quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O NOSSO NATAL

Votos de que, para o ano, não obstante os “passos” insensíveis, criminosos e tortos que nos vão (des)encaminhando, ainda consigamos obter imagem igual a esta de 2013!

Foi com esta frase e esta foto que, ontem, dia de Natal, formulei votos para o Natal de 2014 e consequente ano que vai seguir-se e, francamente, pouco mais posso acrescentar hoje para além de manifestar a minha convicção que não acredito que 2014 seja económica, financeira  e socialmente melhor que o que agora de apresta para findar.
Na verdade, com esta política e estas medidas destes fieis funcionários de Merkel, troika e Cª que há anos nos mandou e obrigou a empobrecer – foi isso mesmo, “temos de empobrecer”, que Passos Coelho nos sentenciou logo que ocupou S. Bento… - vamos sofrer ainda muito mais e, tarde, muito tarde, sentiremos o alívio do garrote. É nisso que acredito e é para isso que estou preparado.
Destruiu-se uma economia, levou-se um país ao fundo, colocou-se toda a gente a “pão e água” e de mão estendida e, com cortes e mais cortes, austeridade e mais austeridade, colocou-se todo um país no fundo.
Para cúmulo e no meio de todo este enorme drama assiste-se a um primeiro-ministro a fazer uma mensagem de Natal optimista e a falar-nos de uma terra que não é esta onde vivemos… Dir-se-ia que o rapaz não tem andado cá, não está cá, vive noutro planeta.
Uma tristeza.
Que os deuses olhem por nós!...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

QUOTIDIANO


Depois de ao longo de semanas e meses o ter visto na frente do prédio a varrer a praça continuamente tapetada de milhares de folhas dos Plátanos, dos Castanheiros da Índia e das demais árvores de folha caduca, observo-o agora aqui de cima limpando a zona traseira do prédio de iguais folhas e idêntico lixo no arruamento que dá acesso às garagens de diversos prédios.

Sempre com o mesmo ritmo, sem grandes pressas, executa o seu trabalhinho em ritmo cadenciado e sempre com igual eficiência: não fica uma folha, um papel, um fragmento de lixo para trás. Tudo, tudo limpinho, com cuidado e zelo!
Deixo-o vir avançando e, quando já se aproxima do portão da garagem do edifício, resolvo presenteá-lo: vou à cozinha, pego dois copos e desço.
Já está perto do portão e, esperando que me olhe, levanto os copos e convido-o, perguntando se bebe um copo. Como que surpreendido pela oferta, pergunta:
- Diga?
- Vai um tintinho?
Nem responde. De vassoura na mão avança na minha direcção e aceita, francamente:
- Bebo!
Não está comigo mais de 5 minutos, tempo suficiente para bebermos dois copinhos., “É bom!” diz-me e conta-me também um pouquinho da sua vida:
Tem 63 anos, veio de S. Vicente em 1983 e há muito não visita a terra por dificuldades económicas e, à minha observação sobre a sua idade de que em breve poderá reformar-se, pergunta-me: “Acha? Com o que o nosso governo está para aí a fazer, sabe quando vou reformar-me? Eu não sei, não!”

E queixa-se ainda mais:
- Este Passos Coelho está cortando, fazendo tudo muito mal. Não sei… Veja como estou na minha vida: 3 “mininas” em casa sem trabalho, sem emprego. A mais velha estava no 2º ano de Direito e teve de sair por causa das propinas. A mais nova está no 12º e também quer ir para a Faculdade mas eu já disse que não pode… Não posso, senhor! O meu vencimento de 500 euros e mais um bocadito, pouquinho, do trabalho da mãe, é o único dinheiro que entra por mês em casa, como posso? Como posso? Não posso! Elas choram mas eu não consigo… A mais velha diz que quer ir para fora. É uma tristeza.
Saímos e ele recomeça o seu trabalho mas, mesmo assim, enquanto vai vassourando, ainda pressagia:
- Vejo tudo muito calado e muito calmo mas acho que um dia destes alguma coisa pode acontecer… Eu não, mas, alguém é capaz de fazer qualquer coisa… É. É.
Termina perguntando-me:
- Ouviu o Mário Soares na Aula Magna? Ouviu? Pois…Não sei…
Prosseguiu o seu trabalho e eu nem lhe disse que, meses atrás, telefonei para a Junta de Freguesia a elogiar o seu serviço de varredor das nossas ruas…
A funcionária que me atendeu a chamada passou a outra colega que se mostrou surpreendida com o meu telefonema…
- Só nos telefonam a fazer criticas e o senhor resolve fazê-lo para elogiar o trabalho de um cantoneiro. Estou admirada e vou registar. Foi bom ouvir! Obrigada!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

EANES - O HOMEM E A ÉTICA



Na homenagem justíssima que hoje foi realizada, todo o aplauso para o General Ramalho Eanes que tratou de, no curto espaço de tempo em que permaneceu na sala, esclarecer publicamente que a sua actividade política tinha há muito cessado e neste evento não poderia ser vista qualquer forma de relançamento da mesma.

Excelente e exemplar!
Como sempre.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

ACASO OU AVISO?

Há já algum tempo que aqui não abordo assuntos de caracter político, exactamente porque como que me fartei disso mesmo.
Estou assim como que farto de tanta incompetência, ignorância e até mesmo garotice evidenciada pelos supostos governantes que vamos tendo à frente dos destinos de Portugal e que mais não são que uns “pau-mandados” da EU (leia-se Alemanha da senhora Merkel).
É a Alemanha e a sua chefe de governo que hoje manda e impõe à Europa do Sul toda esta austeridade, toda esta imensa pobreza e que nos força a baixar o défice depois de ter aconselhado e ajudado a gastarmos desmesuradamente em obras públicas para evitarmos o aumento do desemprego e não sofremos com as consequências da “bolha” que tinha rebentado nos EUA… Passados anos, depois de auto-estradas, barragens, hospitais, etc, construídos, somos castigados porque aumentamos o défice…
Para sairmos da recessão e da economia de rastos é então a austeridade, da criminosa forma que a sentimos há já vários anos, de tal forma que me interrogo como conseguem sobreviver tantas e tantas pessoas sem emprego, sem subsídio, sem pão e até já sem casa… Austeridade e sacrifícios que a Alemanha não passou quando saiu da guerra porque então muito ajudada foi pela restante Europa com um programa amigo e realista e que a ajudou a reerguer e no fim a tornar no país forte e vigoroso que hoje existe.
É assim que, em consequência de todos estes incríveis cortes e austeridade sentidos, curiosamente sempre aos mesmos – leia-se: reformados, funcionários públicos e trabalhadores… - que vemos a toda a hora as mais diversas reacções e manifestações de profundo desagrado e que em alguns casos atingem proporções cada vez maiores e mais graves.
Esteve neste caso a gravíssima situação ontem registada junto à Assembleia da República com a manifestação das autoridades de segurança a serem (não) contidas pela polícia aquém competia resguardar a entrada dos outros polícias que tentavam invadir o parlamento. E o que se viu? Viu-se algo impensável – ou se calhar até pensável… - os polícias de guarda foram tolerantes e os polícias manifestantes saltaram barreiras, forçaram (?) o cordão de segurança, galgaram as antes sempre preservadas escadarias, chegaram às portas do edifício e só não entraram no parlamento porque, claramente, não quiseram.
Uma situação de enorme gravidade a fazer lembrar os velhos tempos do PREC e coisa de gravidade minimamente parecida nunca vista desde 1975.
Posto isto, interrogo-me: Foi um acaso ou foi um aviso, o que aconteceu?
Não se sabe, evidentemente mas, disto parece poder deduzir-se: A coisa, a continuar com até aqui, com estes (des)governantes incompetentes e insensíveis – a forma fria e distante como decidem e nos falam dos desempregados e dos cortes em pensões e ordenados, é algo que me impressiona sobremaneira… - algo de muito grave pode vir aí…
Infelizmente.
Ou talvez não…

