quinta-feira, 20 de agosto de 2009

PAIXÃO ESMURRADA



Confesso este meu “pecado” que, ingénuo e dedicado, depois de meio século de militância já passou a vício: Sou um regionalista e bairrista assumido e, por isso, sou incapaz de recusar seja o que for quando me solicitam trabalho, apoio e dedicação a causas da minha região de origem no geral e, ao Chouto, minha terra natal, em particular.

Adiro “ás cegas” de imediato, não penso em mais nada e, ao longo dos tempos, muitas foram as causas que abracei com verdadeiro entusiasmo, sempre em proveito de instituições da região e também dos meus conterrâneos amigos. Bastas vezes, ou mesmo sempre, com prejuízo financeiro próprio e, em tantas e tantas ocasiões, com sacrifício pessoal e também da minha família que, não raras vezes prejudicada, não entende a minha carolice, o meu gosto pela região, a minha paixão pelo Chouto e suas gentes.

Depois, mais tarde ou mais cedo, vem o retorno dessa dedicação e, de uns recebo a compreensão, enquanto de outros – não muitos, felizmente mas… já somo alguns casos… - surge, a incompreensão, a rejeição, quando não o insulto, a grosseria e a ofensa.

Fui agora novamente personagem inocente, frágil e evidente disso mesmo quando, depois de ser convidado e aderir de corpo e alma ao novel e bem interessante projecto de uma Rede Social de nome “Amigos do Chouto” aqui na net, criado por alguém sem historial nestas lides de apoio humanitário às gentes choutenses, nem por isso mereceu da minha parte menos consideração e respeito, não obstante a minha dúvida sobre esse inesperado surgimento, seus interesses e suas razões…

Como é meu hábito aderi franca e desinteressadamente por entender que todos afinal somos poucos para melhorar a nossa terra e ajudar as suas boas e humildes gentes agora em elevado número envelhecidas e, por isso, a necessitarem de maior apoio e solidariedade.

Mas, eu, que desde a 1ª hora, com verdadeira e franca paixão – eu só sei trabalhar assim pelo Chouto – juntamente com outros amigos e amigas, fui um dos mais vivos e intervenientes activos do espaço, com registos fotográficos, registos sonoros e vídeos, reportagens e entrevistas num trabalho e numa dedicação que naturalmente me deu grande prazer e alegria e algo dinamizou o espaço dos “Amigos do Chouto”, ao mesmo tempo que vejo o mentor do projecto embandeirar em arco com o elevado número de visitas que recebíamos, noto que começa a surgir avultada publicidade – alguma até de cariz local – não só na 1ª página como até nas páginas particulares de cada um dos membros do grupo. Exacto! Até nas páginas particulares de cada um a publicidade caiu. Portanto, observada crua e realisticamente a realidade, temos que, enquanto eu, o “José”, a ” Maria”, o “Joaquim”, membros da dita Rede Social, mantínhamos e dinamizávamos o espaço, o criador e mentor do mesmo, numa jogada interesseira, oportunista, grosseira e feita “à sucápa”, aproveitava-se do sucesso do espaço e das suas muitas visitas – quanto mais visitas, como sabemos, mais produtiva a “safra”… - e… facturava publicidade... em proveito próprio.

Atento, “levantei a lebre” e, confirmada a realidade pelo próprio – naturalmente e publicamente teve de o reconhecer - a que não deixou de, logo de seguida, adicionar a despeitada e grosseira ofensa de cariz pessoal, só me restou “bater com a porta” porque, servir de escada para quem quer que seja, não será forçosamente o meu papel, face à minha pequena estatura física…

Ao longo de toda a minha vida sempre servi desinteressada e apaixonadamente a minha terra e não pactuo com iniciativas que, tendo por objectivo o interesse pessoal, com a fachada de ser no interesse do colectivo, sirvam interesses pessoais, criados e mantidos “à sucápa”, usufruindo proveito do trabalho dos outros.

Para mim, nunca houve nem haverá “meias tintas” ao serviço dos meus concidadãos! Tudo terá sempre de ser claro, franco e aberto!

Mas, confesso, foi um duro murro nesta “maluca” paixão que teimo a sempre abraçar com alegria e entusiasmo.

O Chouto merece-o! O Chouto é lindo!

Mas, verdade, verdade, é que este velho burro, quando lhe colocaram a “cenoura” - o Chouto - na frente não viu mais nada e, montado, seguiu, ingénuo, feliz da vida…


sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O PASSADO, DE NOVO!...


Novo e cativante encontro com o velho amigo padre Luís em Alcabideche, três anos e meio depois de ali termos convivido após algumas dezenas de anos sem nos vermos e que então, em Fevereiro de 2006 aqui descrevi.
E, felizmente – curiosamente de novo na companhia do meu compadre Lenine…-, a conversa foi agora muito mais prolongada!...

Almoçamos num restaurante local (e… - chatice! - a qualidade das sardinhas deixou muito a desejar…) e só nos despedimos quatro horas depois, após desenferrujarmos bem a língua recordando tempos vividos no nosso Chouto, quando eu era um adolescente de 14/18 anos e, ele, um verdadeiro passarinho saído da gaiola, vindo verde – verdinho!... - do seminário para a sua primeira paróquia.

Recordou e recordamos a sua 1ª chegada a Ulme quando, vindo de Santarém para a Chamusca deixou essa estrada nacional e desceu da camioneta de carreira no cruzamento que daí nos leva a Ulme e, a pé, iniciou o seu trajecto para a aldeia dos pinéus. Segundo conta, no percurso “a penates”, surgiu-lhe Ernâni Lopes da Costa, abastado proprietário local que se prontificou a transportá-lo até Ulme. (Aqui, constato: Hoje não haveria seminarista saído do seminário que fizesse uma viagem de 6/7 Kms a pé a caminho da sua nova paróquia e, mais completo ainda que isso, não há seminaristas a sair do seminário…).

