domingo, 31 de dezembro de 2017

VAI-TE 2017!...


Dos 73 que já levo de existência este foi, sem a mais pequena dúvida, o mais complicado e o pior da minha vida, mesmo incluindo os 2 em que andei na guerra de Angola.

Danado de ano, danado de sofrimento psíquico e físico, danada de existência neste malfadado 2017!

Primeiro foi a ida pela 1ª vez ao médico ainda em 2016 e depois todo o imenso cortejo de exames e mais exames que se lhe seguiram ainda no ano transacto (ainda tenho nos ouvidos e acho que terei sempre, aquela denúncia da médica que me fazia a ecografia “Estou aqui a ver um nódulo!”) e que entraram por este incrível 2017 com todo o cortejo de picadas e mais picadas, remédios e experiências às carradas e que culminaram – por agora… - na cirurgia de 15 de Novembro e os 21 dias de internamento que se lhe seguiram.

Eu, que me gabava de nunca ter ido o médico e que era um cagarolas sobre injecções, feridas, pensos, enfermeiros, médicos e hospitais fiz, neste ano, um verdadeiro curso intensivo e passei a aceitar tudo – que remédio?!... – sem receio de maior e, adaptado às circunstâncias, tudo passei, não bem e à-vontade, tenho de confessar mas razoavelmente ambientado e conformado. É a vida!

E, agora, resta esperar por Março de 2018 para novos exames à figadeira e comprovar a evolução da "peça das iscas", desejando e esperando que as notícias sejam positivas. Se não forem… paciência. Vamos à luta! Se bem que ela, a partir daí, talvez seja mais complicada…

Uma porra!

Mas eu sempre tive e tenho muita confiança na ciência e nos médicos!...

(Imagem retirada da net e adaptada)

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

NATAL - 0 1º RECAUCHUTADO E... "BAILE" DO RAFAEL

Teria sido mais um Natal igual a tantos outros vividos com a família mais chegada, não fora o caso, bem importante para mim, de ser o 1º que vivo depois de passar pela dura prova da recente cirurgia.

Assim, como é bom de imaginar, no meu caso pessoal a quadra teve um gostinho bem especial e bem particular já que foi vivida 21 dias após os outros 21 dias que permaneci internado no hospital.

Foi também o 1º em que praticamente não ingeri álcool dado que estou bem avisado pelos médicos do perigo que corro se beber bebidas alcoólicas.

Como me disseram que, em dias festivos poderia beber meio copinho, foi o que fiz de um tintinho do Douro. Mas, confesso, quase um ano abstémio, o vinho, ainda que muito pouco, não me agradou. Habituei-me à aguinha e parece que é só o que me apetece beber. Assim irei continuar. Sabe-me bem e… não me prejudica a saúde.

De resto esta quadra foi vivida como as dos anos anteriores: prendas, bacalhau, cabrito, fritos, doces, etc., etc.


As prendas desde há muito foram e estão reservadas apenas para a miudagem e, assim se evita o dispêndio de mais uns quantos euros, que bem poderão ser aplicados em produtos bem mais úteis para a saúde e para a vida.


Mas, falando em prendas para a miudagem, quero referir aqui o grande “baile”, melhor comprovado este ano, que o nosso Rafael está dando ao pai e ao tio Helder que, ano a ano, alternadamente, vem disfarçando-se de Pai Natal...


Já no ano passado, tendo então ele 10 anos, me pareceu que não estava a “engolir” em pleno a peta e, este ano, entretanto já alertado pelo avô Lenine e apanhado que foi nesta foto que junto, não duvido que o bom do nosso Rafael anda dando um grande “baile” ao pai e ao tio, que estão convencidos que o andam a enganar, quando os enganados são eles.

Vê-se a foto do flagrante registo e fica-se sem dúvidas. Acho eu.

Eh! Eh! 

Grande “baile”, Rafael

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

LOUVOR AOS MÉDICOS!


No dia em que perfaz apenas um mês sobre a minha cirurgia ao fígado, da qual recupero magnificamente, de tal forma que quase já faço a vida normal, entendo como justo e obrigatório:

- Louvar o meu cirurgião (cuja identidade não revelo para não ferir a sua modéstia) e a sua competente equipa que, com o seu saber e mestria tornaram possível o bom êxito da intervenção hepática efectuada e a espectacular recuperação que sinto em tão curto espaço de tempo!

