quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O DESCONTRAÍDO MARCELO


De visita à queimada e martirizada Beira Alta fez agora um ano e levado pelo Presidente da Câmara da cidade, Marcelo foi almoçar dias atrás num excelente restaurante da zona onde, aqui para nós que ninguém nos ouve, devo confessar que este rapazinho há dezenas de anos é cliente porque ali sempre é muito bem tratado e cujo nome não divulga por razões óbvias e Marcelo foi mais uma vez e como sempre nos tem habituado, desconcertante…

Mal tendo entrado no restaurante, buscou com a vista a localização da cozinha e, descoberta ela, avançou sozinho por ali dentro onde deu com umas quantas travessas atulhadas de bons acepipes e, de imediato escolheu as… pataniscas de bacalhau onde logo botou a mão. 

Sendo pequenas miniaturas das ditas, tinha que ingerir umas quantas para melhor se aperceber da qualidade do produto, enquanto a atónita e surpreendida ajudante de cozinheira, de olhos esbugalhados com a cena que os seus olhos viam e sem reconhecer minimamente o intruso, corre para uma dependência contígua onde a cozinheira Dª Fernanda (nome fictício) temperava os cabritos para irem ao forno.

- Dª Fernanda, Dª Fernanda, entrou ali um homem pela cozinha dentro e está a comer as pataniscas!

Dª Fernanda larga de imediato o cabrito e os temperos e, apressada, avança para a cozinha preparada para desancar o intruso sujeito quando, transposto o vão da porta, dá de caras com o... Presidente da República de volta da travessa das suas pataniscas de bacalhau, acabadinhas de fritar…

Imagine-se como ficou a ver ali, em carne e osso na sua cozinha, o descontraído seu Presidente a mastigar e saborear os seus sempre bons acepipes... Imagine-se a cena e calcule-se o espanto da senhora!…

Mais uma de Marcelo!

Marcelo, sempre a surpreender-nos.

Desconcertante, este Marcelo!... 

NOTA FINAL - A situação descrita foi-me narrada pelo proprietário do restaurante, esposo da cozinheira.

(Foto retirada da net)

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

QUE O PEDRO DESCANSE EM PAZ!


Ter uma amiga vinda desde os tempos da juventude de ambos, que já não via há mais de 50 anos e que não reconheceria se não fosse referenciada por outrem e esse reencontro ocorrer por via da solidariedade e conforto de acompanhamento natural na dramática hora em que vê o seu filho, de 41 anos, vitima de um brutal acidente de viação ser cremado, é situação dramática, complicada e tristemente sentida hoje...

A Raquel, amiga de longa data, dolorosa e dramaticamente fica sem o seu adorado filho e, destroçada por tão brutal ocorrência, está profundamente abalada sendo que também o seu marido Matias não o está menos, embora me parecesse mais calmo e menos expressivo, certamente interiorizando tão dura provação.

Fui dar-lhes um sentido abraço e, embora com as palavras de circunstância, mil vezes repetidas por todos os muito amigos presentes, sendo elas as habituais, as sempre costumadas condolências e o incentivo à coragem e ao ânimo, no meu caso elas saíram franca e dolorosamente do meu coração, dos meus sentimentos, do meu ser.

Uma mãe e um pai verem partir um filho querido, robusto e saudável, deixando-os a eles, à esposa e a uma pequenina filha, sendo vitima indefesa da má conduta e excesso de velocidade de outrem, leviano, irresponsável e até mesmo criminoso, é muito, muito triste e profundamente revoltante.

Não há palavras para tamanha dor, sendo provação que ninguém deseja viver.

A vida, para quem fica continua, é verdade, mas nunca mais é a mesma...

Que a Raquel, o marido, a agora viúva e afinal também a pequena criancinha e os seus familiares, arranjem alento para se reerguerem da enorme dor que ora sentem!

