quinta-feira, 27 de abril de 2017

ACHIGÃ - NO REINO DA "BAGUNÇA"...


Chegou-me na semana anterior à Páscoa a notícia/boato de que este ano não tínhamos Defeso na pesca e, em boa verdade, a informação não me surpreendeu em absoluto porque lembrei-me de uma ou outra nota que fui lendo aqui na net e em revista da especialidade mas importava confirmá-la, né?

E aí começou a “bagunça”… Contactei sabedores do mundo da pesca desportiva que me garantiram que não havia qualquer alteração e que por isso o Defeso se mantinha; contactei amigos em que uns diziam “sim”, outros “não” e outros que de nada sabiam; mandei e-mail para o ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas) que “manda” no assunto e, daí, ainda estou esperando uma resposta e, por fim, telefonei para a autoridade (GNR) que fiscaliza a pesca de águas interiores e que confirmaram que faltava regulamentação necessária para manter o Defeso e que assim eu podia pescar.

Foi perante esta “bagunça” – em que se fala inclusive em futuras coimas para quem libertar o que pesca, porque se pretende exterminar e dizimar os achigãs, as carpas e mais uns quantos predadores, numa intenção que é em absoluto contrária do que temos tido até aqui… - mas, fazendo fé na informação dada pela GNR, que mandei o Defeso às urtigas e parti para me divertir no meu desporto preferido.

Aconteceu na passada segunda-feira, dia 24 e fui exactamente para o mesmo local onde, em Julho de 2013 "atasquei” na areia a “carroça” e onde jamais tinha ferrado um “bichinho”. Água difícil aquela e bichos esquisitos aqueles… 

De manhã cedo estive na represa onde antes bastante me tenho divertido mas, a pobre, segundo me informaram, dias antes tinha sido visitada por uns quantos sabedores do fim do Defeso “a tempo e horas” e que “limparam” uns quantos bons exemplares e, de onde se tira e não põe… falta.

Parti então para ver como estava a “tal” onde me tinha “encravado” e, surpresa das surpresas, logo à chegada ferrei um bom peixinho que, pesado, atingiu o bonito total de 1,3 kgs. Fotografado que foi, porque o merecia e como já passava do meio-dia, parti para o almoço bem disposto, como é bom de imaginar.

Venho de almoçar e, logo, logo de novo nos primeiros lançamentos, outro! Outro “menino” igual ao da manhã e que, pesado, atingiu o mesmo 1,3 kgs. Foi também fotografado e, animado, voltei à minha “trabalheira” que prometia…

Prometia mas… falhou. Um, dois, três, muitos lançamentos aqui e mais ali; mudança de amostras, técnicas diferentes e, nada, nada de nada.

Eram quatro da tarde, estava um calor “abafado”, assim como que a anunciar trovoadas e… já chegava. Dois bonitos achigãs e estava satisfeito. Arrumei a tralha e regressei a casa.

Mas regressei super-satisfeito, como é bem de supor! Não é todos os dias, nos tempos que correm, que se fazem pescarias assim.

Veremos se será um bom augúrio para o tempos seguintes…

Deixo aí uma brincadeira que compus no Photoshop com os dois “meninos”, para publicação no meu site e para mostrar aos amigos e também duas imagens retiradas do “Expresso” de 22 deste mês onde constatamos que os “entendidos” querem mesmo acabar com os achigãs. Nem me apetece comentar mais por agora tamanha imbecilidade...


quinta-feira, 20 de abril de 2017

O RAPAZ TEM "QUEDA"!...


Chegado de uma viagem de 300 kms, no regresso de férias da Beira Alta
e "papadinho" o almoço retemperador, o nosso Rafael, meu neto de 11 anos
incompletos, a frequentar o 5º ano de escolaridade, abordou-me pedindo
uma folha de papel "com linhas", dizendo que ia fazer uma "composição".

Sentou-se à mesa na sala e, pouco depois, tinha o trabalho concluído.

Li, reli e, de "boca aberta", pasmei!...

Sabia do seu jeitinho para a escrita mas desconhecia tanta habilidade e tamanha criatividade!...

Na forja um futuro escritor?

Quem sabe?

