terça-feira, 26 de outubro de 2010

GRATIFICANTE


Apaixonado desde muito novo por tudo o que é comunicação social comecei pelos jornais, fiz apresentações e animações de espectáculos ao vivo, tentei a rádio – novidade que poucos saberão… - mas, foi na verdade na imprensa, ao longo dos tempos que mais desenvolvi essa minha paixão.

Primeiro – ainda cachopo… - foram pequenas notícias da minha pequena aldeia natal e, depois, com suposta mais emancipação e mais um pouco de maturidade, saíram as opiniões pessoais, os comentários político/sociais, as impressões de um jovem cheio de ideias, ambições, o querer mudar o mundo, a coisa própria dos rapazes dos anos 60/70 do século passado, quando o Mundo fervia …

Os anos passaram e, assim, o “calo” trouxe mais calma e, “às tantas”, sem saber ligar um simples computador, descubro que chegou a internet…

Foi o “pasmo dos pasmos”!... Eu, que noticiava, opinava, criava e adorava comunicar, descobria que tinha ali tudo, tudo á minha mão!!!

“Oh, maravilha das maravilhas!...” como sempre vemos num nosso bem conhecido filme do cinema nacional, quando o surdo ouve pelo o funil…!

Assim, como que por artes mágicas – salvé quem inventou esta fabulosa net! – temos aqui tudo juntinho: a notícia, a opinião, a criação e a comunicação!

E, aos meus quase 60 anos de vida, surgia o meu mundo!!!

Criei e mantenho o Site Pessoal e o Blogue para além de vários outros espaços virtuais e, sobretudo no Site e no Blogue, onde noticio e comento vivências da família, dos amigos e ainda do mundo que me cerca e, graças aos seus conteúdos, sempre autênticos e francos – porque é a minha maneira de ser e disso faço questão! - sinto que tenho criado muitos amigos que me premeiam com comentários que sempre muito me sensibilizam e bastas vezes me surpreendem.

É-me muito sensibilizante conviver virtual e pessoalmente (a minha viagem ao Brasil é disso um excelente exemplo!) com tantos e tantos cidadãos conhecidos e desconhecidos e estou grato á gentileza de todos eles que, ao longo dos tempos têm tido a amabilidade de me receber assim e comigo conviverem tal como sou, sinto e vivo!

Das muitas mensagens que recebo nestes meus espaços quero hoje aqui destacar esta hoje chegada de Maria Gonçalves, pessoa que não tenho o prazer de conhecer e que teve a virtude de muito me sensibilizar, não pelos elogios feitos que considero exagerados mas sobretudo por comprovar que Maria Gonçalves, de forma absolutamente perfeita, inteligente e acredito que autêntica soube interpretar correctamente o meu Site Pessoal!

Maria Gonçalves soube ler, ver e interpretar fielmente e com impressionante certeza, a razão, o conteúdo e o motivo do meu Site! Agradeço-lhe por isso e espero que volte mais vezes aos meus conteúdos na net!

Deixo aqui o seu gratificante comentário que muito agradeço!:


Vítor! No seu Site começa por dizer que é ele pessoal, desinteressado e eventualmente interessante!
Ora, com todo o gosto e com a devida vénia, quero afirmar, alto e bom som o seguinte:
Que o seu site é, afinal de contas, um site público, por que nos dá a honra de partilhar connosco maravilhosas imagens e acontecimentos;
Que é um site interessado, porque nos mostra uma pessoa continuamente interessada na busca de conhecimentos, de saberes e de sabores, que são preciosos a uma comunidade;
Que, é acima de tudo, um site obviamente interessante (e não eventualmente), porque nos deleita continuamente com toda uma belíssima e continuada linguagem imagética.
Para todos os que se revêem nos locais e tradições, constitui, assim e acima de tudo, um legado para que o que escreve e mostra não caia na lei do esquecimento.
Parabéns, Vítor, pelo dinamismo e empenho de que o seu site encerra!


domingo, 24 de outubro de 2010

A NOSSA JUSTIÇA


O homem chegou atrasado à audiência e, em pleno tribunal, frente á juíza, não se conteve: Pegou no papel onde escreveu quadras em verso durante a viagem e leu ali mesmo, assim, a justificação do seu atraso…

Insólito mas verdadeiro.

Aconteceu num tribunal português, a dar a real imagem da nossa justiça e dos nossos tribunais, quando um procurador chegou atrasado e perante o pasmo de todos leu as quadras – muito “mal amanhadas” , com erros e em péssimo português, acho eu… - que a sua veia poética ditara para o papel...