Ao Pedro, que não conhecia pessoalmente mas que, sendo filho de quem era, só poderia ser uma excelente pessoa, os meus desejos e a minha esperança que descanse em paz!

terça-feira, 23 de outubro de 2018

A MINHA PESQUINHA, JOÃO BASUGA E JOSÉ SARAMAGO


ONDE SE FALA DE UMA OPORTUNIDADE PERDIDA...


Na época, nos anos das décadas 80 e 90 do século passado, eu pescava em pequenas represas de terras alentejanas com mais dois companheiros e tínhamos por hábito, depois de “animar” o estômago por volta do meio dia debaixo de uma azinheira, pinheiro ou sobreiro com a bucha que levávamos de casa, ou quando era mesmo confeccionada no local – e estou a lembrar-me de uma vez, ali para as bandas de Aviz, perto do Maranhão, de um bom bocado de alto toucinho assado nas brasas que o “velho Carvalho”, deixando a pesca um pouco mais cedo, já estava preparando debaixo de um frondosa azinheira quando ali cheguei e me deliciei com um suculento pedaço do dito toucinho assado, entalado numa boa fatia de fresco e alentejano pão que havíamos comprado à saída do forno numa padaria em Mora mal o dia nascia – tínhamos então por hábito, após a refeição, deslocarmo-nos à localidade mais perto para tomarmos café e ficar por ali mais um pouco aproveitando o fresco da casa e refrescando-nos com umas cervejinhas, protegendo-nos desta forma do imenso calor alentejano, tanto mais que os achigãs, com o Sol a pique, costumavam ficar inactivos.

Faziamos habitualmente sempre assim e isso acontecia tanto em Aviz, como em Pavia, Vimieiro ou Lavre.

E é exactamente sobre a nossa ida a esta última povoação que pretendo falar na minha crónica de hoje.

Frequentavamos habitualmente o “Café da Mariana” na rua principal da localidade, que liga a Estrada Nacional ao largo do Coreto e onde fica a Cooperativa, o posto da GNR, os correios e até a farmácia.

Era uma casa de duas salas de ambiente acolhedor e frequência simpática, encontrando ali quase sempre, invariavelmente, as mesma caras. Homens do campo, com alguma idade e por isso já reformados e livres da anterior árdua luta do trabalho rural.


Foi no “Café da Mariana” que conheci o homem de luto carregado, cuja imagem deixo aí acompanhado de uma sua filha, em foto que há dias teve a gentileza de me facultar 

De figura bem encorpada, vestindo luto da cabeça aos pés, de cara séria e voz pausada e ponderada com fisionomia e expressão algo triste que fazia adivinhar que algo de muito grave lhe havia ocorrido na vida… E, de facto, assim acontecera… Trágica e bruscamente, de acidente de viação, morrera-lhe um filho de pouco mais de 20 anos, um filho porque ansiara na idade fértil desde a 1ª à 6ª gravidez da esposa de que resultaram sempre meninas e que só surgiu ao 7º parto, podendo avaliar-se a alegria sentida na feliz ocasião. O sr. João – assim me disse que se chamava e assim era tratado – aspirava ter um filho e ele aconteceria à 7ª tentativa! Finalmente!…

Pode pois imaginar-se a dor sentida com a sua brusca partida… Pode pois sentir-se a sua imensa dor… Dor que o fez carregar o luto intenso desde essa triste hora até ao fim dos seus dias. Sentia-se na voz, na fisionomia e na postura do sr. João a dor que carregava. E é curioso como, de entre os diversos frequentadores do café, tendo praticamente sempre as mesmas caras por companhia, passados todos estes anos só me lembrar da do sr. João. Só a sua figura, a sua fisionomia, a sua voz, as sua postura, me ficou na memória.

As conversas que tivemos nas diversas vezes que nos encontramos eram ligeiras, despretensiosas e versavam situações do dia a dia das nossas vidas. O sr. João, para além da sua situação de reformado, falou-me do seu jeito e prazer em trabalhar a cortiça em artesanato e adquiri-lhe mesmo um conjunto de cochos, bem como um chapéu muito bonito e bem feito, peças que ainda hoje guardo numa parede da adega e de que aqui deixo foto e que, ao vê-los, sempre me faz recuar até aquela época, às pescarias, os bons momentos vividos e às agradáveis conversas tidas com o sr. João, no Lavre.

