sexta-feira, 11 de março de 2022

A CAMINHA E O "VASO DE NOITE"

Que os eventuais leitores me perdoem o inestético da imagem ora apresentada para melhor nos fazer recuar aos tempos antigos – ainda que em muitos casos não sejam tão antigos e tão recuados quanto isso… - para trazer à memória outras realidades e outras vivências de dias e vidas de muito trabalho, pouco usufruto financeiro, grandes dificuldades económicas e, por isso, tempos muito difíceis mas, ao encontrar esta sugestiva foto numa viagem feita pela net, achei oportuno trazê-la para o meu blogue, para as minhas crónicas, para as minhas memórias de infância e juventude na pobre aldeia.

A cama de casal, de madeira já de muito uso, quando não, noutros casos de ferro, encostada à parede (sinal de que o quartito era mesmo… quartito…); a roupa pobre e fraca para aquecer os corpos; o penico (também, então, pudicamente conhecido por “vaso de noite”…) debaixo e ao fundo do leito, dizem-nos que não havia o “luxo” da casa de banho na residência e que, tão pouco, a mesinha de cabeceira fazia parte do mobiliário…

Era a realidade de outrora.

Era o mínimo que era permitido para quem tinha parcos recursos económicos.

Era o sacrifício e a vida de pobre...

Que me desculpem a deselegância da imagem mas, ela, fez-me recordar o pobre quartinho (?) de telha vã, de passagem para outro iguais cantinhos das filhas, com pobres cortinas de pano fazendo de portas; de piso de cimento frio, desagradável e doentio; de camita encostada à parede e, ver aí, o modestíssimo e pobre quartinho (?) dos meus avós maternos, Gregório e Maria, no Casal do Anafe do Meio, no meu Chouto natal.

Outros tempos e outras realidades em que o viver era, de facto, sobreviver...