terça-feira, 20 de novembro de 2018

RECORDAÇÕES...


A imagem que agora retirei da net mostra-nos algo com o seu quê de patusco e, sendo perfeitamente inviável de observar nos dias de hoje no meu Chouto natal, não o é todavia em alguns locais do interior do nosso pais e não é estranha sobretudo para quem como eu ali nasceu, cresceu e viveu em tempos de outrora…

Na verdade, lembro-me de nos idos anos 50 e inícios dos de 60 do século passado os carros de bois – bem como os de mulas e machos, a par de algumas bicicletas… - serem o transporte mais usual nas deslocações e transportes de pessoas e coisas.

Recordo-me até que, neste caso concreto do carro de bois, ele era o meio de transporte preferido de João Maia, então lavrador abastado na freguesia, proprietário do Casal do Anafe do Meio – chamava-se mesmo nessa época “Anafe do João Maia” – nos terrenos que hoje são propriedade dos seus netos e meus amigos José João e António José Maia.

João Maia, que era bem corpulento e obeso, passava muito do seu tempo sentado no solo, ou em baixo assento, quase sempre de pernas cruzadas, à sombra de uma frondosa acácia que existia junto de sua residência à beira da estrada que servia os Anafes e frente aos aposentos do Casal onde residia, recordando-me bem que as pessoas passavam e saudavam-no respeitosamente: "Bom dia, patrão Maia!". 

Acontecia então que João Maia com alguma frequência deslocava-se ao Chouto para bebericar e petiscar com os amigos da aldeia, fazendo-o quase sempre de preferência, se a memória não me falha, na taberna de Manuel Polidoro, onde hoje temos o Café Costa.

Chamava o boieiro que conduzia a viatura a pé na frente da junta de bois até ao Chouto pela então pobre estrada de terra que alguns pequenos riachos atravessavam a céu aberto sendo que, no retorno, com a noite a cair e, eventualmente, já com um "grãozinho na asa", o transportava de volta a casa, no seu Anafe do Meio.

Cenas e imagens antigas do meu Chouto. Desse Chouto que me viu nascer, me criou e apaixonou e que, quando me chegam, como esta de agora, expressiva e patusca, mais me aviva a memória de saudosas vivências passadas e nunca esquecidas…

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