E, Lavre foi a localidade onde José Saramago se instalou para ali conhecer a realidade político-económico-social do Alentejo, dos latifúndios e dos trabalhadores rurais antes do 25 de Abril, com o seu sofrimento, as suas lutas e afinal as suas vidas para, a partir desses conhecimentos e dessa experiência e vivência, escrever Levantado do Chão, romance fundamental, trave principal na sua obra, no dizer dos entendidos, que lhe valeu o Nobel de Literatura.

Mas volto à minha pesquinha dizendo que, a partir de determinada data se alterou porque deixei de pescar com os anteriores companheiros, tanto mais que um, o velho amigo Carvalho, haveria de ver chegar a sua hora de partir deste mundo e passei a fazê-la sozinho numa herdade igualmente junto a Lavre, cujo proprietário fez o favor de ali me deixar praticar o meu desporto favorito.

E é de uma conversa com o Encarregado da propriedade, com quem falava amiudadas vezes, que dou início ao final desta minha crónica, dando conta do enorme espanto sentido com uma revelação vinda desse meu interlocutor.

Eu tinha acompanhado nos jornais e na net uma polémica em que entravam pessoas de Lavre, resultante da exclusão das edições seguintes de uma dedicatória a várias pessoas da localidade incluida por Saramago na 1ª edição de Levantado do Chão em que, segundo o escritor dizia expressamente “sem eles não teria sido escrito este livro”, confissão que era antecedida da referência a diversos seus amigos da povoação, onde escrevia: “À Isabel, sempre (alusão a Isabel da Nóbrega, sua 1ª esposa). A João Domingos Serra e João Basuga, e também a Mariana Basuga, Elvira Basuga, Herculano António Redondo, António Joaquim Cabecinha,” etc, etc e, terminava então: “sem eles não teria sido escrito este livro.”. Era desta polémica nascida da inclusão da dedicatória na 1ª edição do livro e na sua exclusão nas edições seguintes que conversava com Pedro Rita, o Encarregado da Herdade quando ele, subitamente e para meu enorme espanto, me diz: 

- Pois, e esse sr. João, com quem o amigo falava no “Café da Mariana” e que entretanto já faleceu, era exactamente o João Basuga, da dedicatória do livro.

Eu abri a boca de espanto, assim como de quem não está a ouvir bem e, incrédulo, perguntei:

- Hem? O quê? O sr. João, era o João Basuga?

- Sim! - responde-me o amigo Pedro e acrescenta, para ainda meu maior espanto:

- Foi ele que, com a sua família, deram hospedagem a José Saramago enquanto ele por aqui esteve.

Eu não queria acreditar. Não queria, não... Tinha estado e conversado diversas vezes com o homem que hospedou durante meses Saramago e, falando então de coisas ligeiras, tinha perdido a grande oportunidade de mais saber sobre a pessoa e a personalidade do nosso único Nobel... Logo dele que, num outro seu escrito que por aí encontrei, confessava que “João Basuga é um amigo do coração!”.

Um “amigo do coração” de José Saramago e eu nada conversei com ele sobre o escritor...

E a verdade é que não me perdoo por esta oportunidade perdida se bem que na realidade eu jamais pudesse imaginar que estava na presença de alguém que tão útil e importante fora a Saramago para que vencesse o 1º Prémio Nobel de Literatura português.

Quanta pena sinto hoje!...

Que João Basuga para sempre descanse em paz!

