quarta-feira, 30 de julho de 2008

PESCANDO PIEDRA

Matando o meu vício, ali na Punta del Moral, sentado no muro que divide a zona pedonal da das pedras do molhe do rio porque a maré estava cheia, com a cana na mão direita e dando banho à minhoca e, uma ou outra vez – mais do que o desejado! –, partindo a linha e deixando chumbada e anzol no lastro rochoso e sujo do rio, vi o pequeno espanholito com os seus eventuais 4 anitos destacar-se dos prováveis pais e avós que o acompanhavam e dirigir-se a mim:
- Olá!
-Olá! – respondi.
- Lo que ya pescaste? – pergunta-me de imediato.
Viro-me para ele e, ao mesmo tempo que com o polegar e o indicador da mão esquerda desenho um bom circulo, respondo-lhe:
- Zero! Nada!
Ao que ele de imediato me atira:
- Ah! Yo intiendo: Tás pescando piedra!...
Os familiares já estavam junto de mim e juntos largamos umas boas e sonoras gargalhadas!
Inteligente o pequenino espanholito!

terça-feira, 29 de julho de 2008

A MINHA PESQUINHA


Agora que os 15 dias de férias em Isla Canela estão chegando ao fim, deixo aqui um breve apontamento sobre aquela que chamo “ A Minha Pesquinha” e que, neste curto período desta vez foi muito fraca. Muito fraca, de verdade!

Este ano, na Punta del Moral e na foz do Rio Carreras, que fica aqui a uns escassos 4 Kms, onde costumo matar o meu vício da pesca, aparece pouco peixe. Muito pouco peixe!

Uso a minhoca denominada de Coreana e ela fica tempos infinitos no fundo sem que um só peixe a visite. Ontem mesmo me aconteceu isso durante uma hora e meia em que ali estive tentando a minha sorte. A minhoca fica velha de tanto estar por ali arrastando o fundo, coloca-se minhoca fresca outra vez e o resultado é sempre igual. Este ano anda por ali pouco peixe! Porquê? Não sei...

Fisguei até agora 7 peixinhos destes (safias)

com um palmo e perto disso e nada mais. Creio que este ano não vou arranjar produto que justifique a fritadela final a que sempre nos habituamos entre familiares e amigos que nos acompanham. E, logo este ano, que trouxe umas garrafas de vinho branco fantástico, da casta Fernão Pires, da Quinta dos Plátanos, da Merceana (Alenquer). Um espectáculo de vinho!

Mas, volto à pesquinha só para referir que a pratico “ao fundo”, com uma chumbada de 60 grs., usando anzol nº 4. Os companheiros que ali pescam costumam na sua totalidade fazer o lançamento, espetarem a cana nos intervalos das pedras do molhe e, sentados, ficarem aguardando que o peixe pique. Eu não faço assim. Gajo inteligente é assim: Depois do lançamento estico a linha até sentir o peso da chumbada e, com alguns intervalos de tempo, vou arrastando um pouco, percorrendo assim uma maior extensão e com mais possibilidades de fisgar um peixe. A chamada pesca “ao tento”, a que aqui me acarreta o prazer de sentir o peixe a puxar na outra ponta da linha mas também trás mais dissabores porque, muitas vezes – bastas vezes! –, a chumbada ou o anzol ficam presos em obstáculos como lixo no fundo, coisa que muito abunda por ali. É semear chumbo e anzóis, no fundo do rio, em larga escala!

Sobre estas consequências da presa no fundo tenho até um episódio bem hilariante que ali vivi há poucos dias e que depois aqui contarei... Prometo.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

EMOÇÕES FORTES

Ontem, pelas sete da matina, já com as malas feitas de véspera para seguir por volta das 10 da manhã rumo à Isla Canela, no Sul de Espanha, sou acordado pela Tense a rebolar-se com dores insuportáveis pedindo que chamasse de urgência uma ambulância pois não conseguia aguentar tanta dor.

Primeira surpresa: mal acabo de marcar o 112, não passou um segundo e já tinha do outro lado da linha uma voz masculina perguntando-me o que desejava. Umas poucas perguntas e passou-me para uma voz feminina. Aí, novas perguntas, que me pareceram infindáveis mas, na verdade, passados 20/25 minutos tinha uma ambulância à porta com médico e auxiliar. Nova triagem do caso e decide-se o transporte para o hospital.