sábado, 2 de novembro de 2013

O 69º (OU SESSENTA E OITO, LINHA) CHEGOU!


E chegaram os 69 (ou 68, linha...) de idade e estou já vizinho dos 70 e aí passarei a septuagenário…

E parece que tudo “isto” se passou muito rapidamente… Num instante!...
Festejei este 69º aniversário de forma idêntica aos anteriores, com a habitual refeição em família, embora desta vez sem a companhia da Joana por estar a voar para a Ásia, de férias.
Os anos já são alguns bem contados mas devo confessar que de saúde e fisicamente julgo estar em pleno uma vez que como e bebo sem restrições de maior e nada sinto de saúde que me apoquente. Tenho outras preocupações e bem grandes mas isso são outras “istórias” para as quais nada contribui e que infelizmente ainda não vi ultrapassadas… Valha-me a família, a net, os jornais e os livros para desanuviar a cabeça e não “entrar em parafuso”…
Como nos anteriores jantares, desde há 7 anos a esta parte, tirei uma foto com o nosso Rafael para ficar para a posteridade e deliciei-me com um peixinho cozido, um tintinho, o tradicional "digestivo” e, com o agradável convívio à mesa com os familiares, a coisa passou-se.
Para o ano haverá mais. Assim o espero…

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

UM SUPOSTO ESTUDANTE

Recebi ontem por e-mail um presentinho muito especial que me proporcionou uma particular satisfação. Duas fotografias, duas fotos de um especial período da minha vida do qual, vá lá saber-se porquê, não possuía nenhuma imagem em arquivo e que, por isso mesmo, veio preencher uma lacuna na história fotográfica da minha vida.

Quis o acaso que nestas andanças da net viesse a encontrar um velho companheiro de estudo da então Escola Industrial e Comercial de Torres Novas e, conversa para cá, conversa para lá, soube que ele tinha duas fotos daquele nosso período em Torres Novas. Recebi-as ontem e considero-as duas pérolas muito especiais que guardarei com particular carinho e que deixo aí com muito gosto num pequeno trabalho que a propósito me apeteceu fazer.
Com o Antero Bento, que me ofereceu as fotos e que morava na Carregueira e também com o Inácio Salgado que, como eu, morava na Chamusca, fazíamos o trajecto de bicicleta para Torres Novas ida e volta diariamente onde frequentávamos o Ensino Secundário. Eram cerca de 40 kms diários (eu, aos fim de semana, ainda tinha mais 40 por causa da ida e da volta ao Chouto…) e, tratando-se de um esforço ainda considerável, suportávamo-lo mais ou menos com alguma facilidade porque eramos rapazes novos e pouco nos custava. O mais complicado e, aí sim, bem desagradável, acontecia no Outono e no Inverno com o frio e sobretudo com a chuva. Aí, a coisa era bem aborrecida e, como o dinheirito dado pelo meu pai para a “carreira”, como então chamávamos ao transporte de autocarro da então empresa Claras, era sempre escasso, bastas vezes fiz a viagem ao frio e à chuva. Uma mão no guiador da bicicleta e outra com o chapéu de chuva aberto a proteger o corpo e muitos kms o Victor fez debaixo de água e vento de e para Torres Novas! Muitos!
Outra aborrecida complicação que sentíamos nessas viagens e de que me recordo perfeitamente, acontecia quando se registavam cheias no Tejo e a estrada, junto à Golegã, ficava submersa porque a cheia galgava o chamado Dique dos Vinte. Fazíamos então esse trajecto de barco a remos com as bicicletas ao nosso lado encostadas às laterais do barquito e nós, quase imóveis, sentadinhos em frágeis tábuas no meio do barco. A viagem demorava cerca de meia hora porque o barqueiro tinha de a fazer não em linda recta, por causa da corrente junto ao dique, mas em meia-lua, mais ao largo, onde íamos contornando as copas das árvores igualmente submersas pelas águas. Chegados ao outro extremo do Dique dos Vinte era voltar a montar na bicicleta para chegar às aulas ou a casa.
Quanto aos estudos, ou melhor, aos supostos estudos, devo confessar que fui sempre um estudante de grau muito baixo e era muito mais um “passeador de livros”… Era. Era isso, na verdade! Nunca fui um bom estudante, não gostava muito daquilo e gostava muito mais das garotas… Dedicava-me muito mais a essa faceta, confesso e, o estudo, era sempre o mínimo indispensável, quando não mesmo o obrigatório. Fui um desastre completo nesse campo e, naturalmente, ao longo da vida, bem disso me arrependi. Mas já era tarde…
E, por falar em estudos, volto às fotos para terminar este apontamento para referir que estas duas fotografias foram tiradas no ano lectivo de 1961/62 e, seguramente, em dia que tínhamos aula com a professora Olga, uma terrível mulher que, se fosse viva e professora, com toda a certeza, pelos métodos que usava, não leccionava. Disso não tenho a mínima dúvida. Vê-se aí que estamos vestidos com casaco e gravata – dir-se-ia que estávamos num casamento… -  e era assim que ela nos obrigava a frequentar as suas aulas de Fisico-Quimica...  Para as aulas da Olga tinha de ser sempre com casaco e gravata! Na entrada para a sala de aula ela punha-se à porta, obrigava-nos a entrar em fila indiana e, um a um de cada vez, ela inspecionava-nos da cabeça aos pés. O problema maior era sempre o casaco e a gravata. Sem essas duas peças da indumentária nem sequer entravamos na sala de aula. Hoje é que ela devia fazer essa exigência...
A Doutora Olga era absolutamente insuportável e até mesmo intratável, dava-se muito pouco com a restante classe de professores e raramente frequentava a Sala de Professores. O marido trazia-a do Entroncamento onde moravam, ela seguia directamente para as aulas e depois levava-a de volta. Num ano lectivo, por doença, faltou todo um período e não foi substituída e, no segundo e terceiro período, deu todo o programa. Pode imaginar-se o que sofríamos para conseguir assimilar aquilo… Os "pontos" dela – o que hoje se chamam testes – não eram escritos em stencil e distribuídos aos alunos e aconteciam assim:  A Olga começava a escrever as perguntas no extremo superior do quadro preto na parede e ia escrevendo sem parar as diversas perguntas até ao fundo do quadro e, quando aí chegava, voltava ao cimo, apagava a 1ª pergunta e a 2ª e assim sucessivamente  e continuava a escrever mais e mais perguntas. Só parava quando o tempo da aula terminava e os alunos tinham de, apressadamente, ler as perguntas e responder por escrito. Se não sabiam à 1ª leitura dificilmente tinham tempo para pensar e voltar atrás para responder melhor…
A mim, essa sujeita, que já não deve ser viva, pôs-me a alcunha de “Pato Verde” – eu tinha um casaquito e uma gravata verde e muitas vez os usava - e sempre por essa alcunha me tratou e, no último ano, teve mesmo o descaramento de me ameaçar que nunca me passaria em ano algum… Disse-me assim (guardo bem na memória): “A ti, Pato Verde, nunca te passarei! Aqui tens-me no “Comércio” e, no “Industrial” na Electricidade e, se fores para o Entroncamento também lá me apanhas. Só tens uma forma de te livrares de mim: ficas aqui e inscreves-te na “Condição Feminina”. Às meninas não dou aulas !...” (“Condição Feminina” era um curso de frequência das miúdas…).
Ameaçou-me assim a Olga.
Que a terra lhe seja leve!...
E esteja lá muito tempo sem o "Pato Verde"!...