Seria liiiindo!

(Fica aí a sua "composição. Para que conste!...)

sexta-feira, 7 de abril de 2017

1967 - LESTE DE ANGOLA - VICISSITUDES DE UMA GUERRA (FORÇADA)... (2)

Quando o abastecimento por coluna terrestre ou avião Noratlas tardava, a tropa destacada naquele “fim de mundo” recebia a visita de uma pequena aeronave que lhe levava o sempre ansiado e saudado correio da distante família, da querida namorada ou do amigo ausente.

Era dia de festa – de grande festa! – e “todo o mundo” se juntava à porta da secretaria, onde o grande saco azul escuro era aberto, cada qual aguardando com viva ansiedade ouvir chamar pelo seu nome uma, duas, três e mais vezes para receber outras tantas cartinhas ou os aerogramas (“bate-estradas”, como lhes chamávamos) com notícias dos ente queridos no tão distante “puto”, como era então denominado pela tropa o pequeno rectângulo português na Europa.

Quem recebia uma correspondência ficava feliz – e se fossem 3 ou 4, isso nem se fala… Ficava eufórico! – mas, quem nada recebia, sentia na verdade uma grande tristeza. Virava costas, triste, desalentado e melancólico… “Danada de vida”, praguejava… Coisa que logo passava – tinha de passar!... – indo ao bar mamando rapidamente uma Cuca ou uma Nocal fresquinha. Uma, quando não duas!...

Era assim a vida de um jovem militar no muito distante e inóspito leste angolano quando tentava matar saudades dos seus e da vida na aldeia, na vila ou na cidade que deixara para trás forçado e contrariado. E assim se perderam mais de 2 anos de juventude…

Sem proveito e sem utilidade…

E eu voltei… E estou aqui para contar. Outros, infelizmente, não…

(Na 1ª foto, de minha autoria, vemos o pequenino aeroplano que naquele dia nos deixava o correio (o saco, levado na direcção da secretaria, segue aí à esquerda ás costas de um militar) e, na 2ª foto, deixo a imagem dos então famosos aerogramas, um excelente meio de comunicação que o governo criou na altura para que os militares e seus familiares comunicassem por escrito sem despesas. Os aerogramas eram distribuídos gratuitamente e seguiam sem custos.)


quinta-feira, 6 de abril de 2017

1967 LESTE DE ANGOLA - VICISSITUDES DE UMA GUERRA (FORÇADA)... (1)


Numa das fotos imagem de parte das viaturas de transporte dos militares, no total de cerca de 400, do meu Batalhão de Artilharia que, idos de Vila Teixeira de Sousa e depois de um dia de viagem por picada em péssimo estado, chegaram ao Cazombo (Leste de Angola) para iniciarem a sua Comissão de Serviço – como então airosamente se chamava à guerra forçada… - de 2 anos de árdua e arriscada vida.



Esclareço que a viagem Luanda / Cazombo / Lumbala (onde a minha Companhia ficou instalada), demorou 5 dias (!), tendo o trajecto sido percorrido desta forma: Luanda/Nova Lisboa, 1 dia de camioneta; Nova Lisboa/Teixeira de Sousa, 2 dias de comboio; Teixeira de Sousa/Cazombo, 1 dia de camioneta; Cazombo/Lumbala, 1 dia de camioneta.

Em Lumbala o abastecimento era esporadicamente feito por camionetas e camiões integradas e protegidas por forte coluna militar e, mais regularmente, por avião Noratlas (na outra foto na pista térrea de Lumbala) que nos levava mantimentos mais frescos (ou menos velhos e degradados…). ( A “talhe de foice” devo acrescentar que, em Lumbala, a rapaziada de 20 e poucos anos de idade, só via uma – uma! – mulher branca!... A esposa – muito magrinha! - do Chefe de Posto, autoridade civil portuguesa naquele “fim do mundo”.)

Vendo hoje estas imagens, recordando e sentindo na pele, como senti, tais condições e tal sacrifício, interrogo-me se teríamos agora em Portugal um militar – um só, que fosse! - que estivesse disposto a sujeitar-se a tais condições, a tais sacrifícios e… a tal risco de vida!?...