segunda-feira, 17 de setembro de 2012

GOVERNO A PRAZO


Se na verdade sempre considerei Passos Coelho uma “rapaz” claramente impreparado para a difícil governação que tinha pela frente, sempre esperei que a equipa que criou para o acompanhar, com destaque para as Finanças e Economia com homens vindos do estrangeiro, aliviasse essas dificuldades e avançasse com uma governação, embora muito difícil mas eficiente.
Desde cedo todavia se notou que tínhamos ali coisa de reduzida valia. Efectivamente, por exemplo, no caso do Ministro da Economia, foi por demais evidente a sua impreparação e falta de jeito para o lugar e desde cedo saltaram à vista as suas dificuldades. Mas, se neste caso e em mais um ou outro, se poderiam apontar falhas, a verdade é que o governo ia governando, as negociações iam avançando periodicamente com a “troika”e o dinheirinho da estranja ia entrando conforme as necessidades, não obstante as duras medidas que se iam implementando mas que, embora com muita contrariedade, os portugueses iam suportando.
É verdade que tudo apontava para que as metas do défice não fossem atingidas do final do ano e discutia-se a bondade das medidas impostas pelos credores mas, pensava o povo que com mais umas negociações, o prolongamento do prazo antes marcado, etc, fosse possível ao governo contornar as dificuldades e prosseguir o difícil caminho. Até que… até que surgiram as erradas medidas e a desastrada comunicação do primeiro-ministro de sexta, dia 7…
No anterior apontamento considerei as medidas e a comunicação um erro colossal e logo ali previ grandes e graves consequências e, a ver pelo que se seguiu neste últimos 10 dias, é bem claro que não me enganei. Temos aí, sem a mais pequena dúvida, um governo a prazo!.
Desde o momento da comunicação de Passos Coelho até ao instante em que escrevo temos assistido a uma sucessão de acontecimentos qual deles a mais prejudicial e agravante para a estabilidade e manutenção do governo.
Desde a publicação de imagens de Passos Coelho sorridente e a cantar, obtidas logo depois da comunicação num concerto musical, a que se seguiu um incrível e mau de mais escrito seu no Facebook, assim como um “perdoa-me”, tivemos depois inimagináveis reacções de várias personalidades das áreas dos partidos do governo, entre as quais se destacou – e de que maneira!!! – a de Manuela Ferreira Leite que em 45 minutos de entrevista arrasou o “seu” governo de forma absolutamente surpreendente e até de forma inadmissível, chegando a convidar os deputados do PSD e CDS a vetarem o O.E.. Coisa absolutamente impensável que viesse a sair duma ex presidente do PSD…
Depois foram muitas outras personalidades a expressar-se contra o governo e sobretudo à sua inédita e inconcebível decisão de aumentar a TSU em + 7% (um aumento de mais de 60%) para a entregar às empresas. Coisa nunca vista em parte alguma e fortemente contestada por todos. Não vimos um único sector, uma única pessoa a aprovar esta medida e até assistimos ao caricato de ver os próprios patrões a informarem que assim não queriam… Um desastre! Um desastre de colossais consequências já que, logo de seguida, tivemos as enormes manifestações pelo país inteiro com a participação diria maciça da população, com gente de todos os quadrantes políticos e sociais e a fazer lembrar as manifestações do tempo da revolução.
As manifestações foram de um sucesso estrondoso e, como se esperava, o seu efeito teria e terá de ser também estrondoso!
E ainda não falei do mais grave… Do muito mais grave que logo, logo surgiu…
Na verdade, aí temos o CDS, parceiro de governo, a tentar “roer a corda” ou, melhor dizendo, a querer ficar no governo e fora dele. As suas declarações, depois da reunião do seu Conselho Nacional são isso mesmo. São isso mesmo e foram tão graves que o PSD, na hora em que escrevo, se prepara também para reunir os seus órgãos para tomar posição…
Temos assim que, não obstante a gravidade da situação, tendo em conta a nossa dependência dos dinheiros dos outros e as sempre difíceis negociações com esses credores, o senhores políticos da governação PSD/CDS se digladiam já na praça pública, de onde resultarão consequências ainda difíceis de adivinhar mas que apontarão certamente para o governo que, a manter-se, fique nitidamente fragilizado e por isso a curto prazo terá o seu fim.
Esta é a minha previsão e acredito que será a de muitos observadores e talvez mesmo de uma boa parte da população portuguesa.
E, importa não esquecer também – coisa que muitos estranhamente têm relegado para fase posterior… - a decisão do Tribunal Constitucional, claramente afrontado por estas decisões do governo e que, se por ele forem vetadas, funcionará como um verdadeiro terramoto…
Segue-se agora a reunião do Conselho de Estado convocado pelo Presidente da República e, como nele se sentam personalidades cuja posição já é antecipadamente conhecida, adivinha-se o que ali dirão muitos dos conselheiros… Isto se até lá o governo não cair…