EM TEMPO – Antero Bento, o velho companheiro de jornadas estudantis em Torres Novas, entrou aqui e no meu site e deixou ali uma mensagem que fez com que verificasse que errei quando neste texto refiro que a profª. Olga leccionava a disciplina de Físico – Química quando, na verdade, era de Calculo Comercial. Nem sei como raio fui inventar esta da Físico – Química quando, no cartão do horário da escola, que ainda guardo, essa disciplina lá não consta… Coisas de cabeça avariada…
(Clique aqui para ampliar as fotos)

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

ANGUSTIA NO EGIPTO


Foi uma situação terrível vivida exactamente neste dia 17 de Outubro mas no já distante ano de 2000 e foi de tal forma sentida e angustiante que, para além de não mais a ter esquecido, tem mesmo detalhes daquelas duas horas desse dia dos quais me recordo ainda hoje em memória tão fresca como se se tivessem ontem passado.

Passei essas más duas horas desse dia na distante cidade de Assuão, a 1.000 kms do Cairo, durante uma belíssima e inesquecível viagem que, integrado num excelente grupo de amigos, realizamos durante 8 dias por terras egípcias.
Viagem maravilhosa porque estava muito bem programada, os companheiros eram magníficos, o passeio era bonito e bem organizado e também porque tivemos a sorte de ser acompanhados do primeiro ao último dia, em todos os instantes, por um guia turístico de primeiríssima qualidade! De seu nome Mohamed Sherif, era egípcio, naturalmente, mas tinha feito uma estadia de 3 anos no Rio de Janeiro e, assim, falava português correctamente e tinha  até apanhado o belo jeito carioca da brincadeira e da conversa bem humorada.  Para além disso sabia muito bem muitas das nossas canções mais populares – “Ó malhão, malhão!”, “A saia da Carolina!”, etc. – e cantava o Hino Nacional de Portugal melhor que muitos portugueses! Sherif foi durante toda a viagem uma verdadeira preciosidade que nos calhou em sorte e contribuiu sobremaneira para valorizar imenso a viagem ao Egipto. (Num aparte conto que falei muito com ele sobre o país, hábitos, vida das pessoas e o seu regime político e o Sherif foi sempre muito solicito em dar-me explicações mas, só numa situação o rapaz nunca se abriu… Foi quando lhe perguntei – e mais que uma vez! – quantas mulheres tinha… eheh! Aí, ele nunca quis divulgar. E fez bem, eu não tinha que ver com isso...)
Mas, volto ao episódio que hoje aqui quero recordar. Nesse inesquecível dia 17 de Outubro de 2000 perdi a carteira com cartões bancários e toda a documentação de identidade pessoal e pode imaginar-se o drama imenso sentido naquelas distantes paragens, numa terra onde o Sherif varias vezes nos avisara para termos cuidado com os egípcios. “Eles não são bons!”, dizia-nos e onde até para irmos aos sanitários num qualquer isolado e inóspito lugar, encontrávamos um soldado de metralhadora ao ombro…  Nunca nos fizeram mal é verdade e tudo correu pelo melhor nesse aspecto mas a segurança era muita e via-se que a pobreza da população local era uma triste realidade.
Eu era dos maiores pobretanas que integravam o meu grupo de amigos. Todos – à excepção de mais um outro… - tinham cartões de crédito e levantavam dinheiro nos bancos com relativa facilidade menos eu… Informado aqui em Portugal – mal informado… - que ali funcionavam os Multibancos, só tinha levado cartões desses que, na altura, não tinham ainda os caracteres em relevo e os homenzinhos dos bancos passavam o dedo pelas letras e… nada. Aquilo não prestava para eles. Pus o Sherif ao corrente da situação e ficou decidido que em Assuão iriamos a um banco resolver o problema e sacar dinheiro porque eu comecei a necessitar de libras egípcias e tive de recorrer a uns solícitos companheiros de viagem a quem já devia umas massas…