- Louvar o seu conhecimento e a sua sabedoria de cirurgião por, numa impressionante evolução da ciência e do saber, com apenas três “furinhos” no abdómen - intervenção que, não obstante, ainda levou 4 horas! -, conseguir cortar e remover a maleita que me ameaçava e apoquentava, grande profissional a quem fico para sempre agradecido!

- Louvar na sua pessoa todos os outros muitos médicos e cirurgiões (alguns de minha família) que, graças ao seu muito saber acumulado por muitas e muitas horas e dias e noites infindáveis de estudo e experiências, quando não toda uma vida,  “ressuscitam” doentes quer no privado, quer sobretudo no sector público, aqui certamente sem a devida recompensa, numa verdadeira dedicação à causa pública a todos os títulos louvável e superiormente meritória!

- Louvar o interesse, o carinho e a dedicação com que tratam os seus doentes, todos por igual, antes e no pós-operatório, num entusiasmo e mesmo altruísmo, digno de toda a admiração e apreço!

Para todos estes doutores – estes sim, doutores, em todo o verdadeiro significado da palavra! – a minha grande admiração e o meu maior respeito e consideração! Bem hajam!

(Na falta obvia de foto feita in-loco da ocorrência, deixo uma imagem retirada da net que mostra o método de laparoscopia usado na cirurgia hepática realizada e uma foto deste cachopo, ao sol da Amadora, três dias após chegar a casa, vindo da “recauchutagem” na figadeira, onde pode ver-se como o “menino” parece que continua em forma.)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

QUANDO UM RAINHA SE TORNOU PRIMO


Quando estava internado recebi, enviada pela minha prima Fernanda Pratas, esta foto do marido António Rainha com o comentário “Vê bem, depois de velho deu em pintor!...” e logo pensei escrever umas linhas sobre este velho amigo de infância e juventude no Chouto.

Conhecemo-nos e convivemos desde a infância, atravessamos o período da escola primária e da juventude, com bailaricos e namoricos pelo meio, sempre em excelente convivência. O Tónio é um bom rapaz!

As nossas residências na aldeia, não sendo juntinhas, distavam menos de uma centena de metros e avistavamo-nos mutuamente e por isso brincávamos e convivíamos amiudadamente pelas ruas da povoação, então empedradas de seixo redondo ou até mesmo em terra batida, como era o caso do largo em frente de minha casa e, já em fase mais avançada nas nossas idades, nomeadamente na guerra de Angola que ambos vivemos – e sofremos!... – trocamos correspondência muito regularmente. Mas desses aerogramas não deixo aqui cópia porque o bom do Tónio usa aqui ou ali linguagem menos adequada, porque algo picante e que não se coaduna com as pudicas linhas do meu blogue… O rapaz sempre foi um “língua destravada”. Eu, não…

(Anos antes, este bom sacana também fez parte do grupinho que me envolveu na inesquecível bebedeira que me pregaram e que já contei aqui e que só não terminou em forte tareia do meu pai, abstémio, graças à boa e doce Ti Lucinda Espadinha que foi fazer e me forçou a beber café amargoso que talvez tenha aliviado a “carga” que me pesava a cabeça…)

Bom, mas deixemos isso e avancemos, voltando ao tempo da nossa juventude já namoradeira…

Quis o destino que este velho amigo se travasse de amores com a minha prima Fernanda, namoro que foi iniciado antes ainda dele ir para a guerra. E é desse período que quero aqui contar a “istória” por eles vivida e que tanto falatório deu na aldeia…

Na época dava-se importância ao facto das raparigas casarem virgens – hoje em dia, como sabemos, isso é um mero pró-forma. Eh!Eh! – e, no Chouto, igualmente esse hábito tinha o seu valor, a não ser que… A não ser que… 

Foi o que aconteceu – ou não… - e que rebentou, que nem uma bomba, no falatório da aldeia… De um dia para o outro, no “diz que diz” de boca em boca, começou a circular a notícia/boato que o “castelo” já havia sido tomado… Num pequeno lugar, como o Chouto, foi a bronca das broncas!

“O quê?”; “Verdade?“; “Quando e onde?”; “Sem vergonha!”- ouvia-se de boca em boca.

Ninguém sabia se era verdade, ninguém sabia se era boato, ninguém tinha provas e, perante isto, no meio daquele turbilhão de falatório sem fim, que fizeram os bons dos namoradinhos António e Fernanda? Que fizeram? Pois, ainda lançaram mais achas para a fogueira ou, melhor, lançaram-lhe mesmo… gasolina! 

