sábado, 27 de outubro de 2007

CATALINA E A CASA PIA


Quando há três e duas semanas o semanário Sol publicou, assim dividida, uma muito importante entrevista com Catalina Pestana, Ex-Provedora da Casa Pia, onde a senhora chama os bois pelos nomes e denuncia factos e situações com uma coragem verdadeiramente espantosa, interroguei-me sobre o que se iria seguir depois de tantas e tantas afirmações graves ali proferidas, feitas por quem sabe do que fala e que por isso teriam e deveriam forçosamente de ser investigadas.

Pensei então: E agora? O que se vai passar?

Achei que só teríamos duas saídas possíveis: Ou Catalina era processada ou os atingidos ali pela suas palavras optariam por fazer que não tinham lido e tentariam que a entrevista fosse esquecida.

Foi mesmo a última hipótese que aconteceu, pelo menos até agora... Passaram 3 e 2 semanas e tudo e todos, políticos, figuras públicas e juristas ali profundamente atingidos, estão caladinhos que nem ratos.

Catalina, compreensivelmente indignada com o evoluir do famoso processo Casa Pia, - que o Zé da Rua, desde a 1ª hora, sempre disse que vai ficar em “águas de bacalhau” – tentou reavivar tal processo mas, qual quê?... Tudo se conjuga para que fiquem impunes os pedófilos que abusaram sexualmente de pobres e indefesas crianças.

É o país, os políticos e a justiça que temos mas não posso deixar de aplaudir a postura, a indignação e a coragem desta mulher que, ali, publicamente, não se encolhe e dá nome, - trata-os pelo nome! - e vai mesmo ao ponto de afirmar que o julgamento se prolonga para que os seus amigos políticos tivessem tempo de fabricar as leis que haviam de aliviar e quase ilibar tudo e todos.

Um aplauso para esta mulher, valente e corajosa!

Mais que muitos homens!


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A JUSTIÇA QUE TEMOS

Uma desgraçada qualquer, mãe de uma criança de dois anos e meio, deu-lhe um pontapé (coisa que confessou) e a bebé morreu em consequência disso e dos maus tratos.

Agora o tribunal julgou-a e, sabiamente, aplicou-lhe a pena de... 7 anos de cadeia.

Vá lá, vá lá, que ainda “leva” 7 anos...

Porque não a absolveram?

A Justiça que temos...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O RAFA JÁ CAMINHA !


Ontem, estava eu muito despreocupado na sala observando umas gravações no telemóvel enquanto o meu jovem amigo, a meus pés, na carpete, palrando e gritando (coisa que, segundo a avó, aprendeu no jardim com os mais velhos...) e se entretinha com os brinquedos e eis que, sem se manifestar, o rapaz, numa cena super surpreendente para mim, se levanta e... tique, tique, tique, começa a caminhar sem qualquer apoio aqui ou ali e, apontando para a porta da sala, para ali se dirige e passa-a na direcção do hall de entrada da casa. Eu, entre espantado e meio aparvalhado com a surpresa e com o telemóvel por mero acaso na mão, parvo com a cena, cliquei de imediato e tratei de gravar aquele momento que bastas vezes imaginei e aspirei poder registar.

Antes o Rafa dava uns passos mas, para isso, tinha de ser incentivado. Agora, ali, isso não acontecia... O menino levantava-se e seguia em frente, tateando o piso aqui e ali, por causa das diversas carpetes que encontrava pelo caminho mas, sempre andando, numa atitude que deveras me surpreendia e que, com muita felicidade minha podia guardar no vídeo do telemóvel.

Então, se para nós aconteceu o Rafael ter começado a andar no passado dia 5, como aqui registei com muita alegria, a verdade é que ontem foi o dia em que, para mim, o meu neto começou a... caminhar!