Nesse dia, depois da viagem da manhã em que visitamos o Templo de Philae, na Ilha Agilka e uma fábrica de perfumes, o autocarro seguiu com o grupo para o almoço no barco e ele saiu do autocarro comigo e com o outro amigo companheiro pobrezinho como eu sem cartão de crédito que também precisava de levantar dinheiro e, o Sherif, como tinha as pernas muito grandes entrou no banco muito primeiro que nós e quando chegamos já ele tinha abordado o funcionário do balcão. E conto este detalhe porque esta é a primeira situação que me lembro exactamente como se tivesse ocorrido ontem… Está fresquinha aqui na caixinha dos pirolitos.
Antes e enquanto caminhava para a porta do banco eu dei conta da falta da carteira no bolso dos calções e fiquei em sobressalto! Entrei e o Sherif pede-me:
- O cartão?
- Não tenho! – respondo-lhe
- Como não tem? – pergunta, admirado
- Perdi, Sherif!
- Como perdeu? – ele pasmado com a minha revelação…
- Não sei. Perdi!...
E é então que ele me lança a terrível interrogação:
- E o passaporte???
Ia-me dando uma síncope e nem sei como não caí para o lado… Enchi-me de suores frios, a boca secou-se-me instantaneamente e foi terrível! Aquela pergunta “E o passaporte?”, foi de mais! Eu não me tinha lembrado que também levara o passaporte, antes sempre guardado no barco/hotel e, quando o guia me pergunta por ele, foi o máximo da aflição. O máximo!
Ele fez logo uns contactos pelo telefone, chamou um táxi e partimos de imediato para a fábrica de perfumes na busca da carteira. Lembro-me que, ali, na rua, a minha sobrinha Susana tinha-me ligado de Portugal. Na ocasião eu estava na rua, no passeio e fui ao bolso para pegar o telemóvel e atender a chamada. Podia ser que nesse gesto a carteira viesse atrás e caísse na rua e alguém a tivesse apanhado… Mas ali também não estava…
Tomamos de novo o táxi e partimos para a ilha. Tínhamos de apanhar um barco, digamos que barco/táxi num pequeno cais e é aí que se dá mais uma cena que tenho aqui bem viva na memória…  Já estávamos os dois em pé dentro do pequeno barco quando, da guarita/portaria, ali a 8,10 metros, um soldado armado, como todos, afinal, chama o Sherif. Ele deixa-me e vai ao seu encontro e ficam a falar à porta. Eu, de pé, no barco, observo interessado e intrigado toda a cena. A boca danada de seca, seca até mais não, numa angústia imensa que não desejo a ninguém… A dois/três dias da partida para casa, via já o grupo a deixar-me, se não ali em Assuão, pelo menos no Cairo… E eu sem falar a língua deles, sem apreciar a sua comida de beringelas, pimentos, tomates assados, etc…  E a roupa lavada que começaria a faltar? E o choque de ver todos a partirem e eu a ficar? Uhf! Que susto!...
Estava então naqueles instantes de pé dentro do barquito a ver o Sherif a falar, primeiro com um qualquer sujeito e, depois, ao telefone que lhe passaram e, de repente, sem conseguir traduzir uma só palavra da língua árabe que falavam eu, pelas expressões, pelos gestos, sei lá porquê, como que comecei a entender tudo o que se estava a passar… Eu “via”, segundo a segundo, gesto a gesto, que algo de bom estava para acontecer… O Sherif larga o telefone, dirige-se em passadas largas para mim e, de sorriso aberto, diz-me: 
- Venha! Problema resolvido! A carteira apareceu!
- Onde estava, Sherif? – pergunto, entre sorrisos e quase em choro de alegria.
- O motorista, depois de ter feito uma vistoria ao autocarro e nada ter encontrado, resolveu voltar lá e achou-a caída no corredor, entre os bancos. Já a entregaram no barco.
Eu nem queria acreditar. Saiu-me de imediato um peso inacreditável de cima dos ombros e a viagem subitamente voltou a ser para mim uma coisa linda, maravilhosa, inesquecível! Apetecia-me pular, gritar, berrar aos quatro ventos! Mas contive-me e abracei-me ao amigo Sherif, a minha verdadeira boia de salvação naqueles terríveis momentos passados.
Partimos de imediato, de novo no táxi, rumo ao barco/hotel atracado em Assuão para pegar os documentos e avançarmos para o banco, antes que fechasse…
Chegados ao barco tive a inesquecível surpresa de encontrar à minha espera o amigo Geraldino Rodrigues, meu companheiro de viagem e que ali me confessava que não tinha conseguido almoçar sem que eu chegasse com o problema resolvido, numa manifestação de solidariedade e amizade que me tocou profundamente.
Avançamos a correr para o banco que estava a fechar. Lembro-me que tive de telefonar para Vila Franca de Xira, onde o sr. Marecos, do Montepio Geral me libertou a verba na conta e eu recebi em libras em Assuão. Quando saímos e porque o banco já tinha fechado as portas, fizemo-lo pelas traseiras e aí ficou-me mais uma imagem para todo o sempre:  Saímos para uma rua incrivelmente porca e mesmo nojenta! Terra batida, esgotos a céu aberto e lixo pelo chão e crianças, várias crianças meias nuas a brincar naquela miséria… Virávamos a esquina do edifício e retornávamos à avenida principal que ladeava toda a margem do Nilo, era outro mundo… Rua limpa, ajardinada, passeios e piso impecável. Coisa para turista ver!... Era o Egipto daquela data… E, certamente agora, por via das convulsões verificadas e do turismo que fugiu, a coisa estará muito pior.
Eis-me então finalmente com o dinheirinho no bolso, de novo a caminho do barco para, já por volta das 3, 4 da tarde, ver se “almoçava” com o amigo Geraldino que me esperava. Fomos ao restaurante e ali nos arranjaram qualquer coisa, talvez uma carne, cozinhada de qualquer forma e que, francamente não me recordo bem… O que me recordo muitíssimo bem é que, como o estômago aconchegado, avançamos para o bar para tomar café e eu sugeri  ao meu amigo:
- Geraldino, vamos tomar um whisky duplo? Tem de ser para celebrar esta hora que nunca mais esquecerei!
O Geraldino assentiu e esta é outra visão que tenho ainda bem viva na minha memória:
Os dois balões de whisky encima do pequeno balção do bar do barco e nós depois, sentados nos cadeirões em frente, a deliciarmo-nos com o seu sabor! Que maravilha! Que sensação de alívio! Que prazer naquele instante!
Passou-se assim este terrível episódio da minha viagem pelo Egipto e pelo Nilo mas a minha história desse acontecimento ainda não acaba aqui…
Faltava retribuir o excepcional gesto de dedicação e amizade do guia Sherif…  Ele, naquelas duas horas,  foi verdadeiramente fantástico e porque era a minha única esperança de salvação, agarrei-me a ele como que a uma boia de salvação naquele mar tumultuoso que me atormentava. Eu não conhecia um metro do terreno onde estava; não falava uma palavra da língua daquela gente; ele tinha-nos alertado para termos cuidado com as pessoas que nos rodeavam… Era um tormento inenarrável e Sherif foi exemplar e único! Nunca esquecerei  o seu profissionalismo e dedicação!
Sherif teve o cuidado de, no último dia, ir ao hotel no Cairo para se despedir do grupo e aí chamei-o a um canto do hall onde estávamos e, encima de uma pequena mesinha, despejei o porta notas e moedas na sua totalidade e disse-lhe:
- Sherif, tome!  É para si! Não dá para pagar toda a sua imensa atenção para comigo naqueles terríveis momentos mas, de alguma forma quero assim retribuir a sua imensa dedicação e amizade que tanto apreciei!
Não era muito dinheiro e na nossa moeda de então eram onze mil escudos, o equivalente a uns escassos 55 euros na moeda de hoje mas lembro-me perfeitamente de ver a sua cara de enorme espanto perante todo aquele dinheiro que, segundo sabíamos, naquela data correspondia a alguns meses do seu vencimento mensal. Eles ganhavam mal… Reagiu e recusou numa primeira  resposta mas eu fiz-lhe ver que o oferecia de muita boa vontade e também porque as libras egípcias não me eram mais necessárias. Ele entendeu e aceitou então, francamente agradecido! E eu fiquei de bem comigo mesmo.
Findo esta já longa história dizendo que deixo aí uma foto em que vemos, junto ao Templo de Philae, na Ilha Agilka, o grande Sherif e o amigo Geraldino no celebre dia 17/10/2000 e uma outra, de 14/10, onde apareço com o nosso amigo guia no Templo da Karnak, em Luxor e ainda uma outra em que, mascarados a rigor, no dia 16/10, realizamos um fantástico baile e uma soberba festa no Barco/Hotel. Bons tempos. Bons tempos mas com esta recordação de angústia jamais sentida e nunca esquecida…

