sábado, 16 de abril de 2022

OS PIRILAMPOS DE MINHA SAUDADE

Eram uma atracção interessante nas noites de Verão do meu Chouto natal nos idos tempos da minha infância e juventude.

De Junho a Setembro sempre tivemos muito calor na aldeia e, à noite, aproveitando um pouco a temperatura mais amena, tínhamos por hábito juntarmo-nos às portas de uns e outros, sentados na calçada de seixos redondos e aí passarmos uns bons pedaços do serão contando inocentes histórias, anedotas, adivinhas e, vamos lá, relatando ditos e mexericos que, no Chouto, como em cada boa aldeia portuguesa, sempre abundavam.

Não havia luz electrica e as noites, a não ser que tivéssemos a ajuda do luar, eram mais ou menos escuras mas, como já estávamos habituados, a escuridão não era problema de maior.

Problema de maior eram as danadas das melgas…

Como junto à aldeia se cultivava então muito arroz (Anafes, Mercador, Vale da Bezerra) as chatas das melgas abundavam e… incomodavam de mais! Picavam a valer as desgraçadas e, quando sentíamos uma ou outra pousar-nos nos braços, na cara, nas orelhas, no pescoço, tentávamos liquida-la com um valente estalo mas, vezes sem conta, a bicha pressentia a nossa intenção e… batíamo-nos a nós próprios… Valentes estalos dávamos e... levávamos!…


Mas tínhamos nas noites escuras mais outras simpáticas criaturas esvoaçando e que,  piscando luz, sempre eram motivo de atenção e atracção: Os pirilampos, os vaga-lumes ou, como lhes chamávamos então, os “caga-lume”.

Pois os simpáticos pirilampos, vitimas dos pesticidas, do crescimento urbano e também na nossa região dos pântanos e águas estagnadas que diminuíram, têm tendência em desaparecer. Pouco a pouco vão-se extinguindo. Pouco a pouco vamos deixando de os ver.

Anos atrás vi um ou outro na Beira Alta numa noite de Verão mas, de então para cá, não mais me visitaram…

É certo que moro na cidade e a iluminação pública impede o seu vislumbre na noite mas, pelo que tenho conversado com outras pessoas e pelo que encontrei agora num jornal, os vaga-lume estão mesmo a desaparecer...

Pena!... Tudo acaba, caramba!...

Tenho saudades dos "caga-lume" do Chouto.

terça-feira, 5 de abril de 2022

FÍGADO - AGRADECIDO, DE NOVO EM CASA!

Foram 27 horas. Apenas 27 horitas de internamento para realizar a Quimioembolização!

Bom atendimento de enfermagem, médicos, pessoal auxiliar e recebendo de todos uma boa vontade e um sorriso dignos da maior gratidão e, mais uma vez, só tenho de dizer bem do Serviço Nacional de Saúde (SNS). 

Tendo entrado ontem pelas 7,30 h. no hospital e iniciado de imediato os preparativos indispensáveis, uma hora depois estava a ser levado do quarto para os serviços de Radiologia e, muito curto tempo decorrido o procedimento de Quimioembolização teve início.

Pouco mais sei porque, face aos meus queixumes de dores sentidas com a introdução do catecter na artéria, a Senhora Doutora que fez o favor de me aturar, pôs-me a “dormir” e só acordei 2 horas depois já de novo no quarto. 

Sem dores, bem disposto e, de certo, com o início do caminho de me ver livre de mais um nódulo dos que, teimosamente vão surgindo na minha pecinha das “iscas”, saí hoje 27 horas volvidas pelo meu pé e com a agradável companhia de uma Auxiliar – Cátia, de seu nome - que, pegando-me na maleta e pedindo que lhe desse o braço, fez questão de me acompanhar à porta de saída do hospital, como deixo aí documentado em foto.
 

E, pronto, agora, resta aguardar mais umas semanas para que, cortado o “alimento” (sangue) ao indesejável hóspede do meu figadozinho, o danado seque e deixe de preocupar.

Tudo saberes e evoluções da ciência criada ao longo dos tempos pelos muitos homens e mulheres que gastaram dias e noites das suas vidas a estudar, a aprender, a criar produtos e métodos para prolongar vidas e manter a saúde e o bem-estar de outros seres humanos.

E, eles sim, como bastas vezes o tenho escrito, eles são os verdadeiros Senhores Doutores da nossa sociedade e assim sempre os trato, com admiração, estima e, sobretudo, muita gratidão! 

Graças a eles e ao que estudaram e aprenderam, com muitos fazendo da sua profissão um verdadeiro sacerdócio, o ser humano vive hoje melhor, por mais anos e, de certo sofre menos.

E, não obstante tudo isto, seguramente, muito mal remunerados no nosso país no SNS.

Honra lhes seja feita!

BEM HAJAM! 

domingo, 3 de abril de 2022

FÍGADO – A “RECAUCHUTAGEM” VI VAI ACONTECER

E aí vou eu amanhã bem cedinho e pela 6ª vez para a “oficina” para mais uma intervenção a realizar pouco tempo depois da chegada para, no dizer dos senhores doutores, eliminar um restinho de um “brinco” que ficou da última “visita” de Dezembro passado.

Vou em 6 “recauchutagens” e, sendo bem pouco agradáveis, há que ter coragem e esperança que a coisa não vá a pior porque, nas palavras do amigo doutor que há quase 5 anos me acompanha, indo assim é sinal que vamos tendo remédio para a maleita porque, mau será se algo surgir em que a solução já não exista. E, pensando assim, cá vou prosseguindo...

Uma vez que serei intervencionado cedinho no dia da entrada e se tudo decorrer consoante o previsto, é bem provável que seja de curta duração a estadia, coisa de poucas horas, que me agrada e desejo, claro.

E, pronto, - creio que me repito mas como é o que sinto… - “vamos em frente que atrás vez gente”.