Na época existiam nas rádios uns programas de “Discos Pedidos” onde os interessados em ouvir determinadas melodias escreviam ou telefonavam a fazer o seu pedido de audição e, perante isto, que fez um deles - já não me lembro qual, mas acredito que tivesse sido a atrevida da Fernanda… - vá de pedir uma canção do então muito famoso fadista/cançonetista Tony de Matos. O título da canção? Ora vejam bem…. Vejam bem?! Nem mais, nem menos que: “Só nós dois é que sabemos!”

Foi bronca ainda maior que a boataria que já reinava até ali!

“Incrível!”; “Atrevidos!”; “Sem vergonha!"; "Provocadores!" – foi o mínimo que se ouviu. Sim, porque a coisa subiu de tom... Eh! Eh! 

Foi tão falado e comentado tal atrevimento que... eu nunca mais esqueci.

E, olhem: casaram (não fui ao casamento porque estava na guerra e deixo aí a participação da Fernanda enviada para Angola), têm filhos, têm netos e são felizes! Muito felizes!

Abraços carinhosos para estes grandes e velhos amigos!

E que desculpem a brincadeira deste atrevido primo!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CINCO ESTRELAS PARA O SNS!


Aceito que haja portugueses que, por circunstâncias vividas aqui ou ali, tenham razão de queixa dos préstimos do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS); aceito que alguns tenham mesmo muita razão e aceito que haja quem entenda que muita coisa tenha de ser melhorada porque, como está, não serve convenientemente os utentes.

Aceito todas essas queixas e críticas e até talvez ainda muitas mais mas, francamente, eu não tenho queixas a fazer. Não tenho eu, nem tem a minha família mais chegada porque, sempre que ao SNS temos recorrido, temos sido muito bem atendidos e tratados.

No meu caso pessoal são poucas mas “boas” as vezes que a ele recorri e que culminou agora com a cirurgia ao fígado e consequente internamento de 21 dias. Os serviços prestados foram muito bons e eficientes, a comida servida foi excelente e as atenções e dedicação de médicos, pessoal de enfermagem e auxiliares de serviços foi do melhor! 

E quanto me custaria tudo isto num hospital ou em clínica particular? Quanto me custaria? (Dizia-me o meu vizinho de cama ao lado da minha, também num pós-operatório de cirurgia difícil e complicada, corroborando a minha opinião sobre a existência e qualidade do SNS: “Se não existisse o SNS eu morria na minha casa no Alentejo! Não tinha dinheiro para me tratar…”)

Possivelmente serei um felizardo neste caso do recurso ao SNS mas, a verdade tem de ser dita e, eu, só posso dizer bem.

Atribuo assim ao Serviço Nacional de Saúde de Portugal umas justíssimas CINCO ESTRELAS, bem brilhantes, com a certeza plena que estou a ser absolutamente justo.

CINCO ESTRELAS PARA O SNS DE PORTUGAL!.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

"MAUS FÍGADOS" - RECAUCHUTAGEM - DIA 21


"ALTA” E... LAR, DOCE LAR!

Aguardado e depois ansiado desde o dia 14 de Novembro, data do internamento, eis que, felizmente, chegou o dia da minha alta médica e a consequente vinda para casa, minha residência! Finalmente!...

Foram 21 dias de estadia forçada mas necessária no Hospital Curry Cabral onde fui sempre muito bem tratado e, onde até me senti, devo confessa-lo, mesmo acarinhado pelo seu pessoal de todos os serviços, a saber: médicos, enfermeiros e até, inclusive, por todo o pessoal auxiliar! Passados 21 dias de internamento só tenho de agradecer, muito reconhecido, tão bom, tão competente e tão eficiente tratamento!

E, a partir do meio da tarde de hoje, aqui estou em casa para o necessário período de convalescença e recuperação das forças perdidas e da saúde bem abalada até ao internamento com todas as várias maleitas que vinham apoquentando esta já velha carcaça.

Seguir-se-á a recuperação total da cirurgia e o tornear, melhorar ou até mesmo liquidar maleitas de outras “miudezas” do esqueleto e da carcaça que, afinal, mercê dos exames a seu tempo realizados, levaram à descoberta deste “apêndice” à figadeira. 

A seu tempo, acredito, tudo se resolverá.

