
Pela
pesca e, sobretudo, pela pesca ao achigã, troco tudo. Gosto também muito de ver
um bom jogo de futebol, do meu Sporting ou da selecção portuguesa mas, se puser
isso em equação e, isso já tem acontecido, opto nitidamente pela pesca em
detrimento do futebol.
A
adrenalina da pesca, do sentir o peixe pesando e puxando na outra ponta da
linha; a emoção de imaginar e depois ver o porte do peixinho; o ar puro; o contacto com a
natureza; o observar a vegetação, a floresta, as culturas, as aves e os animais
selvagens, é algo que não troco por nada. Na pesca o tempo passa sem darmos por
isso e, ainda que tenhamos muitas preocupações, ali, elas são esquecidas e, não
raras vezes quando olhamos para o relógio, ficamos muito surpreendidos por já
terem passado uma, duas e mais horas…
Mas,
a pesca do achigã, sobretudo em Portugal, tem esta vicissitude do prazo em que
não podemos pescar por causa do clima que no país se faz sentir… É verdade que
o “defeso” de 2 meses até é relativamente curto e suporta-se mas, a esse
período temos que somar a parte final do Outono e sobretudo todo o Inverno o
que, somado ao tempo do “defeso”, eleva para cerca de 6 meses em que a pesca
não é agradável e apropriada. Com o frio as águas arrefecem muito e os peixes
procuram as águas mais profundas, menos frias e deixam de frequentar zonas
menos acessíveis a pescadores de margem como eu. Para além disso, como que
hibernam, ficam quietos e deixam de se alimentar. O achigã funciona dessa forma,
tem esse metabolismo e a isso temos de nos adaptar.
Foi
por tudo isto que, quando a 28 de Outubro, no final do dia, findei a minha
pesquinha, achei que seria o meu encerramento deste ano e criei esse bonequinho
que acompanha este escrito. Ainda tinha o mês de Novembro pela frente mas não
seria previsível que a chuva e o frio que surgiriam inevitavelmente permitissem
que continuasse… E assim foi, na verdade. Neste Novembro não tivemos frio mas a
chuva não nos largou…
Resta-nos
aguardar pelos dias de finais de Fevereiro e ir até 14 de Março na esperança
que então tenhamos uns diazinhos de melhor tempo para, antes do “defeso” então,
finalmente, matarmos o vício…
Chegados
agora a Dezembro, prestes a ver findar o ano e, num balanço final tenho de
reconhecer que o mesmo, em termos de pescarias, não foi famoso. Logo na
abertura tive a inconcebível “nega” no acesso ao local onde tantas e bonitas
jornadas de pesca vivi, embora nesse mesmo dia tenha ferrado dois bons
exemplares que até acabaram por ser os maiores que pesquei durante todo o ano.
Verdade que fui pouco à pesca mas, as vezes que fui, a coisa não foi famosa,
não.
Entretanto
devo confessar que nas minhas derradeiras idas, já em Outubro, as coisas
melhoraram substancialmente exactamente porque optei por usar vinis e mais
concretamente os senkos como amostras…
Os
achigãs são enganados magistralmente por esses tubos de vinil e eu, que já há
muitos anos os conhecia, como que me tinha esquecido deles…E como lamento isso…
Recordo-me
que foi há cerca de 10 anos que o amigo Ventura da Silva, em Vila Franca, com
quem muitas vezes conversava sobre a nossa paixão da pesca do achigã me
apresentou o senko como a grande novidade do momento, me ensinou a fazer a
montagem num anzol “pescoço de cavalo” e me aconselhou a colocar um chumbo bala
como peso. Eu logo usei essa “arma” umas vezes mas confesso que nunca vi
resultados extraordinários… Só uma vez um grandão esteve para ser ferrado e ele
puxou de um lado e eu do outro e fiquei com metade do senko no anzol… Aí fiquei
entusiasmado e como tinha o telemóvel no bolso logo gravei a imagem que aí
agora deixo…

Até
lá resta-me contar os dias, sonhando com novas e belíssimas idas à pesca…
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