Recordamos quando, ambos de Vespa, uma motoreta muito bonita que ele hoje me confidenciou que lhe tinha sido oferecida pela padre Manuel, pároco que ele ali foi substituir, viajamos, ele à frente na condução, eu, atrás, com a pesadona Pedra d’Ara no meio dos dois, aos mais recônditos lugarejos da charneca choutense para ali padre Luís celebrar a missa. Palhas, Junco, Tujeiras, Parreira, Gorjão, etc. Eu sei lá por onde andamos… Em pequenas capelas, celeiros e até lagares de azeite, como no Casal do Junco, na Parreira.

E, recordo-me agora, ao correr do teclado, coisa que não me lembrei quando estive há pouco com ele, o padre Luís nos primeiros tempos chegou a fazer o trajecto Ulme/ Chouto e volta em bicicleta a pedais! E, note-se bem: de batina vestida! Enrolava a batina em cima do quadro da bicicleta e aí ia ele, feliz da vida!

Falamos de muitos e diversos amigos, recordou a convivência que tinha com muitos abastados proprietários do concelho da Chamusca (recorda todos pelos nomes completos!) e as prestimosas ajudas que estes lhe prestaram para a conclusão da construção da actual igreja de Ulme que o anterior padre Manuel começou e vê-se que se recorda de tanta e tanta gente e de todos os lugares e recantos das freguesias de Ulme e Chouto com uma frescura na memória que me causou espanto.

Senti que fugiu um pouco a abordar a figura ímpar de meu pai, de quem foi particular amigo e recordou-me – coisa que já não me lembrava porque na data eu já estava na guerra de Angola – que deixou as paróquias de Ulme (onde habitava) e Chouto – partindo do Chouto numa caravana de oito autocarros e mais oito que os aguardavam em Ulme e que o acompanharam até Atouguia da Baleia onde foi colocado.
Ficou então nessa derradeira noite na casa de meus pais – “padre Luís: dormiu então na minha cama?!… - interroguei. “Sim! Foi!” – reconheceu - numa decisão que, ainda hoje acha que caiu um pouco mal à população de Ulme, afinal a terra onde sempre residiu…

Despedimo-nos passadas quatro horas e, agora, está o compromisso por mim assumido de um dia destes pegá-lo em Alcabideche, onde o deixarei à noite, depois de uma visita ao Chouto e à sua região, que ele tem saudades em rever. "Mas, tudo com absoluta descrição, sim?" - pediu. "De acordo!" - assumi.

Deixo aí o registo deste nosso belo e saboroso encontro de hoje, captado enquanto almoçávamos em Alcabideche e, ainda, colocada na entrada do excelente complexo social que criou, mantém e dirige na povoação, ao serviço da freguesia, a sua face, moldada num cubo de bronze que, alguém reconhecido decidiu mandar fazer e colocar em lugar de destaque na entrada principal do grande e excelente Lar para idosos que se vê parcialmente ao fundo.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

EM FRENTE!

Passada que me parece estar a grande e preocupante ”tormenta” que me atingiu em Março passado e que motivou que, por motivos de segurança, em 9 de Abril decidisse ocultar do público todos os meus espaços na net, volto hoje a publicar o site pessoal e o blogue.

Acredito que as razões que justificaram então a minha decisão estão ultrapassadas e, por isso, não se justificará mais manter o cancelamento da divulgação publica. Se me enganar e daí vier a sofrer as consequências… paciência. “Ossos do ofício” que, o mesmo é dizer, virtudes e defeitos da carolice e do vício desta já muito velha mania de querer manter sempre viva e actuante a comunicação com os meus concidadãos.

O site esteve inactivo na sua elaboração e só agora estou a fazer a sua actualização mas, já quanto ao blogue, sempre fui escrevendo quando me apetecia e agora faço a publicação de tudo o então pensado e escrito.

A inesperada e indesejável “trovoada” passou, os prejuízos foram grandes - mas os vigaristas que me surgiram não saíram beneficiados num cêntimo! – e, agora, subsiste ainda a tão falada e aflitiva crise económico/financeira que ameaça arrastar tudo e todos para situações difíceis, complicadas e muito preocupantes.

Mas, essa já será outra “estória” que, todos no geral teremos de ultrapassar e vencer, se disso formos capazes…

domingo, 2 de agosto de 2009

MAL, MAL, MAL!


O “Correio da Manhã” de hoje dá um magnífico exemplo do que é um péssimo jornalismo, facto que quero aqui denunciar e repudiar.


Colocar na sua 1ª página a fotografia de um agente da polícia na berma da estrada, morto, de tronco descoberto, vitima de atropelamento, ainda que com a cara digitalizada mas com uma foto tipo-passe ali ao lado, é algo inadmissível, indigno e nada próprio de um jornal sério e prestigiado de que o “ Correio da Manhã” se arroga.


Não havia necessidade disto e quem assim decidiu devia lembrar-se que um agente da autoridade, morto em serviço, era um ser humano, tinha esposa, filhos, família e amigos e merecia maior, muito maior respeito.


Fica a minha indignação, que não vale nada, eu sei, mas que não posso calar e só espero que na edição de amanhã o “Correio da Manhã” reconheça o erro e peça desculpa aos familiares e amigos do agente falecido e aos leitores que, como eu, se indignaram com tamanho disparate.