E, agora, pronto! Depois de durante 3 semanas ver os grandes prédios lisboetas ao longe, os telhados dos velhos pavilhões do Curry Cabral e a copa das suas muitas árvores de folha perene por perto, eis que substitui essa paisagem pela da praça onde resido, de que deixo imagem parcial, com os seus grandes Plátanos já quase totalmente “despidos” e seus vizinhos Castanheiros da Índia, igualmente “nus” pela queda da folha deste agora gelado Outono, que se encaminha para o seu termo.
Mas, francamente, fracamente, aprecio e prefiro ver aqui os “meus plátanos” e os “meus castanheiros” já quase despidos das suas “vestes”, a olhar as verdes copas das árvores de folha perene do Curry Cabral!...
“Ganhei” outros olhos após aquela estadia, né?

E assim termina aqui a diária contagem crescente da minha “recauchutagem” que acabou por totalizar, como disse, 21 dias!

Foi obra!...

Aaaah, velho cachopo, que te safaste desta!...

Uuuf !!!

domingo, 3 de dezembro de 2017

"MAUS FÍGADOS" - RECAUCHUTAGEM - DIA 20


OS COMPANHEIROS E… CALDEIRADA DE ACHIGÃS!...

Neste meu internamento em Curry Cabral e fora os danados dos dias e noites passados nos “Cuidados Intermédios”, tenho estado sempre na mesma cama num quarto de quatro doentes.

Quando cheguei e ainda antes da cirurgia, já não recordo bem quem encontrei aqui. Lembro-me apenas de um companheiro, rapaz de quarentas, alfacinha, que ia ser intervencionado a algo que lhe surgiu no fígado. Foi para a cirurgia logo de seguida e, por eu ter permanecido aqueles dias nos “Cuidados”, só o voltei a ver quando aqui cheguei à enfermaria mas, estava ele de saída, com alta.

Tive também um brasileiro, de que já falei quando contei o episódio da… torradeira… Pouco falava o brasuca e só dormia dia e noite, certamente por via da forte medicação que recebia. Tinha a pele de um amarelo vivo que nem ocre, algo impressionante para a vista, tanto mais que estava amputado de uma perna, mas não coisa de agora. Fazia hemodiálise quase diária e, para agravar a já triste situação, tinha também sido operado à língua, embora não aqui, segundo julgo saber e tinha dificuldade em comer, beber e expressa-se, estando portanto com um quadro clínico muito complicado. Há 3 dias foi levado para os “Cuidados Intensivos” e nada mais de concreto soubemos…

Na cama ao lado do brasileiro Márcio esteve José Roque, de 63 anos, residente na Marinha Grande, que diariamente recebia a visita da esposa e filha que lhe traziam as coisinhas de que ele mais gostava de ingerir, como sopa caseira, uvas, etc. Tratavam-no como muito carinho e paciência mas o senhor queixava-se muito de falta de ar e desesperava. Chegou a impedir-nos de dormir e praguejava muito, algumas vezes com palavrões à mistura. Pedia muito – ouvi várias vezes… : “Deixem-me morrer, porra!” . Um dia chegou um médico com a sua equipa, correram a cortina mas, da minha cama pude acompanhar o sentá-lo na cama, administrar-lhe uma anestesia local e tirar-lhe líquido de um pulmão. O nosso companheiro ficou bem mais aliviado e, quando a esposa chegou pela hora de almoço, ficou contente por o ver menos aflito. Comeu o que a senhora lhe trouxe mas, subitamente, teve uma grave crise. Aplicaram-lhe de imediato uma máscara de oxigénio e seguiu daqui para o Bloco para sofrer uma cirurgia, segundo disseram. Soubemos que passou depois para os “Cuidado Intensivos”, que esteve por lá talvez um dia ou umas horas e… “apagou-se”. Ficamos tristes!...

E, para último guardei o meu amigo José Jacinto Gonçalves, alentejano puro, de uma aldeia junto a Aljustrel, que veio para a cama onde estava o alfacinha.  Fala bem, bem, com o sotaque dos alentejanos, tanto ele como a esposa que diariamente, com estadia em casa de irmã na Bobadela o visita e, com ambos,  tanto eu quanto a Tense temos conversado bastante e constituímos já uma boa amizade. Ele, por ainda não ter sido operado (pâncreas) ajudou-me quando cheguei abalado dos “Cuidados” e, nestes últimos dias, sou eu, já bem melhor que o procuro auxiliar em qualquer dificuldade da sua grande cirurgia. O amigo Zé levou um considerável golpe de vários centímetros em feitio de “L” invertido no peito e abdómen. Nos primeiros dias do pós-operatório esteve algo malzinho mas, agora já vai estando muito melhor, embora ainda não esteja a ingerir comida sólida.

