segunda-feira, 30 de julho de 2018

"ELE", RECAUCHUTADO, PORTA-SE BEM!


Depois da TAC, com as horríveis "picadelas" de que aqui dê conta na minha última publicação e, recebido que foi o resultado da mesma no meu processo, estive hoje de novo com a médica que, fazendo parte da equipa que me operou em Novembro passado, vem-me acompanhando e vigiando de 3 em 3 meses e o resultado foi satisfatório em pleno.

Notícia belíssima, como é bom de ver e que me deixa particularmente aliviado porque, como me parece legítimo, embora esperançado em que tudo fosse rodando sobre carris, andava sempre com a legitima apreensão que pudesse surgir qualquer contratempo - leia-se: nascimento de novo nódulo... - no tempo decorrido desde a última TAC... 

Mas, não. Tudo está no bom caminho. Felizmente!

Como a senhora sempre me tem alertado, o facto de na cirurgia terem retirado o tumor da figadeira e mais um pouco em seu redor, não quer dizer que não possa voltar a nascer mais qualquer encrenca... É preciso ir vigiando de trimestre em trimestre para termos a certeza que a "peça das iscas", embora com as dificuldades próprias da doença, vai funcionando com o mínimo de eficiência. 

E... vai! E haja esperança que tudo assim vai continuar por mais uns bons tempos!...

A recauchutada "pecinha", intervencionada parece que a tempo por meio do famosos furinhos da laparoscopia, tudo indica estar a funcionar benzinho, desde o que é possível observar por agora.

E pronto: hoje estou bem mais aliviado da apreensão com que andava e vou já festejar com um bom copo de... água!

quinta-feira, 19 de julho de 2018

CALHOU-ME UMA "PICA-CHOURIÇOS"...


Hoje, num hospital público, foi sofrer para ver injectado o Contraste para uma TAC...

PQP a gaja que me calhou!.., Só à 4ª acertou! Uma verdadeira "pica-chouriços"!...

E, loira e de mais de meia idade, já não vai conseguir aprender mais...

EM TEMPO: Deixo uma imagem de parte do "lindo" trabalho feito pela "pica-chouriços" que hoje me calhou  na rifa...

quinta-feira, 12 de julho de 2018

O ROL DO ZECA


Um dia destes, logo que a sua saúde o permita e a ocasião assim o proporcione, quero falar com o meu primo Zeca sobre essa importante “ferramenta de trabalho” na sua mercearia de sempre no Chouto.

Dias atrás já abordamos essa ideia e ele confessou-me que ainda guarda religiosamente o seu rol onde, lamentou, ainda hoje são destacados alguns “calotes” que lhe deixaram – “Ficaram a dever-me, pá!... E alguns já não me pagam… Já morreram….” – lamentou-se.

Um dia destes falaremos melhor e registaremos para arquivo imagens do “seu” rol. Logo que a ocasião o proporcione. Um dia destes acontece…

O rol, nos velhos tempos das antigas mercearias, era algo absolutamente imprescindível e totalmente indispensável ao cabal e eficiente desempenho do negócio daquele comércio… Os habitantes das aldeias no interior do país, gentes de parcos recursos financeiros, viviam com muitas dificuldades económicas e sociais e, comer e beber a crédito era a única hipótese que tinham de viver e subsistir. E o Chouto, o meu Chouto natal que conheci no antanho, não fugia a isso. Ainda para mais porque alguns dos seus habitantes faziam – aventuravam-se a fazer!… - searas sazonais e, assim, falando com o merceeiro, prometiam pagar-lhe quando da colheita… Mas acontecia – e infelizmente demasiadas vezes ocorria… - que, se o “tempo” pregasse partida e a seara não produzisse o previsto, nova conversa com o homem do rol era inevitável…


Pois, no Chouto e no país, valia sempre a muitos e muitos o amigo merceeiro que, vendo a necessidade e conhecendo a seriedade e honradez dos seus pobres clientes – e certamente também algumas vezes, quando não muitas, usando o seu próprio crédito juntos dos seus fornecedores - assim ajudava, acudia e até matava a fome a clientes e famílias para que o pãozito, a massa, o arroz e o azeite não faltassem muito na mesa… 

Quantas histórias, dramas e mesmos choros e lamentos, confidenciados em surdina ao balcão não guardarão esses róis? 

Quantos pedidos de compreensão e paciência, feitos ao amigo merceeiro, não ouviram?

Quanta confidência, quanto rogo, quanto pedido de ajuda?...

