terça-feira, 28 de dezembro de 2010

COMENDADOR E SENHOR !


Recordo-me de ver amiudadas vezes Artur Agostinho nos finais da década de 50, na zona dos camarotes do antigo Estádio José de Alvalade quando ele, já jornalista relator famoso, aos microfones da então Emissora Nacional nos deliciava com os seus relatos de um entusiasmo, isenção e paixão particularmente impressionantes.
 
Eu era então um rapazito de frequentava com muito à-vontade não só aquela zona como todo o estádio, inclusive o relvado, por via do ”livre trânsito” que correspondia ás funções de director do meu padrinho de baptismo e recordo-me que olhava para Artur Agostinho com particular admiração.

Depois disso acompanhei como todos os portugueses as sua imensa e magnifica actividade não só na rádio, como nos jornais, no cinema, na publicidade e na televisão e recordo-me como, em reportagem sobre o terramoto em Agadir, deixava os ouvintes agarrados aos aparelhos a ouvir as suas empolgadas reportagens. Um verdadeiro espanto! Algo de fantástico e inolvidável! 

Tendo completado no passado dia de Natal os seus 90 anos de vida, Artur Agostinho viu hoje o Presidente da Republica Cavaco Silva atribuir-lhe a bonita Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada numa cerimónia muito expressiva, bem gratificante e muito justa!

Associo-me a esta belíssima homenagem e desejo a Artur Agostinho saúde e forças para prosseguir a sua magnífica carreira e a sua exemplar vida de jornalista, chefe de família e homem! 

Um exemplo! 

Um senhor!

sábado, 18 de dezembro de 2010

TI ROSA MARIA - 90 ANOS!


Vinda do mini-mercado encontrei-a na rua, de saco de rações á cabeça e, de chofre, perguntei-lhe:
- Posso tirar-lhe um retrato?
- Para quê? – respondeu, sorridente.
- Gostava de ficar com uma foto sua… – acrescentei…
- Quem é você? – quis saber.
Surpreendido, perguntei-lhe:
- Não me conhece?
- Não! Quer isso para pôr onde?...Como se

chama aquilo? (Fazia alusão a um filme que o Raul Caldeira, da Chamusca, em Outubro captou no telemóvel com Ti Rosa a entoar uma pequena canção dos seus tempos e que depois publicou na net…)
- Internet. Chama-se internet. - Digo-lhe, ao que me responde:
- Pois. “Sê” lá o que é…


Não me reconheceu de imediato mas, na verdade conhece-me desde criança e, á minha observação: “Tem um filho da minha idade…” , pondera uns breves instantes e pergunta:
- É filho do sr. Zé Azevedo, que Deus tem?...
- Afinal, sabe quem sou… - respondi.
- Estive aqui a pensar…
- A senhora está com 90 anos!
- Estou! Estou! – respondeu, segura!

Aconteceu há pouco no Chouto, minha aldeia natal, eram cinco da tarde, com uma temperatura gélida e um vento cortante que a todos afastava da rua.


Tia Rosa Maria Vital, de 90 anos (noventa anos!) necessitava de rações para os pintos e veio comprá-las ao mini- mercado, no outro extremo da aldeia, assim mesmo, sem preocupações maiores de agasalhos, como a foto documenta. Ligeira, despreocupada, nada constrangida pelas contingências climatéricas do dia.

Conversamos mais um pouquinho e lá partiu de saco á cabeça, hirta, direita, de passos curtos mas ligeiros, magnificamente ligeiros para os seus difíceis 90 anos de vida, dura e sofrida nas lides agrícolas e de dona de casa, marido boieiro de profissão e três filhos nascidos e criados.

Entrei para o carro de regresso a Lisboa e comprovei a temperatura exterior: Uns gélidos 6º (Seis graus!)!


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

HÁ 41 ANOS, UM DIA FELIZ!

Aconteceu exactamente há 41 anos, no dia 7 de Dezembro de 1969 e, forçosamente, terei sempre que recordar esta data que acabou por constituir uma das mais felizes da minha vida! 

Nesse dia embarquei em Luanda no paquete Império, iniciando a viagem de regresso a casa depois de ter terminado a minha participação na Guerra de Angola e, na véspera, tive o cuidado de fotografar o “bichinho” atracado ao cais esperando pelos pobres coitados que tinham sido obrigados durante mais de dois anos a dar, a perder e a arriscar as suas vidas em prol de uma causa que veio a verificar-se absolutamente perdida…

Fica a foto do paquete Império atracado no cais do porto de Luanda para me transportar durante uns dias até Lisboa, naqueles que seriam, seguramente, dos dias mais felizes da minha vida.