sábado, 8 de setembro de 2012

ERRO COLOSSAL


Parece-me um erro colossal a forma e o conteúdo das terríveis novas medidas de austeridade ontem anunciadas apressada e atabalhoadamente pelo 1º ministro Passos Coelho e julgo que as suas consequências serão desastrosas para tudo e todos!
Errou dramaticamente o governo com estas medidas e a seu tempo, que não tardará muito, veremos como não estou errado nesta minha apreciação.
Começou logo pela habilidade saloia de apressadamente “encostar” a comunicação ao início do jogo da selecção de futebol com o Luxemburgo, de um jeito que toda a gente percebeu e que, logo aí, calcava para baixo essa própria comunicação e terminou depois com as drásticas e elevadíssimas medidas anunciadas de cortar os vencimentos dos particulares em 7% porque, como é evidente, o pretexto invocado de que é um aumento do desconto para a Segurança Social não é mais do que um enorme corte nos ordenados dos portugueses. Um novo imposto!
Assim, de um penada, Passos Coelho mandou  às urtigas a pouca simpatia com que ainda era visto pelos portugueses e arranjou um enorme pretexto para que o PS, que aguardava por uma ocasião para quebrar o pouco consenso político ainda existente aos olhos da “troika” e do exterior, agora volte as costas ao Orçamento e o reprove, provocando uma crise que certamente nada ajudará nas reuniões com os credores da “troika”.
Para além disto e certamente não em menor escala de gravidade, criou a oportunidade e a razão para a certamente enorme contestação social que aí virá porque, se é indiscutível que muitos milhares de portugueses vivem hoje a passar por imensas necessidade e mesmo no limiar e na própria pobreza, é uma gritante verdade que com estas medidas e certamente outras que aí virão com as consequências dos novos escalões do IRS que anunciam, o nível de vida de todos descerá dramaticamente, o desemprego – ao contrário do que prevê o 1º ministro! – aumentará  e a pobreza, se não mesmo a miséria, estará instalada.
Este governo, estes economistas e esta “troika”, com estas medidas de nivelar tudo por baixo, colocando um país verdadeiramente a  “ pão e água” é uma política, segundo o meu ponto de vista, profunda e dramaticamente errada. Ninguém compra nada a ninguém, o comércio não funciona, as indústrias estão na ruina, as empresas fecham, o desemprego aumenta assustadoramente e não tardará muito o caos será total porque as convulsões sociais estarão aí num muito curto prazo.
Veja-se o elevado número de falências das empresas – até Junho passado  já abriram falência tantas como em todo o ano de 2011 e aí já o número, de mais de 4 mil, era elevadíssimo… - veja-se o aumento em flecha da criminalidade com roubos e assaltos a toda a hora e pense-se até nos crimes familiares e caseiros a que certamente a crise financeira familiar não será estranha e calcule-se o que aí virá com estas novas e preocupantes medidas.
Para além disto acho que o governo afrontou e abriu um conflito com o Tribunal Constitucional do qual não sairá muito bem. Parece-me que os motivos que o tribunal apresentou para chumbar os cortes nos subsídios se mantêm e adivinho dias complicados e nada fáceis para os entendidos na matéria.
No meu caso, como no de muitos reformados, nada nos resta fazer se não assistir ao escandaloso roubo feito por este governo que nos retira da carteira, sem nos pedir, dinheiro que era nosso de pleno direito pelos muitos descontos que efectuamos ao longo de uma vida de trabalho. O dinheiro é dos reformados e pensionistas e o governo rouba-o vergonhosa e descaradamente.
Esta e tantas outras decisões em que as pessoas não são tidas em conta é algo nunca visto nesta terra e que terá forçosamente que acarretar consequências.
Prevejo isso e certamente não deverei  estar enganado…