Os comboios já vão cheios
muitos se levantam cedo
nas mulheres aprecio os seios
mas têm outro enredo

Vejo brancos e pretos
nacionais e estrangeiros
alguns vivem em guetos
outros em lugares foleiros

Adoro levantar cedo
e ter a obrigação cumprida
dos falsos tenho medo
são o pior que há na vida

São sete e pouco da manhã
viajo de Metro para o trabalho
fi-lo ontem, farei-o amanhã
só sou aquilo que valho


Ouvi na rádio em gozo tudo isto e li em vários jornais as 10 quadras do lírico mas o “Expresso” de ontem só destaca quatro que aqui deixo com a devida vénia. Certamente serão as melhores...penso eu...

Assim vão os tribunais nesta terra!...

Assim vai a Justiça em Portugal!...

E mais não digo...

sábado, 23 de outubro de 2010

HOJE, DE NOVO AS ORIGENS…


Primeiro, antes de sair de casa, a surpresa de encontrar no Facebook uma mensagem de um velho conterrâneo da vizinha Ulme, a viver em Cabo Verde, de nome Francisco Carapinha - de quem já não me lembrava, confesso! - e que sob o titulo “Era uma vez o Jornal da Chamusca”, teve a bondade de me contactar:

Caro Vitor,

O que é feito de si?
Lá vão os tempos em que havia o "Jornal da Chamusca" para se escrever umas coisitas.Ainda era um "puto", para aí com uns 14 anos, levado para o Jornal pelo António Jorge para correspondente de Ulme, quando uma vez, os saudosos Cardador e Ant.º Bento, à porta da minha casa, me diziam:"Sabe, foi assim que o Victor Azevedo começou".Não sei se foi assim ou não, mas o Victor já era "figura" do Jornal e este era o maior incentivo que me podiam dar.Penso que nunca nos conhecemos, pessoalmente claro, mas só a ideia de vir a ser um "novel" Victor Azevedo, dava-me incentivo para mês a mês lá ir colocando umas prosas no Jornal da Chamusca que, infelizmente, julgo que acabou.
Durou parte da minha adolescência...Depois, aconteceu-me o mesmo que aos gatos recém-nascidos: vão abrindo os olhos.
Francisco Carapinha

Depois foi a viagem até ao velho Chouto e a constatação que cada vez mais é terrivelmente evidente a sua queda, a sua velhice, a sua morte. A morte do “meu” Chouto…
Em termos pessoais, em cada viagem encontro e convivo com menos velhos amigos de infância e adolescência. Uns porque morrem, outros porque ficam retidos em casa, outros ainda porque estão em lares ou em casa de filhos na cidade distante, o Chouto, o meu Chouto natal cada vez mais é o meu saudoso Chouto que me viu nascer e crescer.

Doloroso, confesso! Muito doloroso!

Para além disso e vitima da assassina política de sucessivos governos deste país, o Chouto está a sofrer do mesmo mal de muitas e muitas povoações do interior e tem cada vez menos gente porque, cada vez mais lhe retiram motivos de fixação para os jovens em idade de trabalho e formação de família.

Esta semana, soube hoje, teve pela última vez a visita de um médico e, segundo se diz, a farmácia, sem a presença de médico, vai também fechar portas… (Isto numa freguesia de gente maioritariamente envelhecida!) A escola primária este ano ainda tem as portas abertas por feliz e muito habilidosa negociação do presidente da Câmara da Chamusca com o Ministério da Educação mas, para o ano, é de crer que não terá habilidosa negociação que lhe valha…

Numa aldeia que está muito bonita e dela deixo aí uma imagem mas onde antes tínhamos, que me lembre: 3 alfaiates, 3 sapateiros, 2 barbeiros, uma Sociedade Recreativa com bailes semanais, um Grupo Desportivo com semanal actividade, hoje não temos absolutamente nada, nada disso…

Tudo acabou!...

Um a um - antes de mim, muitos e, muitos outros depois de mim... - a aldeia e a freguesia foi ficando vazia, cada vez com mais idosos, cada vez com mais casas vazias...

E, agora, custa ver esta decadência!...