O menino vinha demonstrando algum receio em andar e fomos levados a supor que tinha sentido algum grande susto mas, agora, tudo parece fazer crer que esse receio já lá vai... O gajo levantou-se, iniciou a sua caminhada e dirigiu-se ao quarto da Joana onde costuma dormir a sesta. Fiquei espantado! Entusiasmado! Emocionado!

Coisa bem interessante e belíssima que muito apreciei e que aqui deixo registada para a posteridade!

Primeiro, uma foto do belíssimo momento que ontem vivi e que não vou esquecer e depois o filme que realizei com o telemóvel.





sábado, 13 de outubro de 2007

MEDICINA E SEU CORPORATIVISMO

Hoje mais um testemunho que me chocou e que custaria a crer como verdadeiro, não fosse a autenticidade do testemunho...

Na minha aldeia natal (Chouto - Chamusca) a uma escassa centena de kms de Lisboa, os meus conterrâneos ali residentes continuam a fazer enormes vigílias para conseguir uma consulta para o médico!...

Contou-me o meu velho amigo Rui Freitas, septuagenário ali morador de sempre, que esta semana foi ganhar vez às 9 da noite e ficou à porta do posto médico até às cinco da manhã do dia seguinte, hora em que a sua “patroa” surgiu para ali ocupar o seu lugar até que abrissem as consultas e assim pudesse marcar a sua necessária visita ao médico.

Isto a 100 Kms de Lisboa, no ano da graça de 2007 e depois de carradas de anos passados sobre a Joana, minha filha, ter chorado a bom chorar por, por umas escassas décimas não ter conseguido entrar para Medicina, como era a sua aspiração e ser forçada a optar por outro curso - ainda que num ramo idêntico, mas pago e bem pago! - e ainda da Filipa, minha sobrinha, também por escassas décimas, ter adiado em três anos (três anos!) a sua entrada em Medicina e depois de ter tentado nesse prazo o ingresso em Espanha sem sucesso.

Agora, finalmente, vem o Ministro da Saúde publicamente reconhecer que há falta de médicos – onde andou este homem estes anos todos que não deu por isso, é coisa que desconheço... – e informar que vai alargar em mais umas centenas as candidaturas anuais a Medicina e, numa submissão e numa clara manifestação de corporativismo, que me revolta e repugna, publicamente referir que espera que, os da classe e a própria classe discordante desta opção a entenda e reconheça que é absolutamente necessária.

Só faltou dizer e reconhecer publicamente que há largos anos não temos mais médicos formados porque a respectiva classe assim não o quis.

Uma vergonha!...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

HÁ 40 ANOS, A GUERRA!


E, por muito incrível que isso me possa parecer, a verdade é que hoje completam-se exactamente 40 (quarenta!!!) anos, sobre a data – a tão distante e saudosa data!... – em que embarquei no paquete Niassa para Angola, mobilizado para aí combater na guerra.

Tinha então uns verdinhos 22 anos e, já com 1 ano de meio de tropa, aqui, no que ao que então chamava-mos Metrópole, avancei para Angola onde permaneci mais 26 meses! Tudo somado, foram quase 4 anos de tropa e, logicamente de perda de tempo na vidinha cá do” je”. Mas, como sabemos, na data era assim: Ou se seguia a via da guerra forçada e obrigatória, com todas as muitas consequência que daí poderiam advir, ou se se “pirava” para o estrangeiro e teríamos que daí também retirar os naturais inconveniências futuras na nossa vida...

Fui então e por lá andei mais de dois anos, comandando uma secção de uma dezena de militares, rapazes bons e humildes, naturais do Minho e que felizmente chegaram sãos e salvos às suas terras natais. Mas, para que assim acontecesse, não foi de todo fácil, não...

Passámos sede e fome, dormimos em locais inóspitos e mesmo incríveis e estivemos debaixo de fogo inimigo algumas vezes, para além dos muitos sustos que bastas vezes apanhámos. Sim, porque muitas vezes tivemos medo! E não foram tão poucas quanto isso...