NOTA FINAL – Fica aqui a minha surpresa e o meu lamento por, nas recentes comemorações ocorridas em Lisboa (onde Saramago viveu) e Azinhaga (onde nasceu e brincou nos primeiros anos de criança) presididas pelo Presidente da República e pelo Primeiro-Ministro, assinalando a passagem do 20º aniversário da atribuição do Prémio Nobel a José Saramago, tenham esquecido Lavre, João Basuga e demais gente que tanto o acarinhou e lhe deu os muitos e valiosos conhecimentos que serviram de precioso e único alicerce à sua premiada obra Levantado do Chão. Lavre e suas gentes foram esquecidas e não mereciam.

sábado, 20 de outubro de 2018

SALGADEIRA - O "FRIGORÍFICO" DE ENTÃO...


A Salgadeira, o "frigorífico" dos nossos antepassados e certamente também ainda do nosso tempo de crianças no meu velhinho Chouto natal, sem luz electrica e por isso sem os modernos e eficientes frigoríficos que hoje nos são tão familiares e imprescindíveis.

Todavia, quanto saborosa era a carne saída da Salgadeira, de peças das diversas partes do porquinho que nossos pais então alimentavam e faziam crescer dia a dia, não com farinhas de duvidosa fabricação, mas com os restos da nossas refeições e com as couves, os nabos e demais hortaliças saídas da hortinha cultivada nas parcas horas vagas que o árduo trabalho braçal nos campos, nas searas e nos montes e vales da minha terra permitiam...

No saber de hoje, de quem estudou e conhece, o sal, quando em excesso prejudica a saúde mas, mas a carninha era tão saborosa!... Tão boa!... Tão apetitosa!...

E como os bons anos desse tempo se foram!... E como tudo correu tão rápido!...

E os enchidos, feitinhos no fumeiro da nossa velhinha lareira? Parece que foi ontem que saboreava e me deliciava com a inesquecível morcela de arroz... E a deliciosa farinheira?

E o chouriço? Parece que foi ontem que lanchava o pedaço de pão caseiro acompanhado do impecável e único - único! - chouriço que se fabricava no Chouto e terras vizinhas e que não mais encontro por mais que procure?...

E a Cachola, feita dos rins, do fígado e dos bofes do porquinho acabado de matar, saboreada logo, logo no almoço do dia da matança e também guardada na banha em potes de barro, sendo depois consumida pelo ano adiante?...

Danada de saudade!...

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

HÁ UM ANO, A GRANDE AFLIÇÃO...


Aqui há distância, a 300 kms daquele inferno, foi uma noite em claro de sofrimento e de ansiedade ainda maior por não vermos e sentirmos in-loco tamanho drama e a aflição foi muito, muito grande. E enquanto não nasceu o dia 16 de Outubro e a claridade não surgiu para que os presentes no local pudessem avaliar os estragos e nos transmitissem essas notícias, foi uma angustia imensa.

Felizmente, aparte a destruição pelas chamas de uma casa desabitada e abandonada, nada mais de significativo a aldeia sofreu mas isto graças aos meia dúzia de corajosos rapazes seus habitantes que enfrentaram o perigo e corajosamente conseguiram conter as chamas até à beirinha do povoado, tendo em alguns casos o fogo beijado algumas habitações localizadas nos extremos da aldeia.

Mas não deu para o imenso susto e se nos lembrarmos que ali pertinho, na Serra do Caramulo, talvez a menos de 3 ou 4 kms em linha recta, arderam povoados inteiros e morreram vários dos seus habitantes e, a pouco menos de uma dezena de kms, ardeu quase toda a grande zona industrial de Oliveira de Frades, com prejuízos incalculáveis, temos de sentir um grande alívio pelas menores consequências que sentimos nesta terrível tragédia.

Passado um ano a Natureza já renovou um pouquinho os montes e vales silvestres e os terrenos cultiváveis mas irá demorar dezenas de anos até que tudo volte à beleza natural da zona que antes da tragédia estas terras apresentavam.

Enfim, deixo a foto aqui publicada faz agora um ano tirada de uma povoação vizinha em frente de Crescido com a legenda no Facebook “Crescido a arder” e não me apetece recordar mais tamanha ansiedade, tamanha dor e tamanho sofrimento daquelas horas.