E foi assim que eu e a Tense ganhamos mais dois amigos! Modestos, cativantes, bons conversadores, muito educados e super-simpáticos! Gostamos muito de os conhecer!

E é uma amizade e uma simpatia que já nos fez aprazar na Aldeia Nova, onde moram, confeccionada pela esposa Madalena - que ele já me confidenciou que cozinha muito bem! -, uma bem alentejana e certamente deliciosa “Caldeirada de Achigãs”!

- Com “hortelã da ribeira"? – perguntei.

Ao que a senhora me retorquiu:

- Claro! E que temos lá no nosso quintal.

E eu que adoro “caldeirada de achigãs”, prato tipicamente alentejano!...

E, já que falo em comida,  deixo como “ornamento” uma imagem da “lareira” montada na sala de refeitório e, uma outra do jantar de hoje, que estava bom mas que, em nada por nada, poderia rivalizar com uma bem alentejana “caldeirada de achigãs”…

Uuuunh!!!

Já estou a sentir-lhe o cheirinho…

sábado, 2 de dezembro de 2017

"MAUS FÍGADOS" - RECAUCHUTAGEM - DIA 19


O CAGAROLAS COM ALTA À VISTA!

Na verdade, confesso, meses atrás, antes de andar envolvido nestas andanças de médicos, análises, ecos, tacs, ressonâncias, hospitais, pensos e sua muda e tantas outras dificuldades e odisseias associadas a tudo isto, este rapaz era um danado de cagarolas.

Sentia susto e até pavor de me imaginar a viver essas situações – e nisso não saí ao meu pai, homem corajoso e voluntarioso que “deu” milhares de injecções, tratou das feridas aos homens que andavam à porrada na aldeia e cuidou de doentes, alguns em fase terminal, etc. etc. - mas, passados estes últimos tempos, já me acostumei a isso tudo e mais alguma coisa. Já estou vacinado.

Também não me resta outra alternativa, né?

Pois, este cachopo, está com a “alta” à vista!

Se tudo decorrer dentro do previsto, segunda-feira deixarei esta “unidade hoteleira” e rumarei a casa!

Já “saiu” o “dreno”, seguem-se os agrafos das costuras e os “brincos” aplicados no antebraço esquerdo de que deixo imagem.

Foi algo demorada a recuperação por via dos contra-tempos de que já falei mas a coisa vai chegando ao fim. Felizmente!

E, pronto, parece que desta estou safo e devo então sair depois de me sacarem os agrafos e retirarem do antebraço os tais “brincos” da foto com as muito úteis e azulinhas torneirinhas que nem as dos pipinhos do… bagacinho…

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

"MAUS FÍGADOS" - RECAUCHUTAGEM - DIA 18


UM POUCO DE HUMOR

Mesmo aqui, envolto por maleitas, doenças e males diversos, ainda é possível presenciar cenas caricatas e hilariantes q.b.…Sobretudo por quem já vai sentido melhoras visíveis, que é, felizmente, o meu caso.

Passo a narrar o episódio:



O companheiro de quarto, na cama frente à minha, brasileiro já há 16 anos radicado em  Portugal, saiu daqui ontem de tarde para os “Cuidados Intensivos” algo mal mas, antes, logo manhã cedo, depois do pequeno-almoço que excepcionalmente tomara, ainda travou um curto diálogo (falava muito pouco, comia menos ainda e com dificuldade resultante de recente cirurgia à língua e talvez também do tratamento que levava para o amarelo, amarelo vivo que nem o ocre das barras das casas das aldeias alentejanas…), diálogo travado com a senhora do refeitório, pelos vistos algo despercebida, que lhe retirava o tabuleiro e, nesse instante, o amigo brasuca dirige-se à senhora, exprimindo-se em evidente dificuldade de expressão:

 - … eiiiira!…

- Como diz? – pergunta a senhora.

Ao que o nosso amigo repete:

- … eiiiira!...

Aí, a senhora, parecendo esclarecida:

- Aaah!!!  Torradeira!!??Torradeira, não temos!

O brasuca, vê que está a ser mal entendido, faz um grande esforço e soletra muito arrastada e dolorosamente:

- Aaaarrassstadeiiiira!

Coitado do senhor!

E um bocadinho desentendia a senhora, não?