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A CASSETE - QUANTAS MEMÓRIAS?


As agências de notícias dando-nos conta que se cumprem hoje 50 anos sobre a criação e chegada às nossas vidas da cassete áudio!
Curiosa e interessante esta efeméride que inevitavelmente me provoca umas quantas recordações, para além de, em certa forma me surpreender, já que, tendo eu adquirido em 1967 um gravador portátil que as usava como a grande novidade da época, não fazia agora ideia que tivesse chegado ao atrasado e fechado Portugal de Salazar só e apenas quatro anos depois de ser lançada nos mercados nos grandes e importantes países do mundo. Antes, eram os grandes gravadores de bobines de fita que muitas vezes se enrolava e embrulhava a provocar nos utilizadores verdadeiros ataques de nervos pelos registos que se estragavam e perdiam…
Chegou então a Portugal em 1967 - só 4 anos depois de ser lançada! – e, eu, como grande maluco por estas coisas das novas tecnologias, tratei de imediatamente comprar um gravador portátil que as usava. Perante a recriminação do meu falecido pai que achava e bem que o dinheiro se devia poupar, eu avancei para a compra e, hoje, sobretudo hoje, não estou arrependido pela razão que vou contar.
Estava naquele mês de Setembro de 1967 prestes a embarcar para a guerra de Angola e o Estado entregava a cada mobilizado antes da partida uma não muito grande verba mas, mesmo assim algo que ainda dava jeito para umas “festas”… Era assim como que uma pequena guloseima que nos ofereciam para tentar amenizar e adoçar os tempos amargos que se aproximavam…
As verbas eram atribuídas a cada homem consoante o seu posto militar, indo da mais baixa no caso do soldado raso, até à mais alta, ao oficial superior do quadro. No meu caso, como furriel e se a memória não me falha, julgo que recebi por volta de dez mil escudos, qualquer coisa como mais ou menos cinquenta euros na moeda de hoje e tratei logo de os “esturrar” – como o meu pai dizia na época – adquirindo, creio que mais ou menos por sete mil escudos o dito gravador, grande novidade naquela época.
O meu pai era vendedor de várias aparelhos e máquinas que à época iam aparecendo e melhorando o nível de vida e o bem-estar de cada cidadão e, neste caso, era agente de uma casa de Lisboa de aparelhos de rádio e outros para uso no e para o lar. Ele tinha recebido os catálogos onde o gravador era anunciado como a grande novidade e, eu, recebido o dinheirinho do governo, tratei de avançar para Lisboa para o comprar. Creio que não esperei que ele o encomendasse e avancei mesmo pessoalmente para a viagem ao stand da empresa (Olavo Cruz, Ldª) que, ao tempo, ficava ali junto à Praça das Flores.
O gravador, sendo portátil, não era tão pequeno quanto isso se olharmos para os portáteis que se lhe seguiram mas, mesmo assim, não era tão grande quanto se possa imaginar. Mediria aproximadamente talvez uns 35 centímetros por 25, com 8 ou 10 de espessura e foi um sucesso na aldeia! Funcionava a pilhas (6, grandes e redondas) e também a energia electrica, coisa que no Chouto não tínhamos ainda. Usei-o logo para gravar as vozes de meus pais, avós e tias e mesmo de figuras típicas da terra que à data ali viviam e até mesmo o canto de aves que ao tempo o meu pai possuía em grandes gaiolas no quintal. Tenho por exemplo o registo duma simpática gralha que logo de manhã nos saudava com um amigo “Olá!”. O meu pai, pacientemente tinha-a ensinado…
E tenho tudo isso onde? Exactamente numa cassete que na altura adquiri, de que deixo aí a imagem e que me acompanhou em Angola na guerra, do Leste ao Norte daquela terra. Saudosista como sou teria de levar para aquelas distantes paragens e naqueles difíceis dias as vozes dos meus familiares queridos e, na verdade, muitas vezes aqueles registos me mataram as saudades. Foi disso e também das várias musicas que então estavam na berra e que eu ia ali ouvindo repetidamente com a intensidade que de imagina…
Recordo-me que tinha gravado o “San. Francisco” de Scott McKenzie  e o meu velho amigo e companheiro diário de guerra Joel Costa que na data cantava e ainda canta no Coro do S. Carlos, sempre pedia para o reproduzir… Quantas centenas, se não milhares de vezes, a cassete nos ofereceu o San Francisco? Um número inimaginável…Inimaginável!...
O gravador e a cassete foi e andou por Angola na guerra e voltaram intactos e foi-me de um proveito fantástico e, já no regresso a Portugal, usei-o mesmo várias vezes em reportagens para o então “Jornal da Chamusca”. Foi ele, por exemplo, que me gravou a então minha ida à bruxa que já aqui descrevi. Como não o podia utilizar à vista da senhora, usei-o oculto numa velha pasta do meu pai e, ligando-o antes de sair do carro para a “consulta”, nunca larguei a pasta e, por exemplo, na dita “consulta” que ocorreu comigo sentado numa cadeira, coloquei a pasta no colo, com o prato com água e alguns pingos de azeite encima e foi assim que captei as trapalhadas que a senhora ia dizendo sobre o azeite que não se “escangalhava”…… Lembro-me da impaciência que sentia antes de verificar se a gravação tinha ficado em bom estado… Logo depois da partida da casa da bruxa parei o carro e mandei pulos de contente quando comprovei que a gravação estava impecável. Deixo aí também a foto onde seguro a pasta com o gravador oculto.
Tive o simpático gravador comigo até ao dia 6 de Maio de 1974. Nesse dia um desgraçado assaltou-me o apartamento onde vivia e, para além de outros objectos “limpou-mo” bem como umas quantas cassetes que estariam junto mas, felizmente esta, a 1ª e para mim muito mais valiosa, talvez porque estivesse fora do lote, ele não roubou. Tenho-a comigo e tem para mim um valor imenso, como é de imaginar.
Nela tenho as vozes dos meus queridos antepassados já falecidos e mais umas quantas recordações da minha aldeia, como as vozes do Isca, do Tainhas e do Venâncio, figuras típicas do Chouto daquela época e de cujos registos fiz uma recente edição que publiquei na net e que me deu particular satisfação!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 DE SETEMBRO


