sábado, 15 de junho de 2019

AVÔ E NETO, DE NOVO NA PESCA...


Hoje aconteceu de novo e, desta vez por imposição do Rafael, fomos só nós, ele e eu. Neto e avô, sem o pai, por exigência do ansioso novo pescador.

Começou a “aventura” logo ao sair da cama: 

- Deixa ver as horas: 6,50! O meu novo record em levantar da cama! - fez questão de registar, perante o riso dos avós.

Tomado o pequeno-almoço rumamos para Sul e, passado pouco mais de hora e meia estavamos junto à pequena represa na fronteira do Ribatejo com o Alentejo, numa herdade a que o Encarregado faz o favor de me facultar o acesso. Antes foi o abrir porteiras fechadas, o susto do rapazinho da cidade com os cães de guarda que, embora meigos e bonacheirões o assustam e o observar atento da vegetação que o cerca.


Antes, em tempos que já lá vão, teria observado na poeirenta estrada de terra ou à beira dela, um coelho ou talvez mesmo muitos coelhos bravos, uns casais de perdizes, uma ou outra fugidia lebre e, eventualmente até, um saca-rabos ou um texugo... Agora? Agora tudo são lembranças e saudades de avô bem vivido e recordado dessas cenas bonitas de outrora e agora não imagináveis para os jovens de hoje…

Mas voltemos à pesquinha do netinho e do avô.

De manhã o craque entreteve-se mas, por falta de prática e porque a linha ou se “encabelava” ou ficava presa num ou outro arbusto ou  até na ramagem de algum sobreiro, teve o avô que resolver as situações e, nalgumas vezes mesmo, substituir tudo por nova “aparelhagem” e retomada era a tarefa de tentar sacar as pequeninas percas que, malucas, se atiravam ao asticot que servia de isco.

O nosso Rafa sacou várias, ou mesmo muitas, mas foram quase todas devolvidas à água. Fritas, até são saborosas mas têm de ter um tamanho razoável…


Pela hora do almoço recorremos ao Fernando, velho conhecido das minhas andanças por aquelas paragens, no seu restaurante “Paraíso da Mata” ali juntinho a Lavre, já no Alentejo e, degustados por ele, um Bifinho com Ovo a Cavalo, arroz e batata frita e, por mim  um sempre excelente Ensopado de Borrego, partimos para a 2ª etapa do dia.

Um velho açude meu conhecido tinha a porteira aberta e, porque sei de ali “reinarem” uns bons achigãs, pensei em variar o local e proporcionar ao Rafael uma pesca diferente porque os pequenos achigãs têm por hábito atirar-se ao asticot em disputa com as percas… E foi isso mesmo que aconteceu e nosso pescador ferrou com asticot mais pequeninos achigãs que percas (tudo devolvido à água, claro!) e ainda tivemos a sorte de encontrar o açude bem limpo em boa parte das suas margens e, desta forma, o netinho tinha menos probabilidades de se ver atrapalhado com os lançamentos, a linha e a vegetação. Mas, mesmo assim, ainda lá estava a danada da ramagem de um chato sobreiro… eheh.

Mas deu para divertir, tanto mais que, a meio da tarde também peguei na minha cana e, com um “amostra” de 7 cms, procurei ferrar achigãs o que consegui por diversas vezes. Então, ferrado o peixe passava-lhe a cana para ele sentir o peso e o vibrar do achigã na ponta da linha. Sucedeu várias vezes e, quando se ferrou um de ¼ kg, o rapaz experimentou uma sensação bem diferente do habitual.

O pior, o pior é depois agarrar e tirar o peixe do anzol!… Nem pensar! Não só esse, como todos os outros, pequenos que fossem… 

- Ele mexe-se!… - queixava-se, perante os meus ralhos e risos disfarçados...

Tem receio dos peixinhos e ainda não entendi bem se é por medo de ser picado ou de ser mordido…

Mas já teve uma boa evolução no seu comportamento desde a última vez que foi à pesca: Antes, nem pegava no ariscos bichinhos de asticot mas, agora, isso já não aconteceu e até os sabe fixar no anzol.

A coisa vai evoluindo e a seu tempo as diversas etapas serão ultrapassadas!

A verdade é que o Rafael tem um excelente predicado para que se faça pescador: tem paciência!

Tem muita paciência para procurar e aguardar as ferragens dos peixes!

- Rafael é preciso pôr mais asticot no anzol!

- Deixa estar mais um pouco a insistir, avô!... 

O Rafa tem paciência e tem entusiasmo, exigências muito precisas num bom pescador!

Vamos ver…

E pode ser que um dia, quando o avô já for uma saudade, tropece nestas desalinhadas linhas e se lembre de quando ia à pesca com ele e… tinha receio dos peixinhos...

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