Custa ver esta morte!...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

NOTÍCIA TRISTE

Hoje, logo de manhã, uma notícia triste: A “Vida Ribatejana” suspendeu a sua publicação o que, na realidade, nua e crua, quer dizer que acabou… Findou. Morreu. Mais uma instituição – sublinho: Instituição! – que sucumbiu, caiu e morreu, não suportando toda esta imensa crise económico/social que nos absorve, abafa e mata nos tempos que vivemos. Sinto particularmente esta morte porque foi na “Vida Ribatejana” que comecei a escrever – “escrever”, disse… Qual escrever?... – quando tinha apenas 15 anos de idade e Fausto Nunes Dias, fundador e director do jornal aceitou as minhas correspondências da minha aldeia natal, com as irreverências, anseios e reivindicações próprias de um rapaz “reguila” que tentava “guerrear” e contestar o poder local então instituído e... sem saber escrever, sem saber pensar devidamente, o que aquela gente da redacção me aturou… Lembro-me que na redacção do jornal davam então umas quantas voltas aos textos e lá publicavam o que lhes parecia melhor… Eu, no sábado seguinte, quando chegava o correio – na data tínhamos correio ao sábado – um luxo de antigamente!... – esperava pelo “Zé Matroco”, o homem que trazia a mala da Chamusca e procurava sofregamente o que me publicavam no jornal... Dá para imaginar ?...

Fica aí o cartão, de 13/8/1960, em frente e verso, onde Fausto Dias aceita a minha colaboração como correspondente do jornal "na importante e formosa freguesia que é o Chouto", relíquia que guardo com o justificado cuidado. Anos mais tarde convivi pessoalmente em Lisboa com Custódio Marques Montargil que, sob o pseudónimo de” Zé do Areal” muito escreveu na “Vida Ribatejana” sobre a Chamusca – ele tinha um estabelecimento na zona do Saldanha, em Lisboa e chegamos a almoçar ali, no Monte Carlo… – e recordo-me que apoiei-o francamente na sua inteligente iniciativa de atribuir o nome de Isidro dos Reis á Ponte da Chamusca para matar a “guerra” da denominação Ponte da Chamusca/Ponte da Golegã que em tempos existia. Zé do Areal lançou um “abaixo assinado” para atribuir á ponte o nome de Isidro dos reis e... a polémica acabou… Não mais se falou na… Ponte da Golegã… E como Isidro dos Reis era da Chamusca… Pois, agora, a “Vida Ribatejana”, depois de 93 anos de vida muito bonita, útil e valiosa em prol do Ribatejo, sua região e suas gentes, fechou as portas. Tudo o que ali se fez pelo Ribatejo e suas gentes acabou e, certamente, ninguém mais falará disso. Coisa do passado que, lamentavelmente, nada conta nos dias que correm… “Passa á frente!... Coisa velha não conta!...” – assim se entende, assim se pensa nos tempos malucos que se vivem. Estou triste! Muito triste! Acho até que morreu um pedaço de mim mesmo… Francamente.

sábado, 2 de outubro de 2010

DESCARAMENTO


Depois do governo português finalmente querer “pegar de caras” a enorme crise porque passamos e, num dramático e drástico pacote, anunciar um novo” imposto financeiro” a incidir sobre os bancos, ouvir hoje o Exmº Senhor Dr. Faria de Oliveira, digníssimo Presidente da Caixa Geral de Depósitos, avisar em tudo quanto é sítio na comunicação social que, quem vai pagar e suportar esse novo imposto que recairá sobre os bancos, serão os seus clientes com o aumento do spreed, é de um descaramento atroz que, aqui e agora, quero criticar e repudiar.

Claro que todos já sabíamos que seriam os clientes dos bancos a pagar o seu novo imposto – adivinhava-se né?... - mas, ver um senhor banqueiro declarar publicamente que o “Zé” é que vai pagar, é de um descaramento que raia a afronta e a sobranceria.!...

Meses atrás, a abanar, prestes a cair, receberam os bancos, todos “borrados” de medo, o apoio dos governos – leia-se: dos contribuintes pagantes e sofredores dos estados… - e, agora, pançudos, fortes e de barriga cheia, toca de voltar a exigir do “Zé” as despesas dessa novidade do novo imposto.

Nós sabíamos que isso assim seria mas, ouvir da própria boca de um banqueiro, não me parecia possível…

Descaramento de gente de barriga cheia!...

Na “selva” económico/financeira em que vivemos, o “quero, posso e mando” dos bancos que tudo fomentam, tudo constroem e tudo destroem…

A "selva" das nossas vidas.