Um dia talvez escreva umas memórias desses tempos que, embora fossem os melhores da minha idade, porque jovem, não desejaria repetir. De tal forma que, quando cheguei de volta e pisei livre daquela porra o solo da então Metrópole, considerei e continuo a considerar, que foi o dia mais feliz da minha vida! E, depois disso, já casei e sobretudo fui pai por duas vezes... Ver-me livre da guerra – com a qual todas as noites sonhei posteriormente durante imenso tempo!... – foi para mim uma felicidade imensa!

Para “ornamentar” este escrito, escolhi uma imagem que mostra o local onde tive o meu “baptismo” de fogo, exactamente na noite do dia Natal de 1967. Saí daqui a 11 de Outubro e a 25 de Dezembro já estava a “ouvi-las” e “senti-las” nesse campo de futebol, numa pequena povoação de nome Chilombo, no Leste de Angola, naquele quadrado que sai do mapa geográfico, à direita, na fronteira com a Zâmbia, junto ao Rio Zambeze.

Vinha, cerca das 10 da noite, de umas cervejas na tasquinha local (lá ao fundo, na foto) a caminho da caserna, desarmado, na companhia de um Fuzileiro, ele sim já experiente naquela coisa, que vinha armado de G3 ao ombro e com uma garrafa de bagaço numa mão quando, subitamente “elas” começaram a soar e a tracejar o céu por cima de nós: “Tá!”,”Tá!”, “Tá!”!!! Lançamo-nos de imediato para o chão e começamos a rastejar no campo de futebol, sem qualquer abrigo possível. O meu camarada fuzo ficou com o gargalo da garrafa na mão, atingida que ela foi por uma bala e começou a responder ao fogo e, aí, a coisa piorou e muito. Os “turras” viam na noite cerrada os fogachos da sua G3 a disparar e a coisa complicou-se... Tratei de rastejar cada vez para mais longe dele e a situação mudou então de figura... Lembro-me, tão bem como se fosse hoje, que às tantas até me virei de barriga para cima, dentro do campo da bola, a assistir ao espectáculo das balas tracejantes a passarem por cima, cada vez mais alto e por cima...

E ainda recordo bem que, no final da “sessão”, quando já corria na escuridão, em grande velocidade para me proteger atrás de uma empena da caserna (cuja esquina se vê em 1º plano na foto), ainda sofri um enorme impacto num bidão de gasolina que, deitado por ali, me causou dores acima dos joelhos que perduraram por muitos e muitos dias. Voei então em grande estilo e estatelei-me no chão atrás da caserna.

Um “baptismo” de fogo de um pobre desgraçado, inexperiente e ali caído cru e ignorante daquelas andanças ("maçarico", como então era tratado o novato na guerra...) que só ali não se finou porque... porque não tinha de se finar.

A foto do local do meu inesquecível “baptismo” de fogo, aí fica:



sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O RAFA JÁ ANDA!


Chegada no final da tarde de hoje pelo telemóvel a notícia não constituiu surpresa porque já esperada dia-a-dia mas, claro, sempre foi motivo de natural alegria e justa celebração: O Rafael deu hoje, sozinho, os 1ºs passos!
Naturalmente satisfeito com a notícia aqui a deixo mais como registo para a posteridade mas também como testemunho da alegria que todos sentimos vendo a evolução física natural do Rafael que, felizmente, acompanha a mesma evolução mental e ambiental do nosso rapagão!

Digamos que o rapaz, já com quinze meses e meio não foi precoce mas, que importa isso?... Começar a andar mais hoje ou mais amanhã tanto faz. Afinal, o nosso Rafa tem uma vida pela frente em que, com toda a certeza, bastas vezes se fartará de andar encima das pernas... Então, há que poupar logo do início... Ou não fosse ele neto de um ribatejano com calcanhar... alentejano...

Bons passos, pá!!!


Muitos e bons passos futuros na tua vida, meu "reguila"!