sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O PASSADO, DE NOVO!...


Novo e cativante encontro com o velho amigo padre Luís em Alcabideche, três anos e meio depois de ali termos convivido após algumas dezenas de anos sem nos vermos e que então, em Fevereiro de 2006 aqui descrevi.
E, felizmente – curiosamente de novo na companhia do meu compadre Lenine…-, a conversa foi agora muito mais prolongada!...

Almoçamos num restaurante local (e… - chatice! - a qualidade das sardinhas deixou muito a desejar…) e só nos despedimos quatro horas depois, após desenferrujarmos bem a língua recordando tempos vividos no nosso Chouto, quando eu era um adolescente de 14/18 anos e, ele, um verdadeiro passarinho saído da gaiola, vindo verde – verdinho!... - do seminário para a sua primeira paróquia.

Recordou e recordamos a sua 1ª chegada a Ulme quando, vindo de Santarém para a Chamusca deixou essa estrada nacional e desceu da camioneta de carreira no cruzamento que daí nos leva a Ulme e, a pé, iniciou o seu trajecto para a aldeia dos pinéus. Segundo conta, no percurso “a penates”, surgiu-lhe Ernâni Lopes da Costa, abastado proprietário local que se prontificou a transportá-lo até Ulme. (Aqui, constato: Hoje não haveria seminarista saído do seminário que fizesse uma viagem de 6/7 Kms a pé a caminho da sua nova paróquia e, mais completo ainda que isso, não há seminaristas a sair do seminário…).

Recordamos quando, ambos de Vespa, uma motoreta muito bonita que ele hoje me confidenciou que lhe tinha sido oferecida pela padre Manuel, pároco que ele ali foi substituir, viajamos, ele à frente na condução, eu, atrás, com a pesadona Pedra d’Ara no meio dos dois, aos mais recônditos lugarejos da charneca choutense para ali padre Luís celebrar a missa. Palhas, Junco, Tujeiras, Parreira, Gorjão, etc. Eu sei lá por onde andamos… Em pequenas capelas, celeiros e até lagares de azeite, como no Casal do Junco, na Parreira.

E, recordo-me agora, ao correr do teclado, coisa que não me lembrei quando estive há pouco com ele, o padre Luís nos primeiros tempos chegou a fazer o trajecto Ulme/ Chouto e volta em bicicleta a pedais! E, note-se bem: de batina vestida! Enrolava a batina em cima do quadro da bicicleta e aí ia ele, feliz da vida!

Falamos de muitos e diversos amigos, recordou a convivência que tinha com muitos abastados proprietários do concelho da Chamusca (recorda todos pelos nomes completos!) e as prestimosas ajudas que estes lhe prestaram para a conclusão da construção da actual igreja de Ulme que o anterior padre Manuel começou e vê-se que se recorda de tanta e tanta gente e de todos os lugares e recantos das freguesias de Ulme e Chouto com uma frescura na memória que me causou espanto.

Senti que fugiu um pouco a abordar a figura ímpar de meu pai, de quem foi particular amigo e recordou-me – coisa que já não me lembrava porque na data eu já estava na guerra de Angola – que deixou as paróquias de Ulme (onde habitava) e Chouto – partindo do Chouto numa caravana de oito autocarros e mais oito que os aguardavam em Ulme e que o acompanharam até Atouguia da Baleia onde foi colocado.
Ficou então nessa derradeira noite na casa de meus pais – “padre Luís: dormiu então na minha cama?!… - interroguei. “Sim! Foi!” – reconheceu - numa decisão que, ainda hoje acha que caiu um pouco mal à população de Ulme, afinal a terra onde sempre residiu…

Despedimo-nos passadas quatro horas e, agora, está o compromisso por mim assumido de um dia destes pegá-lo em Alcabideche, onde o deixarei à noite, depois de uma visita ao Chouto e à sua região, que ele tem saudades em rever. "Mas, tudo com absoluta descrição, sim?" - pediu. "De acordo!" - assumi.

Deixo aí o registo deste nosso belo e saboroso encontro de hoje, captado enquanto almoçávamos em Alcabideche e, ainda, colocada na entrada do excelente complexo social que criou, mantém e dirige na povoação, ao serviço da freguesia, a sua face, moldada num cubo de bronze que, alguém reconhecido decidiu mandar fazer e colocar em lugar de destaque na entrada principal do grande e excelente Lar para idosos que se vê parcialmente ao fundo.

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