestes então denominados “Meios-dias Santos” rapazes e raparigas, de puberdade a rebentar, tinham por hábito juntar-se e jogarem o apreciado e saboroso jogo das “Comadres e Compadres”.

Se a memória não me falha acontecia isso nas tardes de sexta-feira quando a malta nova – eles, de sangue na guelra e nascente desejo, que já olhavam com verde interesse e admiração para elas e, elas, que, jovenzinhas de sainha travada ou rodada (dando pelo joelho!…) de olhar baixinho, discreto e simples, como convinha e era de bom tom a moça prendada e ajuizada da época – reunia-se no largo onde hoje temos erguido o Salão de Convívio, então chamado de “Largo da Junta” (imagem junta do local, numa foto da época) em pares previamente ordenados. Instalavam-se os pares criados, separados 15 ou 20 metros entre si – não convinha ficarem muito perto uns dos outros para que nalguns casos as conversas fossem mais reservadas… - e estendiam-se em circulo desde os então existentes sobreiros junto à Estrada Nacional à entrada da aldeia até perto da sede da Junta de Freguesia.

Uma moça, munida de um cinto, facultado por um rapaz, fazia de “padre” e a sua missão era visitar os pares perguntando à menina se estava bem casada: “Maria, estás bem casada?”.

Se acontecia a companhia do cavalheiro agradar à dama, a menina respondia que sim, que estava bem casada e a “padre” passava ao par seguinte.

Muitas vezes a moça respondia que não, que não estava bem casada e era-lhe então perguntado com quem queria casar? A perguntada escolhia dos outros “noivos” presentes no jogo o que desejava para si e aí acontecia a troca. Ambos os rapazes cruzavam-se e fugiam da “padre” e das consequências de levarem de castigo com o cinto mas, muitas vezes, propositadamente, deixavam-se apanhar para terem o saboroso gosto de agarrar a moça, sentir a sua pele macia e aveludada, o seu cheiro e a sua respiração e essa era umas das duas únicas ocasiões em que naquela época um rapaz tinha e sentia fisicamente com prazer nos seus braços uma moça. (A outra situação acontecia nos bailes.)

Instruído desde terra idade que “numa menina não se toca nem com uma flor!”, ao pobre rapaz daquele tempo restava-lhe imaginar o cheiro do corpo, o aveludado da pele das mãos, dos braços ou da cara da menina que apreciava, de que gostava e de quem queria maior aproximação e, nas “comadres e compadres” e nos bailes eram as únicas, as únicas hipóteses que tinha de tocar e sentir a moça.

Noutros tempos, noutros velhos e saudosos tempos, pudicamente, inocentemente e, verdade se diga, tristemente castrados nos seus desejos, os jovens de então, eles e elas, os homens e mulheres de hoje com 60, 70 anos, divertiam-se com estes joguinhos marotos é verdade mas, inocentes q.b. quando comparados com o que nos tempos actuais encontramos por aí nas praias, nos jardins, nos campos…

É isso: Nascemos cedo de mais...