domingo, 21 de dezembro de 2014

CENTRO DE ACOLHIMENTO - UMA PÉROLA NO CHOUTO!


Não obstante já ter passado um dia sobre a minha visita ao meu Chouto e particularmente ao seu Centro de Acolhimento Social onde se realizava a sua Festa de Natal, devo confessar que ainda escrevo debaixo da excelente impressão e sobretudo da forte emoção sentida depois da minha estada e da magnífica vivência experimentada naquelas breves horas que ali permaneci.
Temos ali, no pobre e humilde mas muito limpo e bonito Chouto, uma obra de muito valor que muito me impressionou, embora eu já bem soubesse que tínhamos ali algo de muito prestimoso e válido.
É, pois, ainda muito impressionado com o que vi no tocante ás magníficas instalações - de que deixo aqui duas esclarecedoras fotos - e ao ambiente ali vivido que redijo este apontamento e, só por isso já seria uma boa razão para este meu escrito mas, é sobretudo – muito sobretudo por isso! – pela emoção que sinto por, conhecendo muitas daquelas pessoas, muita daquela gente ali instalada e frequentadora do Centro e vendo como são bem tratados e por sentir como são felizes, esses velhos conterrâneos amigos e conhecidos, que mais me impele a aqui deixar as minhas impressões sobre tudo o que vi ontem no Chouto.
E é por conhecer aqueles velhos e humildes conterrâneos que em muitos casos viveram toda uma vida rural, cavando – cavando! - e retirando da terra com o seu árduo trabalho o parco sustento, muitas vezes numa dura e dramática sobrevivência, vivendo em casas muito humildes, muitas de piso de cimento e até de chão térreo, de telha vã, quentes no Verão e sem aquecimento nos frios Invernos da região para além da pobre lareira e das fracas mantas na cama, sem água canalizada e instalações sanitárias, é por os ver agora tão bem instalados que me emociono fortemente. Muito fortemente! Sinto o seu sentir; aprecio a sua estima e agradecimento pela forma como são tratados; aprecio a sua gratidão pelo carinho e dedicação que ali recebem, agora que se lhes apresenta o Inverno da vida.
E, numa época em que frequentemente a comunicação social nos confronta com notícias de situações tão condenáveis neste campo da assistência social com lares degradados, má assistência aos idosos quando não até de maus tratos e abandono em muitos outros casos, constatar que numa terra tão pequenina e pobre como o Chouto foi possível criar e manter uma realidade tão bonita e importante como o é o seu Centro de Acolhimento Social, merece todo o meu aplauso e justifica estas minhas palavras que são também de homenagem e agradecimento a quem a torna possível! Homens e mulheres, filhos e amigos da terra, gente competente, dedicada e prestável que não regateia esforços e inteligência, querer e crer para tornar possível tão louvável realidade! Bem hajam!
Bem hajam porque, graças a todos eles, o Centro de Acolhimento Social do Chouto é hoje uma bonita e valiosa pérola na aldeia!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SEM PESCA, PESCADOR SOFRE...


É, sem dúvida, o meu desporto preferido! É, francamente, a minha distração favorita!  

Pela pesca e, sobretudo, pela pesca ao achigã, troco tudo. Gosto também muito de ver um bom jogo de futebol, do meu Sporting ou da selecção portuguesa mas, se puser isso em equação e, isso já tem acontecido, opto nitidamente pela pesca em detrimento do futebol.
A adrenalina da pesca, do sentir o peixe pesando e puxando na outra ponta da linha; a emoção de imaginar e depois ver o porte do peixinho; o ar puro; o contacto com a natureza; o observar a vegetação, a floresta, as culturas, as aves e os animais selvagens, é algo que não troco por nada. Na pesca o tempo passa sem darmos por isso e, ainda que tenhamos muitas preocupações, ali, elas são esquecidas e, não raras vezes quando olhamos para o relógio, ficamos muito surpreendidos por já terem passado uma, duas e mais horas…
Mas, a pesca do achigã, sobretudo em Portugal, tem esta vicissitude do prazo em que não podemos pescar por causa do clima que no país se faz sentir… É verdade que o “defeso” de 2 meses até é relativamente curto e suporta-se mas, a esse período temos que somar a parte final do Outono e sobretudo todo o Inverno o que, somado ao tempo do “defeso”, eleva para cerca de 6 meses em que a pesca não é agradável e apropriada. Com o frio as águas arrefecem muito e os peixes procuram as águas mais profundas, menos frias e deixam de frequentar zonas menos acessíveis a pescadores de margem como eu. Para além disso, como que hibernam, ficam quietos e deixam de se alimentar. O achigã funciona dessa forma, tem esse metabolismo e a isso temos de nos adaptar.
Foi por tudo isto que, quando a 28 de Outubro, no final do dia, findei a minha pesquinha, achei que seria o meu encerramento deste ano e criei esse bonequinho que acompanha este escrito. Ainda tinha o mês de Novembro pela frente mas não seria previsível que a chuva e o frio que surgiriam inevitavelmente permitissem que continuasse… E assim foi, na verdade. Neste Novembro não tivemos frio mas a chuva não nos largou…
Resta-nos aguardar pelos dias de finais de Fevereiro e ir até 14 de Março na esperança que então tenhamos uns diazinhos de melhor tempo para, antes do “defeso” então, finalmente, matarmos o vício…
Chegados agora a Dezembro, prestes a ver findar o ano e, num balanço final tenho de reconhecer que o mesmo, em termos de pescarias, não foi famoso. Logo na abertura tive a inconcebível “nega” no acesso ao local onde tantas e bonitas jornadas de pesca vivi, embora nesse mesmo dia tenha ferrado dois bons exemplares que até acabaram por ser os maiores que pesquei durante todo o ano. Verdade que fui pouco à pesca mas, as vezes que fui, a coisa não foi famosa, não.
Mas o 2014 ficou marcado por ter levado a pescar pela primeira vez o Rafael, num belo dia de Julho, numa situação que me agradou sobremaneira e ainda mais por ver como ele apreciou. Pena que não tivéssemos oportunidade de repetir como ele desejava mas quero crer que em 2015 lá voltará… Fica aí uma foto como recordação desse belíssimo dia que muito desejo que se repita..
Entretanto devo confessar que nas minhas derradeiras idas, já em Outubro, as coisas melhoraram substancialmente exactamente porque optei por usar vinis e mais concretamente os senkos como amostras…
Os achigãs são enganados magistralmente por esses tubos de vinil e eu, que já há muitos anos os conhecia, como que me tinha esquecido deles…E como lamento isso…
Recordo-me que foi há cerca de 10 anos que o amigo Ventura da Silva, em Vila Franca, com quem muitas vezes conversava sobre a nossa paixão da pesca do achigã me apresentou o senko como a grande novidade do momento, me ensinou a fazer a montagem num anzol “pescoço de cavalo” e me aconselhou a colocar um chumbo bala como peso. Eu logo usei essa “arma” umas vezes mas confesso que nunca vi resultados extraordinários… Só uma vez um grandão esteve para ser ferrado e ele puxou de um lado e eu do outro e fiquei com metade do senko no anzol… Aí fiquei entusiasmado e como tinha o telemóvel no bolso logo gravei a imagem que aí agora deixo…
Mas, depois disso, nada de especial mais aconteceu e, ao longo dos anos, até parece que me esqueci dos senkos e, só agora, no início de Outubro, lendo na net um escrito de Herminio Rodrigues, que passa por ser um craque na pesca do achigã e que sei também ser amigo do sr. Ventura, falando nessa amostra, ensinava também a fazer a montagem mas aconselhava a não usar o peso – o chumbo bala. Aí eu achei que ele era bem capaz de ter razão e penso que talvez o chumbo produza melhores resultados ao nosso amigo Ventura porque ele pesca de barco e há necessidade da amostra ir mais ao fundo. Para quem pesca de margem e portanto em águas menos profundas o peso não se justifica e a amostra descendo naturalmente na horizontal e não na vertical, engana muito melhor os bichos. Eu fiquei disso convencido nas derradeiras vezes que fui à pesca e só lamento que o Novembro, extremamente chuvoso me impedisse de visitar os achigãs… Agora resta-me esperar por melhores dias, talvez lá para finais de Fevereiro de 2015…
Até lá resta-me contar os dias, sonhando com novas e belíssimas idas à pesca…

