Hoje, neste Portugal do século XXI, quando pegamos e desfolhamos um jornal diário - quando não logo na sua capa, em grandes caracteres… -, encontramos e horrorizamo-nos com as muitas notícias de assaltos, roubos, agressões, sequestros e até mortes de vitimas de tanta violência. (Ultimamente, pobres e indefesos idosos, isolados no interior do país, têm sido particular vitimas dessas violências, com algumas a resultar em crimes mortais enquanto os desgraçados agressores se satisfazem com o roubos de escassas meia dúzia de euros…)
Hoje, neste Portugal do Século XXI, assistimos mesmo à criação de programas de televisão nos mais diversos canais, com horas e horas de emissão, ligações em directo, entrevistas, reconstituições de cenas passadas – algumas delas eventualmente mais ou menos macabras… - e tudo serve para supostamente nos esclarecer, quando não alarmar.
E, na verdade, conscientemente, temos de reconhecer que, este Portugal do Século XXI, não é mais o Portugal calmo, ordeiro e pacífico que nos viu nascer e onde crescemos e vivemos nos tempos passados.
Hoje, por via de muitos fenómenos, a que não é estranha certamente a abertura de fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, o português comum, não só nas grandes urbes como mesmo nos pequenos povoados do interior, não vive mais descansado e em sossego, como no antigamente... Infelizmente.Pensava nisto tudo quando descia uma rua de uma pequena aldeia beirã que visito regularmente e, constatando que estava num pequeno oásis neste mundo hostil de roubos e assaltos, via as chaves por fora nas portas em plena via pública que atravessa a povoação.
Ali, para além da deliciosa broa de milho, que o padeiro diariamente ao romper da aurora deixa pendurada em saco porta a porta e onde ninguém mexe para além do seu destinatário, também as chaves ficam de fora, despreocupadas e livres. Ali, ao dispor de qualquer passante, forasteiro ou não, que resolva entrar. Para o bem e para o mal…
Com o objectivo de aqui as registar, resolvi fotografar três situações de habitações quase contíguas, de entre vários que é possível constatar e, quando na ocasião expressei a um residente da aldeia o meu desejo de escrever e mostrar no meu blogue a beleza livre destas cenas, logo fui alertado:
- Mas, vai referir o nome da nossa aldeia?
Sosseguei-o, como é bom de ver:
- Claro que não, meu caro! Fique descansado.
Assim, ficará só para nós e para os demais residentes da povoação a manutenção deste autêntico “oásis”, deste verdadeiro paraíso.
No nosso Portugal do Século XXI.
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