11 de Setembro de 2001 ou, simplesmente, 11 de Setembro. Data para sempre na nossa memória e que jamais poderemos esquecer!
O impensável, o inimaginável aconteceu! Aconteceu e foi terrível!
Penso que, como eu, milhões em todo o mundo sabem onde estavam naquele dia, àquela hora, naquele momento… Eu jamais esqueci. Eu jamais esquecerei.
Como foi possível uma nação como os Estados Unidos da América ser surpreendida por tamanho atentado, é coisa que nos interrogamos e ainda hoje nos admira…
Um atentado medonho, com prejuízos incalculáveis e com as cerca de 3.000 mortes de pessoas que nem souberam de que morreram... Dramático de mais.
Desde esse instante nunca mais o mundo foi igual! Tudo mudou e tudo se alterou! Para pior!

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

SITE - 30.000 VISITAS!


30.000!
30.000, é o total de visitas que o meu Site Pessoal acaba hoje de alcançar o que, naturalmente, deixa-me muito satisfeito! E se repararmos que nos últimos seis meses, de Março a Agosto, totalizaram 15.000 as visitas feitas? Digno de registo, parece-me!
Tratando-se de um site que não aborda o futebol, a política, as canções e os espectaculos inerentes, ou até as tricas entre grupos e pessoas e onde praticamente só mostro imagens e documentos da minha vida e dos familiares e amigos que me cercam e que fazem o favor de não se importunar com a divulgação que faço das suas pessoas, parece-me que conseguir tanta visita em tão pouco tempo é facto de assinalar.
Julgo que para este sucesso muito contribuiu o ter obtido o domínio para o site – decorar o meu nome, separado apenas por um hífen, em vez de uma morada mais extensa, facilita a memorização – e também e principalmente o ter sido divulgado no Facebook deverá ter aumentado substancialmente as visitas.
Registando actualmente uma média de 80 a100 visitas diárias faz-me supor que muitos dos amigos visitantes já ganharam o hábito de regularmente efectuarem uma visitinha ao espaço, o que me deixa muito satisfeito! Curiosamente não há é o hábito de deixar comentários na página “Livro de Visitas” e muitos optam por os fazerem no Facebook julgando eu que isso aconteça por comodidade... Mas tenho pena…
Pelo contador ali instalado vejo que tenho visitantes em diversos países do mundo (no total nesta data de 15 países - sendo que uma visita foi feita no alto-mar! – mas, logicamente, na sua maioria, as visitas são esporádicas… Regulares são as permanências no meu site de amigos para além de Portugal igualmente do Brasil e dos Estados Unidos da América! Mas tenho também recebido visitas da Rússia, do Reino Unido, do Canadá e até da India! Como o site tem instalado um tradutor automático, acredito que entenderão o que veem… Tenho visitantes em todos os continentes com excepção da Oceânia… Na Austrália ainda não descobriram a existência do meu espaço virtual…
Porque me dá prazer este trabalho vou prosseguir, contando com a generosidade e benevolência dos meus amigos visitantes e prometo que, logo que tenha a cabeça mais desanuviada dos “parafusos” que há tempo de mais a incomodam, completarei e actualizarei o site e o blogue muito mais e estes espaços ficarão então muito mais completos e dinâmicos. Ideias não me faltam. Oxalá a paz psíquica e anímica voltem… 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

NO ALTO MAR!


A acreditar como verdadeira a informação do contador do meu Site Pessoal, tive um visitante que a ele acedeu no passado dia 31 de Agosto em… Alto Mar!
Fica aí a imagem para o comprovar. Assinalada a visita, a vermelho, no Ato Mar, ao largo da costa africana.
Parece-me uma informação no mínimo curiosa, acreditando que poderá eventualmente tal ter ocorrido numa embarcação, já que não me parece viável que tenha acontecido numa aeronave…
Seria tão interessante saber quem me visitou naquele mar imenso!...
Entretanto as 30.000 visitas estão prestes a ser registadas, sendo que elas ocorreram desde 14 países e as últimas 15.000 registaram-se nos últimos seis meses!
Quando atingir as três dezenas de milhar assinalarei aqui também, dado me parece um número bem interessante e significativo.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

INCÊNDIOS - O DRAMA DO COSTUME


Chegados ao Verão aí estamos, como já há décadas nos habituamos, com os incêndios a varrerem Portugal de Norte a Sul, deixando prejuízos materiais incalculáveis e sobretudo mortes e feridos graves. Mortes várias e, à data em que escrevo, soma já cinco o número de bombeiros que pereceram no combate aos fogos na floresta portuguesa.

É a triste realidade deste nosso país sem que, ano após ano, passado este flagelo, se tomem medidas preventivas para prevenir e minorar esta tragédia anual.
No meu ponto de vista e ainda que seja preciso agravar as penas para os incendiários assassinos, é na prevenção que estará a solução para, se não acabar, pelo menos reduzir substancialmente estes terríveis sinistros que tanto nos prejudicam e entristecem.
A floresta portuguesa, todos o sabemos, está ao abandono e seria fundamental que fosse limpa, tratada e preparada para poder ser rápida e eficazmente preservada em caso de incêndio.
Temos militares e regimentos de engenharia e que agora até são pagos; temos presos sem nada fazerem de útil; temos beneficiários do chamado Regime Social de Inserção que, em muitos casos, nada fizeram na vida e vivem desse subsídio e de “golpes”; temos toda essa gente que bem poderia e deveria ser posta a trabalhar na limpeza da floresta e em proveito da sociedade e do país.
Bastava o Estado começar a efectuar a limpeza das suas matas e tudo melhoraria substancialmente. Sim, porque é o Estado que deve dar o exemplo para depois ter autoridade para impor a limpeza aos particulares…
Bastava que o Estado e os governos quisessem e tudo, tudo seria diferente na floresta portuguesa… Para melhor.