terça-feira, 25 de novembro de 2014

GRANDE BOMBA!


É mesmo uma grande bomba!
Coisa nunca vista nesta terra!
Era inevitável ou, no mínimo perfeitamente previsível: Socrates ficou dentro!
Já o tinha aqui escrito como hipótese porque não seria de imaginar que um juiz que detém à chegada ao aeroporto um ex-Primeiro-Ministo não tivesse que, como resultado e sustentado em fortes fundamentos resultantes de investigações antes efectuadas, optar por medidas mais leves para reter o político. Pareceu-me lógica a decisão.
Para nós, “zé da rua” que, de concreto só conhecemos o “diz-se, diz-se” e o que sai na comunicação social - com relevo para aquela invulgar detenção do motorista de Socrates que, a fazer fé no que escrevem alguns jornais, levava malas cheias de dinheiro para Paris… - a decisão até era mais ou menos esperada. E se calhar até José Socrates igual detenção já esperasse por informação antes soprada e tanto mais que os seus mais próximos supostos “colaboradores” já estavam detidos…
E agora? Agora seguir-se-á a natural e inevitável batalha jurídica e, se bem conheço o “animal político” que é o socialista, a coisa vai ser dura. Ele venderá muito cara a derrota e a luta vai ser violenta, forte e demorada. E, vamos lá, reconheçamos e recordemos: já temos visto anteriores processos de detenções bem mediáticos darem em... nada... A ver vamos... Vai ser interessante seguir mais este...
Entretanto e para além de acompanhar o desenrolar dessa cena temos a forte curiosidade de observar as consequências de tudo isto não só para o Partido Socialista, vendo como reagirá a tão forte abanão mas ainda também veremos como utilizarão ou não  as restantes forças partidárias este inédito e surpreendente acontecimento…
Numa primeira impressão acho que eles reagirão assim como que na espectativa e não farão muitas ondas nem provocarão os socialistas – até porque se lembrarão que… também têm telhados de vidro… - mas, lá mais para a frente e à medida que se aproximem as eleições de 2015, os ataques virão.

Virão, certamente. É a minha previsão…
Que não costuma falhar…

sábado, 22 de novembro de 2014

BOMBA! GRANDE BOMBA!


A bomba, como eu lhe chamei no Facebook, mesmo mesmo encima do acontecimento antes da meia noite, quando descobri a notícia, é mesmo uma grande bomba de verdade porque acho que a coisa é MUITO grave qualquer que seja o resultado que saia das medidas cautelares. Muito grave!

As autoridades terão de estar muito bem fundamentadas e cientes que não falharam na sua decisão de deterem Sócrates no aeroporto quando chegava de Paris ontem mesmo, mesmo, ao final do dia. Se isso é gravíssimo, gravíssimo será se as medidas cautelares que lhe aplicarem forem leves...

Se isso acontecer, o caso ainda mais se complicará... Acho eu...

Vou aguardar...

domingo, 16 de novembro de 2014

SAUDADES...


Saudades - muitas saudades! - dessas deliciosas e inesquecíveis azeitonas novas do Chouto, retalhadas e preparadas divinamente pela minha saudosa mãe!...

As últimas, há já uns anos, colhidas pela vizinha Maria Antónia, preparadas pela minha mãe e comidas com sal grosso "ás mãos cheias", bebendo uns tintinhos no "Zé Jaquim"!... 

Quanta saudade!!!...

(Foto junta "roubada" à minha conterrânea Ana Rita Simões.)

domingo, 2 de novembro de 2014

SEPTAGENÁRIO


E hoje aqui estou carregando já os meus 70 (setenta!) aninhos!
E na verdade, devo confessar, já começam a pesar alguma coisinha. Também é verdade e devo reconhece-lo com prazer que a saúde não me tem faltado mas, confesso, neste último ano passado já surgiu uma ou outra maleita… Já, já… As articulações começaram a queixar-se e artroses e mesmo o chato aço úrico – desconfio… - já por aqui apareceram. Uma gaita!... Uma gaita, mas… cá vamos andando.
A celebração foi idêntica às dos anos anteriores: refeição com a família mais chegada, uns momentos amigos de confraternização, muita vez acrescentados pelas muitas felicitações telefónicas que foram chegando e a coisa passou-se. Desta vez, como o dia no calendário bateu num domingo, tivemos um almocinho num restaurante aqui da cidade que decorreu muito bem. Escolhi para mim uma “dieta”… Exactamente uma "Cataplana de Pampo", que estava exemplarmente confeccionada e que degustei com elevado prazer.
Pena que o danado do problema que me criaram quatro anos atrás continue a incomodar-me o dia-a-dia e sobretudo as noites e noites… Pena que ainda não esteja terminado e resolvido da melhor forma mas, como não está nas minhas mãos soluciona-lo, terei que suportar todas estas muitas contrariedades e preocupações tentando evitar que me provoque os mínimos danos na saúde. É o que faço hoje e tenho procurado fazer durante todo este já longo tempo decorrido. Oxalá consiga levar o barco a bom porto! Oxalá!...

Para “ornamentar” este meu apontamento junto uma imagem da deliciosa “Cataplana de Pampo” que muito apreciei e a já tradicional foto com o meu neto, numa tradição que já é feita pela oitava vez. Também o Rafael já vai somando os aninhos…

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

A GENTE OUVE CADA COISA...


Hoje, ao fim da tarde, aguardava a saída do meu neto do colégio, no fim de um dia de aulas e ouvia o noticiário da TSF. As notícias não eram muito “frescas” e a principal era mesmo já conhecida desde o início da tarde: tinha sido atribuído o Prémio Nobel da Medicina ao casal norueguês Edvard Moser e May-Britt Moser e ao anglo-americano John O’Keefe, pelas suas descobertas de células que constituem um sistema de posicionamento no cérebro.

