sábado, 30 de junho de 2012

COBARDIA POLÍTICA

Confesso que há já uns bons pares de meses cheguei a ter “alinhavado” na cabeça um apontamento para aqui publicar onde, a propósito de uma entrevista dada pelo dr. Miguel Portas, onde ele abordava a sua entrada no jornalismo e confessava como o havia feito, eu partia para aqui lembrar um velho amigo há muito desaparecido do nosso mundo.

A forma como então trataria esse inicio de carreira de Miguel Portas não era a mais simpática para ele, face à sua confissão de como se iniciou nas lides jornalísticas mas, como logo de seguida, soube que o agora falecido euro-deputado sofria de gravíssima doença, entendi por bem não passar a escrito o que havia “alinhavado” e guardar para melhor altura esse escrito.

E lembrei-me agora disto exactamente porque foi divulgada a atitude dos deputados do PSD da Madeira à Assembleia Regional daquele território que, discordando de uma proposta de voto de pesar pela morte de Miguel Portas, aqueles deputados se dividiram e, enquanto uma parte deles se absteve, a outra levantou-se no momento da votação e abandonou a sala...

Não sei das razões que assistem aos homens do PSD/Madeira para este comportamento mas acho que manda a boa educação e também o respeito pelos nossos adversários que sempre sintamos pesar pela partida de um ser humano que, segundo penso, não tendo sido um perigoso e intratável esquerdista, sectário e faccioso, sempre tratou, inclusive os seus adversários políticos, com civilidade e educação. Não navegando eu nas suas opções políticas, sinto-me à vontade para assim falar...

Se discordavam do voto de pesar – que, ainda por cima, foi proposto pelo CDS, homens de direita! – melhor seria que tivessem assumido frontalmente a sua discordância e, abstendo ou votando contra, assim o tivessem assumido. Abandonar a sala na hora da votação é um acto de cobardia política que condeno!

Um ser humano, civilizado e cortês, que parte assim tão prematuramente e de forma tão dramática e sofrida, merecia mais respeito e educação! Reconheceram-no os parlamentos nacional e europeu que lhe prestaram importante e significativa homenagem mas olvidou-o uma parte do parlamento da Madeira, ficando as atitudes para quem as pratica...

Quanto ao meu escrito e porque quero lembrar o outro velho amigo de que falei, aparecerá aqui um dia destes, voltando ao criticável início de Miguel Portas no jornalismo e à entrevista que deu mas, desta vez, de forma mais moderada porque o euro-deputado já não se encontra entre nós para eventualmente se defender...