domingo, 27 de maio de 2018

COM ARMANDO JORGE, NUMA VIAGEM RECONFORTANTE


Ontem um dia particularmente interessante vivido na companhia do velho amigo Armando Jorge que foi apresentar o seu livro, para o concelho da Chamusca, na vizinha Ulme.

Apanhei-o na sua residência na Ramada (Odivelas), passamos pelo Parque da Nações para a tomada de um seu ex-colega de trabalho que nos quis acompanhar e rumámos ao nosso objectivo por volta das onze da matina. Paramos na Parreira para “animarmos” os estômagos e depois avançamos primeiro e por minha sugestão e insistência para o nosso Chouto onde lhe proporcionei uma pequena e rápida passagem em curta visita e que vi que de certa forma o emocionou, sobretudo quando estivemos junto da sua antiga residência e da antiga Escola Primária onde ele tirou/tiramos a antiga 4ª Classe. Ainda que bastante jovem, o meu amigo ali passou momentos difíceis de caracter familiar. Difíceis e complicados mas que, todavia, com inteligência, querer e tempo, foram felizmente ultrapassados.
 
Feita a rápida passagem pela nossa aldeia seguimos para Ulme e ali, como boa presença de amigos e público em geral, decorreu então a anunciada apresentação do livro do meu amigo.

Declinei reconhecido e grato os convites tanto dele com insistência, como do Presidente da Junta de Freguesia local para que ocupasse um lugar na mesa e dissesse algo sobre o Armando e sua obra porque entendia que tínhamos ali pessoas bem mais avalisadas e capazes de o fazer e sentei-me gostosamente na “plateia”, tendo o gratificante prazer de ter por companheiros os velhos amigos Joaquim Garrido, Presidente da Assembleia Municipal da Chamusca, Sérgio Carrinho, ex- Presidente da Câmara Municipal da Chamusca e o Dr. Jaime Marques, igualmente meu amigo de longa data.


A sessão decorreu lindamente – deixo duas imagens do momento -, as pessoas presentes gostaram e manifestaram largo interesse em possuir a obra. E até uma nuvem bem negra e pesada de uma trovoada que ia anunciando a sua chegada e consequente descarga, foi atrasando a sua presença deixando que a cerimónia terminasse…

No meu caso pessoal gostei sobretudo do contacto/convívio com várias pessoas que não via há muitos anos, desde os tempos em que frequentava Ulme diariamente e que agora tive alguma dificuldade em reconhecer mas que se me dirigiram de forma super-agradável e até mesmo muito amiga e carinhosa.

Em suma: um dia belo, de excelentes companhias, com momentos/horas de belo e gratificante convívio em que nem faltou a surpreendente cena de receber o bem particular cumprimento de um naquele instante desconhecido amigo, que a mim se dirigiu desta forma: “Olá, padrinho!”. E, perante a minha lógica surpresa, tive a resposta:”Foi meu padrinho do Crisma! E tenho mesmo uma foto consigo que lhe vou oferecer.”

Foi coisa que aconteceu, imagine-se… pelo meio da década de 60 do século passado…

Pois é: estou velho!

E… não há volta a dar…

terça-feira, 1 de maio de 2018

A CARRINHA DA GULBENKIAN


Foi a 1 de Maio de 1964 que publiquei no semanário “Correio do Ribatejo”, integrado na habitual correspondência do Chouto, a sugestão/pedido à Fundação Calouste Gulbenkian para que a sua Biblioteca Itinerante, que já visitava a vizinha localidade de Ulme, o passasse também a fazer à minha terra e, depois disso e porque a resposta à solicitação não chegou, houve insistência com correspondência trocada e, como resultado dessas diligências, aconteceu finalmente a aceitação por parte da Fundação que acabou por acolher o pedido. 

Era um serviço muito valioso de apoio literário às populações dos mais recônditos lugares de Portugal e, através dele, muitos e muitos jovens portugueses ganharam hábitos de leitura que lhe foram muito agradáveis e úteis pela vida fora.


Assim foi, ou no mínimo poderia e deveria ter sido no meu Chouto natal, não fora a inteligência da senhora professora à época leccionando na Escola Primária da aldeia…

A carrinha/biblioteca nº 134, que estacionava mensalmente durante uma hora frente à sede da Junta de Freguesia, visitou a povoação durante vários anos – deixo aí a imagem do meu cartão de leitor nº 164, de 1968 – sempre com boa frequência para um meio que não tinha propriamente hábitos de leitura mas, a dada altura, a mestre-escola, com o argumento que os alunos tinham interesse e liam “outros livros” que não os escolares, proibiu os seus alunos de frequentarem e requisitarem livros na Biblioteca Itinerante. E aconteceu o inevitável: a frequência à carrinha diminuiu drasticamente e a requisição de livros, como seria de calcular, ressentiu-se. Então, aí talvez por volta de 1974, os seus responsáveis entenderam que, dada a fraca adesão de pessoas à Biblioteca, não se justificava a sua deslocação à minha aldeia e… terminou o bonito e útil serviço de apoio cultural à população choutense.

E foi assim...

Com muita pena de vários frequentadores – meu pai, por exemplo, tinha sempre em casa e lia imensos livros requisitados na carrinha – e grande desalento de minha parte, que havia lançado e acarinhado o bonito projecto.

Coisas…

(EM TEMPO - Foto de Biblioteca Itinerante retirada da internet.)