O “rol do Zeca” - que já vinha do pai Antero -, encerra-as e guarda-as, certamente.

Inevitavelmente…

NOTA - Imagens anexas retiradas da net.

terça-feira, 3 de julho de 2018

RECUANDO NO TEMPO...

Imaginando-o a viver numa localidade do Oeste português fiquei surpreendido quando uma recente informação dava conta que o velho amigo vivia e residia desde há uns tempos a esta parte em Lisboa e, sendo assim, não descansei enquanto não concretizei o encontro.

Encontro com alguém que, seguramente já não via há bem mais de 50 anos…

Vive então, actualmente, este velho amigo com hospedagem num bom prédio de uma grande e concorrida avenida do centro de Lisboa e, informado disso, foi aí que o procurei pelas 10,30 horas da manhã de hoje.

Tocada a campainha e aberta a porta do moderno edifício sou recebido por uma jovem senhora que, muito cortês e com um sorriso nos lábios me saúda e pergunta ao que venho. Dou-lhe conta do meu desejo e, ela, informando-me que o vai buscar a um piso bem superior, pergunta-me quem deve anunciar. Dou-lhe conta da minha identidade e, confessando-lhe a minha curiosidade na reacção do amigo perante o nosso encontro, peço-lhe que mantenha sigilo sobre ela para testemunharmos a sua reacção.

A senhora pede que me sente numa bem decorada e acolhedora sala de espera, sobe no elevador e, poucos instantes passados, surge-me acompanhada de um homem já de alguma idade, vestido de escuro, de roupa de Inverno neste Verão que teima em não chegar, cabelos brancos, óculos de aros leves e de físico entroncado.

Atiro-lhe de imediato:
- Se não soubesse, não o reconheceria fora daqui….


O velho amigo responde-me igualmente;
- Nem eu o reconheço, também. Estamos empatados.

Sorriu e, curioso, tenta adivinhar quem sou mas… confessa a sua incapacidade:
- Não consigo. Confesso que as feições não me são totalmente estranhas mas… não vou lá…

Abro-lhe então o jogo e digo a palavra mágica:
- Chouto! Diz-lhe alguma coisa?

Abre-se-lhe um sorriso:
- Chouto? Ooooh… tinha José Azevedo!...

- Não está longe… - esclareço-o

- Não? Tinha Polidoro!...

Aí, volto a ajudá-lo:
- Já se afastou. Já esteve mais perto… Falou em José Azevedo, nem deveria ter saído de casa…

- Não? Então o Victor! És o Victor? E também havia a Adília…

Foi o abrir imediato, espontâneo e franco dos braços e, emocionados, apertamo-nos fortemente e… vi-lhe, debaixo das lentes, os olhos bem brilhantes e… humedecidos…

A emoção, porque inesperada e gostosa, era franca e sincera.

Ao fim de mais de meio século sem se verem, estavam nos braços um do outro, o Padre Zé (José Francisco de Faria) que, saído “verdinho” do seminário “caiu”, perto dos finais da década de sessenta do século passado, em Ulme e Chouto como suas primeiras paróquias e o seu então jovem “sacristão”, que lhe fazia as leituras e ajudava nas missas e restantes cerimónias religiosas tanto na igreja da aldeia como em lagares, barracões e escolas primárias dos lugares vizinhos, porque o acompanhava em viagens feitas de “vespa”, primeiro e automóvel depois.

Pode imaginar-se como foram deliciosos e muito gratificantes os momentos deste reencontro com o recordar destas velhas vivências e, sobretudo, para meu espanto o comprovar como ainda se lembra, para além dos já referidos José Azevedo e Polidoro, de Antero Barreto, Zeca, Acácio, de Antero Pratas e sua mulher Laura e - imagine-se!... – do “guarda-rios” e “do seu filho João, que morreu subitamente”; também de Ulme me recordou o João Augusto, o João Neto, o António da “Carroça” e o Manuel “Charrete”, o “homem do talho” Zé Alves e o filho prof. Fernando, do "Franklim que casou com a Fátima" e… a Dona Chica!

Um espanto, a memória do Padre Zé!

Bom, resta acrescentar que a horinha que conversamos passou num saltinho, foi super-gostosa – o amigo Padre Zé ficou encantado com a minha visita! – e que já aprazamos uma ida ao nosso Chouto onde almoçaremos. Será no final do Verão que irá comigo matar saudades e recordar anos antigos.

Mas, agora, já foi lindo, lindo o nosso encontro! Não mais o esquecerei.

Assim, recuando no tempo…