Notícia bonita e importante a que o noticiário algo mais acrescentava dizendo que, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, se regozijava com a notícia exactamente porque, segundo ele, o casal norueguês tinha usufruído de uma bolsa da UE para as suas investigações mas, acrescentava o locutor de serviço nas notícias e cito de memória “nem todos ficaram satisfeitos com esta atribuição” porque, segundo afirmou, uns grupos noruegueses de defesa dos animais manifestaram a sua discordância pela atribuição deste Nobel porque, para os estudos e para as experiências os neurocientistas da Noruega tinham sacrificado ratos. Eles tinham feito os estudos nos cérebros de… ratos…
Não tenho muito mais a acrescentar, né?
Recordo-me que há já uns anos na velha casa da aldeia tinha um danado de um rato que nos incomodava e preocupava e, o nosso tio Zé sabendo, descansou-me: “deixe que eu trago uma ratoeira que comprei há dias e ele cai nela!…” E, caiu mesmo, nessa primeira noite! No dia seguinte o desgraçado ali estava “enforcado” quando tentava abocanhar o bocado do queijo…
Na altura eu andava pelo Fotolog e publicava muitas fotos, que ainda lá estão, com textos/legenda alusivos e, como antes, sobre um qualquer nascimento publiquei uma foto e escrevi num hino e homenagem à vida, para o que me havia de dar tirando uma fotografia ao rato “enforcado” na ratoeira ? Numa evidente decisão de mau gosto, que reconheço mas, não pensando nisso e num contraponto à outra do nascimento de uma vida, vá de escrever sobre a morte e consequente extinção da vida.
O que é que eu fiz? Caiu-me  “o carmo e a trindade” encima com uma carrada enorme de chamados amigos dos animais a chamarem-me de tudo, tudo e a tratarem-me abaixo de… rato… Foi o fim do mundo!... O que eles e elas me chamaram… Está ainda aí na net, no Fotolog…
Houve quem me desejasse que morresse enforcado e teve até uma senhora que me deixou muito preocupado porque, profetizou ela, na próxima reencarnação eu serei um…  rato e morrerei enforcado numa ratoeira…
Tive noites que nem dormi com esta profecia…
Desta vez são os neurocientistas condenados porque sacrificaram ratos nos seus importantes estudos. Enfim…

sábado, 20 de setembro de 2014

ANTÓNIO BENTO DEIXOU-NOS HÁ 32 ANOS!


Completando-se hoje 32 anos sobre o falecimento do apaixonado chamusquense, grande pacifista e meu saudoso amigo António Bento, fundador, director e corpo e alma grande do extinto “Jornal da Chamusca”, recordo esta efeméride e deixo uma foto da sobre-capa do jornal publicado em Setembro de 1982, sobre-capa que elaborei e fiz publicar então, com dor, é verdade, mas também com paixão e amizade, como preito e homenagem àquele que, sem dúvida, foi um amigo e dos melhores filhos que a Chamusca teve!
32 anos são passados mas a sua memória permanece! Que descanse em paz, na paz que sempre sentiu, viveu, incentivou e divulgou em toda a sua vida!

EM TEMPO - Já depois de redigido este pequeno apontamento constatei que o amigo Bento não faleceu a 20/9 mas a 21, com os 32 anos a serem considerados então amanhã. Errei porque, dias atrás revisitei em vídeo uma homenagem que lhe foi prestada na Chamusca, no Cine-Teatro, organizada pelo também muito amigo e saudoso Joaquim Cardador e para a qual fui convidado e estive presente com o maior prazer e que, por uma questão de calendário, realizou-se a 20 de Setembro de 1992 lembrando o 10º aniversário da sua morte. Essa data de 20, que tenho na lombada da cassete VHS confundiu-me na hora de redigir e publicar este apontamento e daí o erro.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

BARBÁRIE


E, quando hoje passa o 13º aniversário sobre o incrível ataque às Torres Gémeas que provocou  o número inimaginável de 3.000 mortos indefesos e inocentes e que, inevitavelmente, mudou o Mundo e a História contemporânea e passado que está como que “esquecida” a Al Qaeda e Ossama bin Laden, eis que surge-nos o chamado Estado Islâmico, com a atrocidade e a barbárie que as muitas mortes e horríveis execuções por degolação a net e outros meios de comunicação a toda a hora nos mostram, fazendo entrar pela nossa casa adentro imagens impressionantes de agressividade e maldade humanas.
Amante da harmonia, da concórdia e da paz, estas imagens causam-me viva e horripilante impressão e nem sei como seres humanos têm sangue frio e coragem e são capazes de tamanhos horrores!...
Tempos idos, coisas e cenas do género eram enviadas em fotos ou vídeos para as agencias noticiosas e para jornais e tvs que as filtravam e só publicavam consoante os seus critérios deontológicos e, desta forma, não chegavam aos lares dos cidadãos indefesos e desprevenidos mas, hoje, com a net, tudo mudou… Gente sabedora e experiente, formada no Ocidente, conhecedora dos avanços da técnica da comunicação, aproveita a internet e, no preciso instante, entra nos computadores dos cidadãos de todo o mundo e mostra os horrores e a morte admissíveis e condenáveis.
É a net e o nosso mundo actual com todo o seu progresso e espantoso avanço da técnica de comunicação, com todas as suas virtudes e todos os seus muitos males e defeitos!
É o Mundo que herdamos e que criamos e mantemos e que doamos aos nossos descendentes.

domingo, 10 de agosto de 2014

ÓDIO DE MORTE


Quase podemos dizer que se mais depressa o Papa Francisco tomasse a bela iniciativa que tomou e que aqui registei em Junho último e mais depressa a guerra, o horror e a morte voltariam aquelas martirizadas terras do Médio Oriente.
Trata-se de um ódio de morte que dura desde que no final da guerra 1940/44 os homens encontraram aquela solução para o povo judeu e que logo se viu que não daria certo...
Homens e políticos experientes que tiveram a sabedoria e a coragem para acabar com aquele tenebroso conflito mundial, não foram capazes de encontrar melhor solução para aquele enorme problema e acabaram por criar um novo conflito que, ao longo destas sete décadas, tanta dor e morte tem provocado.
Não me sinto minimamente abalizado para condenar ou apoiar qualquer uma das partes e entendo as posições dos israelitas e dos palestinianos, julgando que ambos têm razão e culpas neste interminável conflito. Custa-me aceitar a muita dor e morte que Israel tem provocado na Faixa de Gaza mas também acredito que a Palestina e sobretudo o Hamas, no intuito de melhor se defender, faz das mulheres e crianças escudos que os de Israel não respeitam provocando assim situações e cenas horríveis que a comunicação social todos os dias nos mostra.
Neste enorme drama que não sabemos como e quando terminará, se é que terá fim, quem sofre são os mais fracos e indefesos, as mulheres e as crianças de parte a parte mas sobretudo na Palestina porque mais fracos, que morrem ou ficam feridas e que vêm os seus bens ser arrasados e destruídos.
Um odio de morte que nos horroriza e a que há que pôr termo.

domingo, 13 de julho de 2014

DIA LIIIIIIINDO!


Há muito que o nosso Rafael tinha manifestado desejo de me acompanhar à pesca no Alentejo mas só agora isso aconteceu... 

Não o levei no ano passado porque achei que ele ainda precisava de mais uns mezinhos de idade para se iniciar nessas lides e, este ano, com ele já com oito de idade, deixei passar o mês de Maio e também o Junho que esteve mau climatéricamente falando… O Maio teria sempre de evitar para ele... Primeiro, por causa dos fenos, dos pólens e das danadas das alergias onde os espirros e os olhos nos chateiam que se fartam e, depois, porque naquela data também encontramos as arreliadoras e inconvenientes pequenas carraças que nos sobem pelas roupas e pelo corpo…
Agora, passadas as trovoadas e as consequentes chuvas que amolecem as ervas e fazem desaparecer as carraças – para onde vão elas?, não sei… - achei que era a data ideal para satisfazer o desejo do netinho e assim o iniciar neste desporto lindo que há muitos anos pratico.
Dias antes do marcado para a pescaria comprei o necessário material adequado para ele utilizar: Uma cana leve, telescópica, para usar com linha directa porque o carreto agora está fora de causa, uns pequenos anzois, o isco (asticôt) etc, etc. Achei que para o iniciar e entusiasmar temos nas represas alentejanas as pequenas e malucas percas que se atiram aos iscos e aos anzóis doidamente e assim adquiri o material necessário para isso.
Ele queria ir à pesca sozinho com o avô mas, isso, embora fosse possível, não era muito aconselhável e o pai também fez parte da equipa. Não sabia muito da "faina" piscatória mas sempre ajudava a controlar o seu nervoso e a sua ansiedade...
Os 3 não partimos tão cedo quanto o aconselhável para pescadores mas não o quis molestar muito logo no inicio da prática e por isso saímos pouco depois das 7 da matina. Para alguém que, naquele sábado, não fora a pesca provavelmente nunca se levantaria da cama se não depois das nove/dez, já foi algum sacrifício…
No percurso, de pouco mais de 100 kms, foi a tradicional pergunta, cem vezes repetida: “Ainda falta muito?” e ainda a sua divulgação/confissão: "Avô, hoje vou ter um dia excelente!: De dia tenho a pesca e, à noite, vou jantar com os pais e uns amigos num restaurante!”. Achei uma delícia!
Chegados ao local da pesca, uma pequena represa situada numa Herdade na fronteira do Ribatejo com o Alto Alentejo, recebeu então ali as primeiras lições, primeiro do material que iria usar e, depois, da forma como o utilizar eficazmente para produzir resultados. Foi muito curioso e interessante observar as suas diversas reacções à vista de utensílios que naturalmente desconhecia… Cana, linha, anzol, chumbo, isco, etc.
Depois, foram os ensinamentos sobre a técnica a usar nos lançamentos, nas ferragens do peixe, etc, etc. e, com paciência e muito gosto, fui explicando, demostrando e ajudando, numa tarefa tão deliciosa quanto gratificante! Uma maravilha! Uma maravilha de bocadinho do dia e... da vida! Delicioso!
O Rafael foi aprendendo com relativa facilidade e o problema maior, que afinal me parece ser generalizado e, portanto normal nas crianças “meninos da cidade”, tem a ver com o segurar com a mão o peixinho vivo e agitado saído da água e a querer libertar-se... Habituadas a verem os peixes vivos nos aquários ou mortos nas bancas das peixarias, faz-lhes impressão senti-los vivos nas mãos… Coisa lógica. Natural. Uma pequena dificuldade que o nosso Rafael ultrapassará com o hábito ao longo do tempo. Logicamente. Naturalmente.
De resto tudo bem e, o nosso amigo que, a meio da manhã, à medida que ia sacando das águas pequenas percas, teve a franqueza de me confessar: “Avô, afinal isto é divertido!.”, no final da jornada, quando regressávamos a casa, à minha pergunta “Então, Rafael, preciso saber: A experiência é para repetir?” respondeu-me de imediato e bem alto, lá do banco de trás: “Ah! SIM! SIM!”
Para ornamentar esta minha gratificante narrativa deixo três fotos que me parece se justificam. Numa vemo-lo recebendo ensinamentos do avô; noutra ele expressando um "Fixe!" e o seu prazer pela tarefa; e, na última, as percas da sua pescaria já fritinhas e que serviram de aperitivo no almoço da família, hoje aqui em casa!
Por fim, será desnecessário aqui manifestar o muito prazer que senti neste dia único e liiiiindo, né?

Pois... Na verdade, foi um dia lindo, liiiindo!

domingo, 6 de julho de 2014

CORTIÇA - O SUOR E A DOR NA SUA ORIGEM!


Encostados ao balcão do pequeno pavilhão na Feira de S. Pedro, oito dias atrás, conversávamos e íamos “molhando a palavra” e refrescando-nos com umas “imperiais” loirinhas e bem fresquinhas. 

A conversa era ligeira e falávamos da feira em que estávamos e dos muitos e velhos amigos que ali sempre vamos encontrando e reencontrando como é hábito neste evento anual na nossa terra natal quando, no intervalo de mais uma fresquinha golada da loira cervejinha o amigo me desabafa: “pois… é tudo muito bom e bonito mas o diabo é que amanhã, logo bem cedo, já andarei de novo à roda dos sobreiros!...”
Fiquei assim a saber que o meu amigo, homem multifacetado nos trabalhos agrícolas, andava agora na tiragem da cortiça, num trabalho bem especializado, só ao dispor de alguns mais experimentados e também de boas posses físicas dado que é necessária força e sabedoria para o executar. Para além disso e porque a tiragem da cortiça só pode ser feita nesta época do ano em que o Verão nos traz o muito calor, a empreitada torna-se difícil, se não mesmo violenta porque feita ao sol, exigindo esforço físico considerável e em zonas habitualmente muito secas e portanto onde o calor mais incomoda.
Nascido e criado em zona de sobreiros e frequentador também no Alentejo, por via da pesca, de locais com muitos montados, tenho seguido praticamente todos os anos esta labuta e, com curiosidade vou acompanhando o valor dos salários que os proprietários dos montados vão pagando aos trabalhadores. Trabalho especializado e duro é sempre mais bem pago que o vulgar trabalho agrícola e, segundo informação do amigo com quem conversava, neste ano e na zona onde laborava, o valor da jorna era de 70 euros aos homens e 35 às mulheres. Ambos com pagamento “a seco”, portanto sem comida nem bebida.
O valor pago aos homens foi considerado pelo meu interlocutor de “jeitoso” mas outro tanto não acha, coisa que eu subscrevo, quanto ao auferido pelas mulheres já que nos parece demasiado escasso face ao muito esforço e à considerável força física que elas têm de despender para pegarem e transportarem à cabeça as grandes e pesadas pranchas de cortiça que, caídas junto aos sobreiros, depois de sacadas das árvores, há que leva-las até junto dos tractores ou camionetas - e iça-las para a carga! - que depois as transportarão até ao Monte da herdade onde serão empilhadas e guardadas até à sua venda e ida para a fábrica transformadora. É necessária, não tenhamos dúvida, muita força muscular - muita força muscular! - e ter ainda uma boa coluna vertebral!... As mulheres, acho, estão a ser muito mal pagas para este esforçado trabalho mas, muitas delas, coitadas, precisando e achando que aos 70 euros dos maridos juntarão os seus 35, totalizando assim um valor já considerável que levarão para casa, que amealharão e que os ajudará a passar melhor os difíceis dias de Inverno de menos trabalho que aí vem, são forçados a este grande esforço e sacrifício físico. É a vida muito dura das gentes do campo! É a vida muito dura de quem precisa!
Como disse, nas minhas andanças na pesca do achigã durante o Verão, encontro-me muitas vezes com estes trabalhos e, aqui ou ali vou captando com a máquina as diversas situações que me parecem mais interessantes. É o caso das duas fotos que aqui deixo vendo-se numa a extracção da cortiça e as difíceis condições com que o trabalho se executa e, na outra, uma pilha que achei interessante fotografar porque aí podemos comprovar como especializado e até artista foi esse trabalhador que conseguiu “sacar” do sobreiro, parece que com um simples e único corte de alto a baixo, a sua “samarra”... Bonito!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

PAPA FRANCISCO - A REZA E O GESTO


Merecedora dos maiores aplausos, a magnifica iniciativa do Papa Francisco tendente a construir a paz no Médio Oriente!
Finalmente a Igreja Católica tem um chefe que, olhando para o Mundo e seus imensos problemas, não se limita a orações e boas intenções e sai do Vaticano, põe os pés ao caminho e promove encontros e reuniões com o objectivo de ultrapassar dificuldades e resolver problemas.
Levar ao Vaticano os chefes de Israel e da Autoridade Palestiniana, como ontem aconteceu, conviver com eles e pô-los a falar e a actuar em conjunto, de que a imagem da plantação da oliveira é um exemplo notável, merece os maiores aplausos de todos os que repudiam a guerra e querem a paz!
Um aplauso muito vibrante para o Papa Francisco e o meu desejo que o seu magnífico esforço produza os belos resultados que ele e todos os amantes da paz ambicionam!

terça-feira, 20 de maio de 2014

"GUARDADO ESTÁ O BOCADO..."


Tenho a convicção, convicção que, em boa verdade é mesmo uma certeza, que fiz tudo bem. Não criei atritos - não criei qualquer problema! - e cheguei até ao último dia em que a entrada na herdade me foi concedida sempre, sempre com um excelente relacionamento com o Encarregado que me facultava a passagem e até com os demais funcionários e trabalhadores da propriedade. E, mesmo agora que o acesso me foi vedado, o nosso contacto telefónico ficou em excelente estado porque sempre fui muito bem tratado e sempre tratei tudo e todos o melhor que sabia e podia.

O argumento que há vários anos muitas vezes me foi apresentado: “O patrão não quer carros dentro da herdade mas ele sabe de si e você é uma excepção, sem problema”, foi esse mesmo argumento que agora voltou a ser utilizado mas em sentido contrário, dado pelo telefone no sábado, 17, pela manhã, depois de na véspera me mandar avançar: “Desculpe! Desenrasque-se por outro lado. Ele não quer carros cá dentro e eu não abro excepção para si. Desculpe!”
Claro que desculpo e despedi-me do amigo com toda a cortesia que ele sempre mereceu. Só que, desta vez, não esteve tão bem assim…
Como era habitual telefonei-lhe de véspera pedindo para me abrir o cadeado e, ao seu reparo de que andavam lá com máquinas, tive o cuidado de contrapor: “Mas, se houver problema, não vou. Veja lá…” E logo ouvi a resposta amiga do outro lado:” Não, não. Venha! Venha!”
Foi então o que fiz na manhã seguinte (sábado passado) e, quando bati no cadeado fechado liguei… Liguei e obtive a já mencionada “nega” que, aí sim, me surpreendeu.
Claro que sempre entendi que, quem frequenta a favor um determinado espaço por cortesia de outrem, sempre tem de estar preparado para um dia essa benesse acabar e, francamente, eu estava preparado para que um dia isso acontecesse mas o que não esperava é que isso surgisse escassas horas depois de me terem mandado avançar… Para isso não estava preparado.
Despedi-me com cortesia que o convívio com o amigo bem justificava – e esse favor lhe ficarei para sempre a dever!... - mas não minto se disser que senti assim como que um murrozinho no estômago… O que o amigo Pedro disse no sábado de manhã pelo telefone, bem poderia ter dito na sexta, quando lhe liguei e me mandou ir…
Parti então para “outra” mas de manhã a coisa já não correu bem… Tem-se como certo que para fazer boa pescaria o pescador tem de estar calmo e confiante e eu não estava. Não estava, não. Desanimado por ter perdido um excelente local de pesca onde durante muitos anos me diverti muitíssimo e, sobretudo, da forma como a recusa aconteceu, deixou-me um pouco ferido…
A coisa de manhã não estava a correr bem, a alergia dos fenos começou a atacar e também as habituais pequenas mas chatas carraças apareceram como aliás é habitual nesta época do ano e resolvi ir almoçar ao amigo Fernando onde me deliciei com as suas sempre excelentes “Migas de Espargos com Carne de Porco Frita” a que juntei a habitual saladinha de alface e “a” Pegões de tinto fresquinha. (Sei que é errado refrescar o tintinho mas eu não me importo de fazer errado… É assim que me sabe bem e é assim que “embarca” muito bem.)
Depois do almoço e embora a horas impróprias, segundo os “cadernos” para a pesca do achigã, resolvi visitar uma pequena charca que conheço bem no meio do mato, rodeada por pinheiros e sobreiros, sem a mais leve poluição na água e onde praticamente ninguém vai. Nunca ali encontrei um pescador e só ali pode ir um ou outro maluco, como eu. Na verdade, sozinho, só um louco ali vai. (Se surgir algum problema na viatura, com o difícil acesso, isolado, sem rede de telemóvel, será sempre obrigatório andar a penates bem mais de uma hora e atravessar uma ribeira a vau para pedir ajuda… Por isso só ali vou de manhã ou a meio do dia. Nunca pela tarde adiante.)
Há 4 anos pesquei ali um excelente achigã com mais de 1 kg e, embora tenha pouco peixe, como não regista qualquer pesca, eles vão crescendo e com algum “descanso” de um ano ou dois de intervalo, não é difícil depois encontrar um ou outro peixinho jeitoso naquela “reserva”. Foi o que aconteceu agora…
Mas o achigã é um bicho de estranho comportamento e, dia-a-dia estes bichos surpreendem-nos. Sabemos que os maiores não costumam andar juntos em cardume ou coisa no género e ali eu vi 3 juntos. Três. Três apenas e únicos! Nem mais um peixe vi, menor ou maior. Incrível!
Tentei então fisgar um dos simpáticos e… tive engenho e sorte para enganar 2 deles e iniciei assim muito bem a época de 2014! O 3º fica para outra altura, se ele então quiser… Mas haverá certamente mais alguns por ali… Julgo eu…
Fica aí a “obrigatória” foto que gosto de tirar com estes belos peixinhos e, depois da emoção desagradável da manhã em que não pude pescar como desejava, fez-se então jus ao conhecido ditado popular que nos garante que “guardado está o bocado para quem o há de comer”.
Foi o que aconteceu comigo na “abertura” deste ano.
Prosseguirei enquanto me deixarem e puder.

domingo, 13 de abril de 2014

UF!!!... O RAPAZ OBROU!...


A cena ocorreu há já uns bons pares de anos mas nunca mais a esqueci não obstante o tempo decorrido e tenho-a ainda bem viva na minha memória.
Eu, nessa distante data, era Assistente do "Circulo de Leitores", tinha quatro centenas de sócios do Circulo que visitava assiduamente e, francamente, tinha com todos uma excelente convivência. Aconteceu que, à porta de um desses apartamentos e enquanto era atendido pela dona de casa, veio lá de dentro uma simpática idosa, que depois soube ser sua mãe e que, simpaticamente, me saudou com um amável “boa noite!” a que, naturalmente respondi retribuindo com idêntica saudação de “boa noite, minha senhora!” e ainda acrescentei :
- Como está?
 A simpática senhora, toda de negro vestida, confessou-me então:
- Mal, senhor. Mal! O senhor, obra bem? - perguntou-me de chofre.
Admirado com a franca confissão da senhora e não menos com o patusco termo utilizado, respondi-lhe assim mais ou menos laconicamente, rápido e de mansinho:
- Obro.
E, aí, a sofrida idosa rematou:
- Eu não… Eu obro muito mal, senhor!…

As vezes que hoje este rapaz se lembrou deste curioso e invulgar dialogo não mais esquecido!?...
Depois de uma terrível noite de cólicas e mais cólicas, motivadas por 8 dias sem obrar – isso mesmo, como a senhora me ensinou: sem obrar!..eheh.- eis que o rapazinho, aflito até mais não, corre a pedir auxílio pela 1ª vez a um hospital.
Pouco tempo depois da chegada é-lhe colocada na chamada "Triagem" uma pulseira de cor amarela e depois foi o pior e afinal o único e chato contratempo: muito tempo de espera!...Mais de 2 horas com o menino quase sempre de pé, girando de um lado para o outro porque, sentado, as cólicas eram ainda mais danadas... (Teve quem não aguentasse e, um jovem, muito sofredor de algo num pulso, resolveu não esperar mais e... foi-se... Depois foi toda a manhã a ouvir chamar pelo seu nome, para se dirigir ao gabinete x...)
Passada essa demora, tudo correu de forma excelente e com andamento muito bom e sempre com atento e competente atendimento. Diagnóstico cuidado por médico-cirurgião (Dr. Nuno Pignatelli) "está carregado de fezes!", análises de sangue e urina, clister e onde, de forma solicita e sempre muito simpática, nem uma fralda faltou recebido o clister, para o curto trajecto a fazer até aos sanitários. Tudo bastante bom e, logo, logo em pouco tempo o rapazinho obrava a “carga” e "ressuscitava" – coisa que demorou talvez bem perto de meia hora! eheh – e surgia como novo junto da família que o aguardava.
Ufff! Mas foi uma danada de uma aflição, pá!... Não quero voltar a sentir tal coisa!...
No balanço final, só dois senões do serviço – Serviço Nacional de Saúde - do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, na Amadora: O largo tempo de espera que o desgraçado do padecente, com terríveis cólicas intestinais, teve de aguentar e ainda, meus senhores, o incrível volume do som da aparelhagem ouvida em toda aquela zona das Urgências, chamando e indicando, segundo a segundo, minuto a minuto, os necessários serviços aos doentes! Um barulho incrível, meus amigos! Mais parece que estamos numa estação da C.P.. com os altifalantes anunciando as chegadas e partidas dos comboios… Para quê tanto barulho, que incomoda e fere os ouvidos dos sofridos doentes? Não entendi...
Ah! Já me esquecia: Paguei, logo “à cabeça” - para não esquecer... -, a “simpática” “taxa moderadora”: €18,05! 

domingo, 6 de abril de 2014

"POMADA DE ESTALO" NO SEMIDEIRO!


Ontem fui ao Chouto e, quando me aprestava para convidar uns amigos para confraternizarmos um pouco saboreando um tintinho no “café” da esquina, eis que fui convidado para os acompanhar ao Semideiro, ali a 10 kms, onde iam buscar uns garrafões de vinho… Fiquei algo admirado, devo confessar, porque nem sabia que havia produtor de vinho no Semideiro… O Semideiro é um pequeno povoado como o Chouto no interior da charneca ribatejana e nem imaginava que ali se produzia vinho… Afinal, produz-se e… bom! Excelente!
Assim, a um convite destes, tem como recusar? Oh! Oh!
“Coisa de meia hora!...”, garantiu o “Macol”, “organizador” da excursão.                                        
Num carro com 6 “manos”, numa viajem de uns curtos 10 kms, a coisa foi excelente na ida e, pudera… melhor ainda na volta!...

Chegados ao local e surgindo como que por arte mágica, o chouriço – único, do Chouto! – o toucinho cru, o pão e um queijinho que o dono da adega foi “sacar” à irmã, moradora ali ao lado, eis que da “gaiola” sai também um delicioso “branco palheto” (com 13,7º!!!) numa “pomada” que logo ali, deliciosamente "à saída da gaiola", classifiquei de excelente! Eu, que, convencido, entendo que… “vinho é tinto”…
A pomada era mesmo divinal – divinal! -, confesso!
Tinha almoçado três horas antes no Porto Alto uma “leve” e saborosa “dobrada com feijão”, a “cama” estava por isso ainda forte e quentinha e, o petisquinho molhado naquele “branquinho palheto” - “só” com 13,7!... - caiu que nem “sopa no mel”!
Se a memória não me falha – nestas situações as contas da matemática costumam ficar algo baralhadas… - bebi 3 ou 4 copinhos e mais não “mamei” porque a viajem para casa ainda tinha de fazer e os homens das “ plainas brancas”, com o seu afamado "balão", não costumam ser meigos… Mas, os outros amigos que estão aí na foto e os outros que nela não couberam e que na volta ficavam no Chouto e não tinham de conduzir, deliciaram-se com mais “uns” quantos do dito cujo… Uns quantos mais!... Honra e saúde para eles! (Entretanto vieram comigo, como que a "guardar-me" até casa e onde já estão em repouso e descanso da viajem, uns "solícitos e simpáticos" 20 litrinhos... Quando o calor chegar, geladinhos, saberão que nem mel!)
Fiz um “bonequinho” com as imagens do "crime"- onde só falta o Passita que foi fotografo… - que já publiquei no meu site e que aqui deixo como testemunho para a posteridade. Sim, porque nestas coisas, não há como comprovar com documentação…
E um obrigado e a minha satisfação pelo convite e pelo enorme prazer da companhia - gente da minha mocidade, gente da minha terra, gente da boa! - e pelo convívio que fizeram o favor de me proporcionar, que adorei e que não esqueço!
… E, para que conste, aqui confesso: Ficou marcada nova “excursão”!…

sexta-feira, 4 de abril de 2014

EUGÉNIA LIMA DEIXOU-NOS...

  
Com a morte hoje ocorrida de Eugénia Lima (88 anos), desaparece aquela que é, sem dúvida, a principal responsável por, na sua época, ter feito surgir em Portugal muitos e muitos jovens acordeonistas, alguns dos quais depois animaram e carregaram de doce alegria e encanto a minha juventude e a de muitos milhares de companheiros de idade que, ao som desse fantástico instrumento que é o acordeão dançaram, namoraram, se apaixonaram e se deliciaram horas, matinés e matinés, noites e noites sem conta, em apertadas salas de modestas colectividades e também em festas e romarias de aldeias e vilas, na saudosa e inesquecível vivência destas nossas mocidades de então!

Para sempre lembrarei o seu virtuosismo! Nunca esquecerei a sua arte!

Obrigado, Eugénia Lima! 

Descansa em paz!

domingo, 9 de março de 2014

DE ACHIGANITO, QUE NEM "PIERCING"...


A coisa aconteceu assim:
Ontem, 8 de março – Dia da Mulher! –, como que para fazer esquecer o duro e desagradável Inverno que fomos vivendo neste ano, estava lindo de sol e céu azul mas, a manhã, nas primeiras horas, estava um bom bocado fria… Ia no jipe, só com uns centímetros do vidro aberto e, pondo a mão de fora, dava para sentir como era desagradável o ventinho frio…
Ainda antes das 10 da manhã, na danada da vontade de matar o vício, fui fazendo uns quantos lançamentos mas de nada valeu e, sentindo como estavam frias as águas da represa, bem me lembrei das experientes palavras do Carvalho, velho e saudoso companheiro de muitas horas e dias de pesca que, nestas situações, sempre dizia: “Estão arrecadados”. E até bem parecia que estavam dadas as vezes que uma, outra e mais outra  e diferentes amostras iam e vinham sem o mais pequeno “toque”, sem a mais pequena presa que nelas se fixasse… Mas, mais atentamente, passado um tempo e sem que o vento agitasse a superfície da água e observando num plano superior, eis que vejo um, dois e mais uns quantos pequenos achigãs como que passeando a dois, três palmos da superfície… Mas, que é isto? - pensei... Afinal, não estão arrecadados?...
Resolvi então, avançando na margem, insistir um pouco mais à frente e, insistindo… zás, fui premiado! Um bom puxão e aí tenho, pela 1ª vez neste rigoroso Inverno de 2014, o 1º peso significativo na ponta da linha! Tinha ali um achiganito já de porte! “De nome”, como também dizia o Carvalho!
Corrico uns metros e, contrariedade, o bichinho fica-me preso nos 2 a 3 metros de ervas que tenho na margem que restam junto a mim e faço mais força no carreto e na cana de pesca… Forço, forço mais um pouco e... zás!, o gajo solta-se e, disparado, eis que me atinge exactamente na perna direita um pouco acima do joelho e, então, azar dos azares, pela 1ª vez em tantos anos de pesca, uma das fateixas da amostra que o peixe não abocanhou, fura-me a calça de ganga e... pumba!, fura-me também a perninha! Fixa-se a danada na fofa carninha aqui do rapaz!...
E, eis a cena caricata e ridícula: Um achigã de meio quilo – porra, como o bicho pesava!... - pendurado que nem um "piercing" numa fateixa da amostra e a outra agarrada na febra do incauto pescador a suportar aquilo tudo!… Ridículo e caricato, né? Pois… mas aconteceu… Pela 1ª vez, neste velho pescador de achigãs!…

E, veja-se a hilariante cena: 1º, pensando que a fateixa estava à superfície da pele, dado que tinha a calça de permeio, o pescador aselha puxa pelo achigã preso na outra fateixa, na esperança que a outra se soltasse da perna mas... é o soltas... Estava bem presa e... como doía...; 2º, ele decide soltar o peixe da amostra mas, como não o pode largar no piso inclinado porque logo rolaria para a água, toca de subir o terreno e, de perna tesa, porque o movimento da calça lhe puxava o "piercing", vá de percorrer algumas dezenas de metros na direcção da horta a pedir auxílio onde o seu hortelão e solicito e inesperado "enfermeiro" procurou um alicate para o socorrer. Incrível! Hilariante e ridículo q.b.
Depois… Bem, depois foi a ajuda do amigo que largou o trabalho na hortinha e que, com um pequeno alicate de corte nas pontas que foi buscar às suas ferramentas, amputou as hastes da fateixa e, logo depois, arregaçada a calça do desajeitado pescador, sacou pelo bico, da alva e desflorada perninha, o “brinquinho” que ali se alojava… Mas doeu um pouquinho, embora não muito, de verdade… Mas, convenhamos, confrangedor foi ver o  velho pescador pedir tão insólita ajuda… Ridículo de mais!...
Enfim… Coisas da pesca e cenas para ir recordando…
Fica aí a foto com a ampliação do local ensanguentado pela aselhice, com o inevitável caricato da mesma. Teria sido muito melhor ter fixado na máquina a incrível cena na hora mas, a dor, a preocupação e a vergonha da situação, nem deu para lembrar disso…

segunda-feira, 3 de março de 2014

OS ESPADINHAS DA MINHA MEMÓRIA


Lembro-me do casal Lucinda e António Espadinha e, logicamente, dos seus filhos Perpétua e Manuel, desde que me conheço. Enquanto eu e minha família morávamos no Chouto, eles viviam no Casal do Anafe de Cima, um pequeno aglomerado talvez com uma dezena de habitações e que distava da aldeia cerca de 2 kms por estrada de terra, aqui e ali cortada na época por um ou outro regato que, sobretudo no Inverno, havia que transpor.
Não obstante a distância visitávamo-nos e convivíamos com muita frequência porque, como era na aldeia que existia o comércio e se exerciam as diversas profissões necessárias ao dia a dia das pessoas, eles frequentavam muito a povoação e, porque os nossos pais eram amigos, as visitas eram frequentes.
Lembrei-me de escrever sobre António Espadinha e sua família quando ele há dias completou uns bonitos 97 anos de vida e o seu neto Jorge teve a amabilidade de me enviar a foto que aqui publico com sua autorização e porque me parece que tenho uma ou outra “istória”, uma ou outra recordação que gostava que ficasse para a posteridade. Acho que tanto eles, quantos os leitores que tiverem a maçada de me ler, entenderão a razão e a lógica deste “rapazinho” que, já a “cheirar” os setenta, começa a lembrar-se de muita coisa…
Recordo-me de António Espadinha homem de estatura baixa, muito ágil e mexido e que se apresentava no Chouto sempre de roupas muito limpas e cuidadas, com calças sempre bem vincadas e calçando com evidente vaidade umas finas botas de cano curto e tacão alto que fazia questão de fazer bem ouvir quando caminhava. Talvez usasse mesmo os chamados protectores, umas pequenas peças de ferro que, pregadas na sola, nas zonas da biqueira e do tacão, preservavam bastante o seu gasto e, naturalmente, calcadas na então calçada de pedra das ruas da aldeia, faziam aumentar o som das passadas. Apresentava-se assim aos domingos e nos muitos bailes e matinés dançantes que por vezes também frequentava porque também era um bom dançarino e recordo-me de o ver dançar com a esposa e com a filha Perpétua. Todos eles dançavam muito bem e, pelo que agora tenho acompanhado no Facebook, parece que deixou boa descendência nesse aspecto…
Nesse aspecto e não só…
Na verdade está na minha lembrança também um “pequenino” “affaire” que criou e manteve durante um bom tempo na aldeia e que na data fez movimentar as línguas do pessoal do pequeno povoado que era o Chouto…
Não sei como acabou e se houve “proveitos” – há quem garanta que sim… - e nem isso me diz respeito mas, da fama os intervenientes não se livraram… Também não sei como começou e, aqui, digo francamente, já me causava mais curiosidade saber dado que conhecia os intervenientes e sabia os caminhos e ambientes que frequentavam, que eram algo distintos e distantes, razão porque acho que começar aquele “affaire” deverá ter requerido alguma sabedoria e algum jeitinho especial para António Espadinha poder iniciar o envolvimento… Teve habilidade e ciência, sem dúvida!...
Um dado importante nesta situação é que nunca soou para fora do ambiente familiar do nosso amigo que o caso tivesse criado agitação no seio do seu lar mas também me recordo que, talvez mais de uma vez, assim de raspão, sem eles notarem, ouvi o meu pai aconselhá-lo mais ou menos por estas palavras: “António Espadinha, ganhe juízo!...”
Na verdade, não só porque eram amigos mas talvez também porque, para se dirigir à minha casa, o nosso António Espadinha tinha de atravessar o largo fronteiriço onde eventualmente poderia ter um contacto visual mais facilitado com a outra personagem, eram frequentes as visitas do nosso amigo ao meu pai, com quem tinha longas conversas…
Eram efectivamente bons amigos e aconteceu até uma vez que António Espadinha e esposa estiveram  algumas semanas hospedados na minha casa… Teve isso como motivo o então chamado “resguardo” da sua “queima da orelha”… Acontecia essa pequena “cirurgia” – será que posso chamar de “cirurgia”? Não sei…- coisa que então se usava quando a pessoa sofria da velha e conhecida “dor ciática”. Segundo julgo – não estou bem certo… - creio que se fazia uma incisão num nervo atrás da orelha e chamavam-lhe “queimar a orelha”.
A coisa parece que era muito dolorosa e complicada e exigia depois uma recuperação em que era necessário usar de delicados cuidados para que não houvesse uma recaída na saúde. Como a casa da família Espadinha era infelizmente muito modesta, nomeadamente de “telha vã” e sem instalações sanitárias necessárias para se satisfazerem as necessidade fisiológicas sem a saída do aconchego do lar, o meu pai ofereceu-lhe estadia na nossa casa, mais nova e com melhores condições, para que ele pudesse ter um melhor “resguardo”. Foi assim que, durante umas semanas usaram o meu quarto e eu dormia num pequeno divã na sala de jantar.
Mas, não obstante a extensão desta narrativa, tenho ainda mais duas situações nas quais entro directamente e que me parecem interessantes para aqui deixar para a posteridade:
Uma, que terá seguramente mais de 50 anos, data de uma época em que teria por volta de 16/17 anos de idade. Estaríamos então no início da década de 60.
Eu não era o que podemos chamar um “queque” mas, vivendo em seio de família de um comerciante (meu pai) que vivia social e economicamente um degrauzito mais acima dos meus companheiros de mocidade que, por sua vez, na sua maioria eram trabalhadores agrícolas, eu acompanhava com eles para bailes, feiras e festas com o melhor dos ambientes. Só num pequeno detalhe este rapaz não fazia companhia plena… Era nos copos... Na verdade, o meu pai praticamente não ingeria álcool, não tínhamos normalmente vinho em casa (salvo quando recebiamos visitas e meu pai ia à taberna comprar um litro de vinho para o convidado da refeição) e, assim, eu não tinha hábito de beber, nem tão pouco o meu pai me deixava iniciar nessas andanças…
Mas aconteceu que uma bela tarde de domingo – vá lá saber-se como a coisa teve início… porque eu não me recordo… - com iniciativa certamente de algum sacana do grupo – e recordo-me do António Rainha, do António Sebastião (já falecido), do Fernando Carvalho, do Manuel Espadinha e creio que também do Diamantino Carloto, entre outros… - um deles lançou para o ar a ideia de começarmos no Gaviãozinho e irmos até ao Chouto, de taberna em taberna, onde cada um teria de beber um “penalti” que na altura custava um escudo e que correspondia a um copo igual ao que agora nos cafés usam para o chamado “galão”. A coisa não se fazia por menos…
Foi assim que começamos, creio que na taberna do Domingos Duarte, passamos pela da Emília e avançamos de bicicleta para o Chouto. Aí, a 1ª foi logo a do Isidro dos Santos, depois a do Manuel Sebastião que ficava junto e, depois, onde paramos, porque a “carga” já era demasiada, no Polidoro. Foi na taberna do falecido Manuel Polidoro, local onde agora temos o Café Costa e que, face à “carga” excessiva, a coisa findou. E findou, nem sei bem como, porque só me lembro de estar no Anafe de Cima, a 2 kms do Chouto, em frente da porta dos Espadinhas, sentado num pequeno banco de palha, à sombra de uma oliveira que tinham na frente da casa com a Ti Lucinda naturalmente preocupada com o meu estado e sabendo da austeridade do meu pai a dizer-me que ia fazer café para eu beber. Bêbado que nem um cacho e aflito com a situação, na previsão do “temporal” que poderia dali advir, devo ter ingerido umas quantas chávenas de café amargoso, sem açucar e devo ter deixado passar uma, duas ou mais horas e, depois de nada mais me lembro mas não me recordo do meu pai me ter “chegado a roupa ao pelo” ou de ter ocorrido qualquer “guerra” em casa... O café amargoso da doce e simpática Ti Lucinha e o tempo decorrido, fizeram reparar o estrago...
Mas, para findar, tenho ainda uma última situação com o amigo casal Espadinha e, neste caso, foi a última vez que com eles estive, já lá vão uns bons anos… Mais de uma dúzia!
Um dia, no meu trajecto de Lisboa para o Chouto, ocorreu-me fazer um desvio e ir visita-los na casa onde sempre moraram depois de terem deixado o Anafe de Cima e o Chouto. Fica ali entre Almeirim e Coruche mas talvez mais próximo desta última vila do Sorraia.
A porta da rua estava aberta, eu chamei e vi aparecer o amigo António Espadinha com a sua baixa estatura mas ainda com bastante agilidade. À minha pergunta confirmou-me a sua identidade e eu disse-lhe que era fiscal e andava a ver quem tinha a licença de televisão em dia (na altura os portugueses tinham de pagar uma taxa em separado, coisa que agora vem na factura da energia electrica). Ele, que não me reconheceu, não se mostrou preocupado e foi buscar um saco de plástico com uns quantos documentos dentro. Peguei nos papeis, olhei para eles e disse que ele ia ser autuado porque aquilo estava mal… Não se mostrou alarmado e, eu, sem que ele tivesse tempo de reagir, disse-lhe que o ia autuar mas que antes, para que não pensasse que eu era algum burlão, me ia identificar. Puxei então do Bilhete de Identidade e mostrei-lhe. Reacção rápida do amigo António Espadinha: Volta-se para dentro da casa e grita: “Lucinda? Anda cá! Está aqui o Victor!”
Deixou-me de água nos olhos, confesso!
A voz doce e afável – muito afável! – de Ti Lucinda fez-se logo ouvir enquanto se dirigia para a porta: “Ai o Victor! És tu, Victor?” Um encanto, achei!
Abraçamo-nos comovidamente e trocamos sentidos e amistosos – muito amistosos! – cumprimentos e foi uma delícia! Uma delícia!
Hoje, pelo que me informam, repetição de igual cena já não será possível… O amigo António Espadinha, embora careça de força nas pernas, está perfeitamente lúcido e bem de cabeça mas, com Ti Lucida, o Alzheimer traiu-a e traiu todos os que tanto a apreciavam e admiravam na sua delicadeza e trato de excelência na sua voz doce, meiga e única. Tem ocasiões em que não reconhece os seus…
Os tempos passam e a velhice tudo traz… Infelizmente!...
Resta-me desejar que os dois belos e amigos membros do casal Espadinha vivam o melhor possível, para alegria e prazer dos seus! 

EM TEMPO – No Casal do Anafe de Cima nos dias de hoje já ninguém habita e deixo aí uma foto do que é hoje o que antes foi uma aglomerado habitacional onde morava talvez meia centena de pessoas. Tempos passados... Tempos que já não voltam.