EM TEMPO - Para além da destruição e do drama que constituem os terríveis incêndios, temos também o negócio florescente que próspera com o seu combate aéreo mas, isso, são contas de outro "rosário"...

domingo, 21 de julho de 2013

O(S) ÓBVIO(S)

Como já era óbvio e, eu, como certamente a grande maioria dos portugueses que acompanham estas coisas da política o prevíamos, não aconteceu o acordo entre partidos que Cavaco sugeriu. Sendo isso desejável para bem do país, era óbvio que não o era para as estratégias eleitoralistas dos partidos e sobretudo do Partido Socialista que só espera que o tempo passe, a maioria governamental faça o “trabalho sujo” e, na hora devida, o poder lhe caia no regaço…

E, como também era óbvio, o Presidente da República acaba de voltar atrás e fazer o que deveria ter feito quando resolveu meter-se nesta trapalhada de propor um acordo a três: convida Passos Coelho a remodelar o governo e, uma vez que já tem a nova Ministra das Finanças aprovada pela Alemanha, já está meio caminho andado e o governo recauchutado seguirá por mais uns tempos.
O lógico seria dissolver o parlamento e convocar eleições mas, como bem sabemos, isso não seria aconselhável. A convulsão seria grande, a incerteza aumentaria e os mercados penalizariam fortemente o país com o aumento dos juros. Mesmo assim, esta “brincadeira” de Cavaco, que ainda durou uns pares de dias, deverá ter custado uns bons milhares a todos nós…
Acresce ainda que, convocando eleições, para além dos inconvenientes enunciados, não resolveria quase de certeza o problema porque parece evidente que, com este PS e esta liderança – Seguro é tão fraco no PS quando Passos no PSD e ambos vêm das respectivas “jotas”… -, o Partido Socialista, embora vencendo as eleições, não alcançaria a maioria e aí estaríamos novamente metidos numa embrulhada…
Teremos então um novo governo recauchutado, recolhidos que foram os cacos da implosão que eles próprios produziram no seu seio e avançará nem sabemos bem como, tantas serão eventualmente as contradições e conflitos entre os seus membros.
Se Portas for a vice-primeiro ministro haverá curiosidade em ver como habitará com a Ministra das Finanças que ele não queria e, a confirmar-se o que se diz por aí, resta saber como no interior do PSD se engole ver o pequeno partido da coligação ter mais influência governamental que o maior e vencedor partido da coligação…
Para além disso, ver a promoção de Maria Luis Albuquerque a Ministra das Finanças, ela que esteve no negócio (?) em que o Estado vendeu um banco (BPN) em troca de nada, facto que ainda mexe e mais uns quantos outros “rabos de palha” de que a imprensa se faz eco, não me parece coisa acertada… A senhora, que tomou posse naquela rocambolesca e lúgubre cerimónia no dia que o governo tinha caído com a demissão de Portas, partirá muito fragilizada e veremos se se aguenta… Ainda que goze do apoio da Alemanha…

quinta-feira, 11 de julho de 2013

REPITO: OS CRENTES QUE REZEM!


Há já muito tempo que considero Cavaco Silva uma fraca figura da nossa política e, mais agora, muito mais agora, que ocupa o cargo de Presidente da República.

Já aqui o tenho escrito e, se dúvidas ainda me restassem, aí temos  esta sua surpreendente opção para tentar superar a grave crise governamental desencadeada primeiro com a demissão de Victor Gaspar, Ministro das Finanças seguida depois da de Paulo Portas, ministro dos Negócios Estrangeiros...

Cavaco, enquanto ouvia os partidos teve a solução resolvida, encontrada pelos dois partidos do governo e até já aprovada em parte publicamente pela Alemanha e por Bruxelas e, agora, passados uns dias e, surpreendentemente, eis que tira um coelho da cartola e avança com uma solução absolutamente disparatada, sem jeito, sem tino e, quanto a mim, absolutamente inviável.
Então, ciente que não entendo nada disto e ainda que sem os conhecimentos que um Presidente da República obrigatoriamente tem de ter, quero perguntar:
1º - Como pode um partido da oposição (PS) – que ainda há dois meses, aquando do discurso presidencial do 25 de Abril, foi tão durante atacado – sabendo que está prestes a montar o “cavalo do poder”, aceitar afastar o dito cavalinho e perder essa possibilidade que se avizinha?
2º - Como é possível, nestas condições e com este cenário, um Presidente da República propor um acordo a três para a formação de um governo de salvação nacional?
3º - Como pode um Presidente da República marcar eleições antecipadas - com um ano de antecedência!... - , esquecendo que assim nenhum novo ministro aceitará de bom grado o seu cargo por saber que, em vez dos dois anos em falta para o final normal da legislatura, vai estar a prazo apenas por um ano?
4º - Como pode um Presidente da República esquecer que, com a mais que provável inviabilidade desta sua proposta, prolonga e avoluma a crise governamental que já é muito grave?
Cavaco, intelectualmente muito fraco e de caracter pessoalista muito acentuado, tem por norma não perdoar facilmente e, desta vez, foi muito além do impensável... Para além de se sentir ofendido por ter sido o último a saber da demissão de Paulo Portas – no que tem absoluta razão de queixa! – não pode com Portas desde os distantes tempos do “Independente” e, vê-lo agora em ascensão – com a proposta apresentada pelo novo governo de Passos ele ficava em vice-primeiro ministro e… com largos poderes… - era coisa que tinha de travar e inventou esta trapalhada. Trapalhada que encosta os “partidos à parede” de forma clara e ostensiva mas que, não me enganarei, os partidos lhe devolverão, encostando então Cavaco a uma outra parede… Cavaco “fisgou” os partidos – com o PS bem, bem, na mira da fisga!... – e, como resposta, terá o retorno da fisgada…
Sou pois da opinião que não há hipótese da solução proposta ter pernas para andar, a não ser que aconteça um milagre… E, pessoalmente, não acredito em milagres...
Sendo assim e na inevitável previsão dos difíceis e dramáticos tempos que aí vêm, repito o já antes aqui sugerido: Os crentes que rezem!...

Os crentes que rezem!...

sábado, 6 de julho de 2013

PESQUINHA DE EMOÇÕES!


