Pois é!... Pois é!… Já lá vão 51 anitos que este rapazinho – era mesmo um rapazinho, confesso, não obstante os quase 23 de idade… - foi metido num barco (Paquete Niassa) e enviado para a distante e desconhecida Angola para combater e tentar não morrer numa guerra sem nexo e sem proveito. Coisas dos homens e suas ganâncias…
Nos últimos anos tem sido meu hábito escrever aqui sobre as emoções sentidas na época e as interpretações conhecidas hoje e, afinal, como as mesmas são iguais às do ano passado vou fazer hoje o então chamado na imprensa de “tesoura e cola” e limito-me a copiar para aqui o já escrito em 2017. O tempo passou mas a emoções e os sentimentos são os mesmos e evito de me repetir.
Que leia quem tiver tempo e… pachorra...
"Não vou dizer, como é habitual, que “parece que foi ontem” porque, na realidade, não parece isso mas, também constatar que já passaram 50 anos sobre a minha partida para a guerra colonial, na verdade também me deixa a pensar como o tempo voa…

Foi no dia 11 de Outubro de 1967 que, embarcando no paquete Niassa, este rapaz, ingénuo e purinho, verdinho, verdinho para enfrentar uma guerra de guerrilha daquelas, avançou com mais uns milhares de outros igualmente ingénuos e impreparados rapazes na flor da idade e que, qual “carne para canhão”, tiveram de deixar pais, irmãos, namoradas e, quando não, noivas, esposas e filhos e, forçados, verem-se envolvidos em problemas tamanhos de sobrevivência radical e… mortal.



Mas felizmente regressei inteirinho e, como bem sabemos, muitos milhares de jovens, como eu forçados a lutarem e a defenderem as suas vidas, não tiveram essa sorte e perderam o melhor deles próprios, as suas jovens e promissoras vidas.
E, face ao posteriormente ocorrido, não podemos deixar de nos interrogar: e para quê?
Para quê?..."
(Deixo as imagens do local onde sofri o “baptismo de fogo”, mapa de parte de Angola onde se vê a localização de Chilombo, pequeno lugarejo onde se deu a ocorrência e um rascunho do Relatório do ataque que fiz ao Comando.)
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