E que tão terrível inferno jamais se repita!...

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

HÁ 51 ANOS, A GUERRA!


Pois é!... Pois é!… Já lá vão 51 anitos que este rapazinho – era mesmo um rapazinho, confesso, não obstante os quase 23 de idade… - foi metido num barco (Paquete Niassa) e enviado para a distante e desconhecida Angola para combater  e tentar não morrer numa guerra sem nexo e sem proveito. Coisas dos homens e suas ganâncias…

Nos últimos anos tem sido meu hábito escrever aqui sobre as emoções sentidas na época e as interpretações conhecidas hoje e, afinal, como as mesmas são iguais às do ano passado vou fazer hoje o então chamado na imprensa de “tesoura e cola” e limito-me a copiar para aqui o já escrito em 2017. O tempo passou mas a emoções e os sentimentos são os mesmos e evito de me repetir.


Que leia quem tiver tempo e… pachorra...


"Não vou dizer, como é habitual, que “parece que foi ontem” porque, na realidade, não parece isso mas, também constatar que já passaram 50 anos sobre a minha partida para a guerra colonial, na verdade também me deixa a pensar como o tempo voa…

Foi no dia 11 de Outubro de 1967 que, embarcando no paquete Niassa, este rapaz, ingénuo e purinho, verdinho, verdinho para enfrentar uma guerra de guerrilha daquelas, avançou com mais uns milhares de outros igualmente ingénuos e impreparados rapazes na flor da idade e que, qual “carne para canhão”, tiveram de deixar pais, irmãos, namoradas e, quando não, noivas, esposas e filhos e, forçados, verem-se envolvidos em problemas tamanhos de sobrevivência radical e… mortal.

No meu caso particular, anjinho e terrivelmente impreparado, não obstante os cursos intensivos recebidos na “recruta” e depois na “especialidade” e depois transmitidos aos soldados aquando da formação do batalhão, embarquei a 11/10 e, dois meses e meio depois, lá bem no “cu de judas”, no distante e inóspito Leste de Angola, já estava a “ouvi-las” num violento ataque ao aquartelamento onde estava instalado chefiando uma curta secção de 10 homens. Valeu-nos os fuzileiros, tropa muito especializada e experiente que igualmente ali estava instalada por nos encontramos muito junto ao Rio Zambeze que eles patrulhavam muito assiduamente.

No dia 25 de Dezembro, dia de Natal, pelas 20 horas, já noite serrada, vinha a pé para as nossas instalações na companhia de um fuzileiro desde a mercearia de um branco ali estabelecido, onde tínhamos bebido umas cervejinhas quando, subitamente, o ataque foi desencadeado ali a 20, 30 metros de nós. As primeiras vinham terrivelmente ajustadas e só não nos atingiram por enorme sorte. Mas o fuzo ficou apenas com o gargalo da garrafa de bagaço que trazia na mão… Eu não fui molestado felizmente e, depois das primeiras balas bem ajustadas e como eram tracejantes, lembro-me bem de as ver passar por cima em grande quantidade que nem estrelas cadentes…

Depois, bem, depois foram mais dois anos de sacrifícios, sustos medos, fome e sede – onde não faltou outro ataque inimigo, igualmente sem consequências de maior naquelas terras, naqueles mundos que nada nos diziam e que nos eram tão adversos.

Mas felizmente regressei inteirinho e, como bem sabemos, muitos milhares de jovens, como eu forçados a lutarem e a defenderem as suas vidas, não tiveram essa sorte e perderam o melhor deles próprios, as suas jovens e promissoras vidas.

E, face ao posteriormente ocorrido, não podemos deixar de nos interrogar: e para quê? 

Para quê?..."

(Deixo as imagens do local onde sofri o “baptismo de fogo”, mapa de parte de Angola onde se vê a localização de Chilombo, pequeno lugarejo onde se deu a ocorrência e um rascunho do Relatório do ataque que fiz ao Comando.)