Os homens da meteorologia prometiam-nos elevadíssimas temperaturas para todo o país e particularmente para a zona de Lisboa e para o Ribatejo e Alentejo a coisa não se fazia por menos de quarentas… Qualquer coisa como 42/43º o que, convenhamos, não é coisa que se prometa…
Para não perder o sábado de pesca optei então por sair bem cedo na prespectiva de pescar até às 11 horas e vir almoçar a casa no agradável fresquinho da habitação e felizmente  assim fiz. Mas… entretanto, ocorreram as emoções da minha pesquinha…
Saída pelas 6 da matina e chegada a um local casualmente não usual – danada de escolha!... - na fronteira entre o Ribatejo e o Alentejo e…o imprevisto aconteceu…
Uma pequena distracção e a bronca deu-se…
A viatura com as rodas da frente “atascadas” num sulco de terreno arenoso feito pelas águas das chuvas de Inverno e, já estás encravado rapaz!...Carro “atascado” patinando e… nem para frente, nem para trás.
Bonito trabalho logo ás 7 da manhã! E agora? E agora??? No meio do mato, sem viva alma por perto, a 7 ou 8 kms do asfalto e com os montes das herdades embora mais perto mas sempre a 2,3,4 kms…Bonito trabalho!
"Põe-te "a cavalo" nas pernas, Victor! Põe-te "a cavalo" nas pernas e vai à procura de ajuda!"
Danada de sorte! O Sol já a aquecer bem e as escassas sombras dos sobreiros a surgirem uma aqui, outra acolá; as pernas a começarem a doer; as gorduras a derreterem em suor corpo abaixo e, as danadas das moscas a não me largarem olhos, orelhas, pescoço… E passam 5 minutos, 10, 15, 20 minutos, meia hora!… Eis então que ouço ao longe um ruido de um carro… Percorridos entre 2 e 3 kms a penates eis que finalmente vem aí um viajante salvador deste pescador enrascado!
Era um sujeito simpático que prontamente me transportou ao monte mais perto – mais 1 km -  e aí o Encarregado da herdade, igualmente solícito, em 5/10 minutos resolveu a situação puxando a minha encravada “carroça”. Respirei fundo, descansei um pouquinho e, perdida que estava cerca de uma hora e meia, iniciei a minha viciada pesquinha.
E, correu bem! Correram bem as duas horas que pesquei! Ferrei mais um achigã de 1 kg e fugiu-me outro de igual porte. Soltou-se depois de ferrado e ainda bem porque assim pude vê-lo logo, logo de seguida, a escassos 10 metros de mim, num enorme salto, talvez de meio metro fora de água, a papar uma libelinha das muitas que por ali esvoaçavam!
Foi deveras espectacular ver o bicho fora de água, bem no alto, algo torcido e com as guelras bem visíveis! Bonito! Muito bonito! Pelo espectáculo gostei que ele se tivesse antes libertado! Palavra que gostei! Fui bem recompensado! Excelente momento!
Fica aí a imagem desta mais recente captura com a esperança de que não seja a última!...

terça-feira, 2 de julho de 2013

OS CRENTES QUE REZEM!...


E eis que, desta vez e sem que se imaginasse possível face à gravidade da situação económica, social e financeira que vivemos, temos um governo de rapazes “jotas”, incompetentes e irresponsáveis que cai!
Cai estrondosamente!
Desgastado, dividido e podre!
Lamentável! Lamentável de mais!
Lembro que, já em 17 de Setembro do passado ano aqui vaticinei que o governo ficava a prazo e, depois de uns meses decorridos, com imensas crises que foram “abafadas” – sabe-se agora que o ministro das Finanças logo em Outubro fez o seu primeiro pedido de demissão a que se seguiu um outro e este de ontem, oito meses depois… - e onde várias “guerras” com o CDS/PP  foram mais que publicas, eis que este bando de garotos incompetentes e irresponsáveis caem de podres, zangados e, certamente, com os insultos que se adivinham para breve.
Na verdade, depois do ainda hoje primeiro-ministro Passos Coelho ter hostilizado tudo e todos – lembro as confederações patronais; os sindicatos e a UGT que lhe dava um precioso apoio; o PS, principal partido da oposição que tão útil lhe poderia ser... – foi “dando com os pés” no seu parceiro de coligação e não poderia esperar outra posição do PP… É verdade que Paulo Portas, inteligente e astuto, é mestre em jogos políticos mas, também é verdade que, ao longo destes dois anos, foi engolindo muitos sapos…
Acabo agora de ouvir Passos afirmar que não se demite e pasmo… Só ele parece ainda não saber que já caiu e já nada manda porque o seu governo não tem mais hipótese... Não tem agora nem teria há muito se tivéssemos em Belém um inquilino com um mínimo de competência, coisa que ele não tem… Dar posse há pouco à nova ministra das Finanças, quando todos já sabíamos que Paulo Portas tinha pedido a demissão, é demasiado triste e até mesmo patético. Patético e inimaginável! Um presidente, com um mínimo de valor e credibilidade, teria dado dois murros na mesa, não entrava naquela farsa, não dava posse à ministra e punha todos estes garotos na ordem. Mas, infelizmente, “isto” é o que temos…
Agora, esperam-nos dias ainda mais difíceis e bem mais preocupantes, não só porque a senhora Merkel e os restantes credores vão cair encima de nós, como sobretudo porque olhamos em redor e... e... não vemos alternativa a esta trampa…
Uma tristeza!
Os crentes que rezem…  

domingo, 23 de junho de 2013

PESQUINHA BOA!


Aconteceu há já oito dias – mais exactamente no dia 15 deste mês de Junho - mas só hoje resolvi deixar aqui o registo da minha primeira captura de jeito na viciada pesquinha ao achigã que venho praticando há já dezenas de anos.

Já no final da muito pouco agradável Primavera deste ano, com muita chuva e até bastante frio, fui pela 2ª vez ao Alentejo e, por via das águas ainda registarem temperaturas baixas para a época, mandou-me a experiência escolher uma pequena represa de águas pouco profundas e por isso com elas já um pouco mais temperadas facto que permitiria aos peixes saírem dos fundos, entrarem em mais actividade e assim visitarem as margens e as águas de melhor prática da minha pesca.
Escolhi bem e consegui fisgar um bonito exemplar de 1 kg numa zona da barragem em que, no meio de ervas aquáticas, a água não teria mais de meio metro de altura.
Dá sempre uma satisfação especial pescar um bichinho já com um peso bem interessante, tanto mais que um peixe destes, para além do peso, já provoca uma certa resistência para além dos saltos que dá na tentativa de se libertar, coisa que na verdade não aconteceu com este porque foi algo submisso. Libertou-se depois, já fora da água e, quase retornava à água, não fora o impedimento deste bicho homem…
Para início da minha modesta actividade piscatória não foi mau e, agora, só me resta continuar na busca dos, irmãos dele… eh! eh!