- Ok! Vamos a isso, digo. Eu vou de seguida, atrás, com o meu carro para o Amadora-Sintra.


Mal parte a ambulância dirijo-me ao carro estacionado na minha rua, em pleno centro da Amadora e, surpresa e nova emoção bem forte: carro assaltado! O desgraçado do assaltante partiu-me o vidro triangular traseiro de uma porta e abriu a viatura. Para além de pequenos objectos escondidos nas consolas, “limpou-me” o GPS. O maior prejuízo. Puta que o pariu!

Segui para o hospital. Foi feita uma 1ª triagem à Tense, que entretanto já estava um pouquinho melhor e chegou a Joana. Decidimos que ela ficava a acompanhar a mãe, enquanto eu partia para Odivelas para tentar a colocação de novo vidro. Numa hora o trabalho foi feito e a Tense, agora também já com a companhia de Gorete, Alberto e Filipa (médica) foi chamada para ser observada.

Regresso ao hospital e depois de mais uma boa espera, a nossa doente sai pelo pé por volta do meio-dia, recomposta e medicada. Que teve? Uma crise renal que, como se sabe, provoca sempre dores insuportáveis.

Carro carregado, pequeno-almoço tomado quase à uma da tarde, ida à farmácia e partida para a Guia, no Algarve, onde o seu afamado franguinho nos esperava e os restantes companheiros de férias já iam adiantando o "trabalhinho".

Chegamos duas horas depois! Foi preciso carregar um pouquinho no acelerador mas correu tudo bem. Às 5 da tarde, portuguesas, já estávamos instalados no hotel na Isla Canela.

Dia portanto de emoções muito fortes, como há muito não tinha! Ah! Já me esquecia: ainda na Amadora a sofrida doente “largou” a pedra! Agora, como o irmão Miguel, também sofre muito dessa maleita de pedra no rim, já “decretei”: Deixa de ser família Madureira e passa a denominar-se: Família Pedreira!

Tudo está bem quando acaba bem mas a aflição foi grande! E ao desgraçado filho de puta que me “limpou” o carro só lhe desejo uma enormíssima caganeira que o deixe de cama por largo tempo para não fazer outra.


quarta-feira, 9 de julho de 2008

MÃE MELRA


O ninho, muito bem construído e excepcionalmente dissimulado, bem no interior da ramagem da videira, está ao nível da visão de um ser humano e é de fácil acesso e, para captar na máquina as suas imagens, só o reflexo do Sol, o calor e umas arreliadoras moscas incomodaram o meu trabalho.

Na hora, a mãe melra estava no seu posto e, porque pensávamos ali encontrar ovos, tentamos abusivamente que nos deixasse fotografá-los. Ela, corajosamente, aguentou o abanar da estrutura do seu lar e, só depois de ter a máquina muitíssimo perto, sentiu a sua integridade física ameaçada e saiu. Foi então a grande surpresa: Três pequeninos e frágeis melros filhotes, nascidos um/dois dias antes, remexiam-se incomodados no fundo do ninho e eu não demorei muito a importuná-los. Meia dúzia de cliques e logo voltei costas para que a mãe regressasse e os acarinhasse.

Vivi ali um encanto lindo, graças ao Tio Zé que achou e me indicou o ninho e registei em fotos e filme as ternas imagens que aqui apresento em fotos e em vídeo/clip. Na derradeira foto vemos o dedicado Tio Zé compondo as ramagens da videira para que o ninho continue bem dissimulado.

Mas, deixem que vos diga, a linda história vai acabar mal... Porquê? Um astuto gato preto caçador que por ali reina – Tio Zé diz que não lhe leva comida e ele sempre por ali se mantém... - certamente vai localizar o “petisco” e, era uma vez três melrinhos... 


Não chegarão a adultos, quero crer. Tio Zé, com o humor que sempre o caracteriza, acha que ele só espera que os passarinhos engordem mais um pouco...

Mais uma vez, a Natureza e as suas leis.


As fotos e depois o Vídeo/Clip: