quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SEM PESCA, PESCADOR SOFRE...


É, sem dúvida, o meu desporto preferido! É, francamente, a minha distração favorita!  

Pela pesca e, sobretudo, pela pesca ao achigã, troco tudo. Gosto também muito de ver um bom jogo de futebol, do meu Sporting ou da selecção portuguesa mas, se puser isso em equação e, isso já tem acontecido, opto nitidamente pela pesca em detrimento do futebol.
A adrenalina da pesca, do sentir o peixe pesando e puxando na outra ponta da linha; a emoção de imaginar e depois ver o porte do peixinho; o ar puro; o contacto com a natureza; o observar a vegetação, a floresta, as culturas, as aves e os animais selvagens, é algo que não troco por nada. Na pesca o tempo passa sem darmos por isso e, ainda que tenhamos muitas preocupações, ali, elas são esquecidas e, não raras vezes quando olhamos para o relógio, ficamos muito surpreendidos por já terem passado uma, duas e mais horas…
Mas, a pesca do achigã, sobretudo em Portugal, tem esta vicissitude do prazo em que não podemos pescar por causa do clima que no país se faz sentir… É verdade que o “defeso” de 2 meses até é relativamente curto e suporta-se mas, a esse período temos que somar a parte final do Outono e sobretudo todo o Inverno o que, somado ao tempo do “defeso”, eleva para cerca de 6 meses em que a pesca não é agradável e apropriada. Com o frio as águas arrefecem muito e os peixes procuram as águas mais profundas, menos frias e deixam de frequentar zonas menos acessíveis a pescadores de margem como eu. Para além disso, como que hibernam, ficam quietos e deixam de se alimentar. O achigã funciona dessa forma, tem esse metabolismo e a isso temos de nos adaptar.
Foi por tudo isto que, quando a 28 de Outubro, no final do dia, findei a minha pesquinha, achei que seria o meu encerramento deste ano e criei esse bonequinho que acompanha este escrito. Ainda tinha o mês de Novembro pela frente mas não seria previsível que a chuva e o frio que surgiriam inevitavelmente permitissem que continuasse… E assim foi, na verdade. Neste Novembro não tivemos frio mas a chuva não nos largou…
Resta-nos aguardar pelos dias de finais de Fevereiro e ir até 14 de Março na esperança que então tenhamos uns diazinhos de melhor tempo para, antes do “defeso” então, finalmente, matarmos o vício…
Chegados agora a Dezembro, prestes a ver findar o ano e, num balanço final tenho de reconhecer que o mesmo, em termos de pescarias, não foi famoso. Logo na abertura tive a inconcebível “nega” no acesso ao local onde tantas e bonitas jornadas de pesca vivi, embora nesse mesmo dia tenha ferrado dois bons exemplares que até acabaram por ser os maiores que pesquei durante todo o ano. Verdade que fui pouco à pesca mas, as vezes que fui, a coisa não foi famosa, não.
Mas o 2014 ficou marcado por ter levado a pescar pela primeira vez o Rafael, num belo dia de Julho, numa situação que me agradou sobremaneira e ainda mais por ver como ele apreciou. Pena que não tivéssemos oportunidade de repetir como ele desejava mas quero crer que em 2015 lá voltará… Fica aí uma foto como recordação desse belíssimo dia que muito desejo que se repita..
Entretanto devo confessar que nas minhas derradeiras idas, já em Outubro, as coisas melhoraram substancialmente exactamente porque optei por usar vinis e mais concretamente os senkos como amostras…
Os achigãs são enganados magistralmente por esses tubos de vinil e eu, que já há muitos anos os conhecia, como que me tinha esquecido deles…E como lamento isso…
Recordo-me que foi há cerca de 10 anos que o amigo Ventura da Silva, em Vila Franca, com quem muitas vezes conversava sobre a nossa paixão da pesca do achigã me apresentou o senko como a grande novidade do momento, me ensinou a fazer a montagem num anzol “pescoço de cavalo” e me aconselhou a colocar um chumbo bala como peso. Eu logo usei essa “arma” umas vezes mas confesso que nunca vi resultados extraordinários… Só uma vez um grandão esteve para ser ferrado e ele puxou de um lado e eu do outro e fiquei com metade do senko no anzol… Aí fiquei entusiasmado e como tinha o telemóvel no bolso logo gravei a imagem que aí agora deixo…
Mas, depois disso, nada de especial mais aconteceu e, ao longo dos anos, até parece que me esqueci dos senkos e, só agora, no início de Outubro, lendo na net um escrito de Herminio Rodrigues, que passa por ser um craque na pesca do achigã e que sei também ser amigo do sr. Ventura, falando nessa amostra, ensinava também a fazer a montagem mas aconselhava a não usar o peso – o chumbo bala. Aí eu achei que ele era bem capaz de ter razão e penso que talvez o chumbo produza melhores resultados ao nosso amigo Ventura porque ele pesca de barco e há necessidade da amostra ir mais ao fundo. Para quem pesca de margem e portanto em águas menos profundas o peso não se justifica e a amostra descendo naturalmente na horizontal e não na vertical, engana muito melhor os bichos. Eu fiquei disso convencido nas derradeiras vezes que fui à pesca e só lamento que o Novembro, extremamente chuvoso me impedisse de visitar os achigãs… Agora resta-me esperar por melhores dias, talvez lá para finais de Fevereiro de 2015…
Até lá resta-me contar os dias, sonhando com novas e belíssimas idas à pesca…

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