domingo, 13 de abril de 2014

UF!!!... O RAPAZ OBROU!...


A cena ocorreu há já uns bons pares de anos mas nunca mais a esqueci não obstante o tempo decorrido e tenho-a ainda bem viva na minha memória.
Eu, nessa distante data, era Assistente do "Circulo de Leitores", tinha quatro centenas de sócios do Circulo que visitava assiduamente e, francamente, tinha com todos uma excelente convivência. Aconteceu que, à porta de um desses apartamentos e enquanto era atendido pela dona de casa, veio lá de dentro uma simpática idosa, que depois soube ser sua mãe e que, simpaticamente, me saudou com um amável “boa noite!” a que, naturalmente respondi retribuindo com idêntica saudação de “boa noite, minha senhora!” e ainda acrescentei :
- Como está?
 A simpática senhora, toda de negro vestida, confessou-me então:
- Mal, senhor. Mal! O senhor, obra bem? - perguntou-me de chofre.
Admirado com a franca confissão da senhora e não menos com o patusco termo utilizado, respondi-lhe assim mais ou menos laconicamente, rápido e de mansinho:
- Obro.
E, aí, a sofrida idosa rematou:
- Eu não… Eu obro muito mal, senhor!…

As vezes que hoje este rapaz se lembrou deste curioso e invulgar dialogo não mais esquecido!?...
Depois de uma terrível noite de cólicas e mais cólicas, motivadas por 8 dias sem obrar – isso mesmo, como a senhora me ensinou: sem obrar!..eheh.- eis que o rapazinho, aflito até mais não, corre a pedir auxílio pela 1ª vez a um hospital.
Pouco tempo depois da chegada é-lhe colocada na chamada "Triagem" uma pulseira de cor amarela e depois foi o pior e afinal o único e chato contratempo: muito tempo de espera!...Mais de 2 horas com o menino quase sempre de pé, girando de um lado para o outro porque, sentado, as cólicas eram ainda mais danadas... (Teve quem não aguentasse e, um jovem, muito sofredor de algo num pulso, resolveu não esperar mais e... foi-se... Depois foi toda a manhã a ouvir chamar pelo seu nome, para se dirigir ao gabinete x...)
Passada essa demora, tudo correu de forma excelente e com andamento muito bom e sempre com atento e competente atendimento. Diagnóstico cuidado por médico-cirurgião (Dr. Nuno Pignatelli) "está carregado de fezes!", análises de sangue e urina, clister e onde, de forma solicita e sempre muito simpática, nem uma fralda faltou recebido o clister, para o curto trajecto a fazer até aos sanitários. Tudo bastante bom e, logo, logo em pouco tempo o rapazinho obrava a “carga” e "ressuscitava" – coisa que demorou talvez bem perto de meia hora! eheh – e surgia como novo junto da família que o aguardava.
Ufff! Mas foi uma danada de uma aflição, pá!... Não quero voltar a sentir tal coisa!...
No balanço final, só dois senões do serviço – Serviço Nacional de Saúde - do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, na Amadora: O largo tempo de espera que o desgraçado do padecente, com terríveis cólicas intestinais, teve de aguentar e ainda, meus senhores, o incrível volume do som da aparelhagem ouvida em toda aquela zona das Urgências, chamando e indicando, segundo a segundo, minuto a minuto, os necessários serviços aos doentes! Um barulho incrível, meus amigos! Mais parece que estamos numa estação da C.P.. com os altifalantes anunciando as chegadas e partidas dos comboios… Para quê tanto barulho, que incomoda e fere os ouvidos dos sofridos doentes? Não entendi...
Ah! Já me esquecia: Paguei, logo “à cabeça” - para não esquecer... -, a “simpática” “taxa moderadora”: €18,05! 

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