sábado, 25 de fevereiro de 2006

QUOTIDIANO DE RISO INCONVENIENTE


Por vezes no nosso quotidiano surgem situações que, não obstante a envolvência em que as vivemos, - ou, talvez até mesmo por isso... – nos provocam forte e inesperada risada, tão forte quanto espontânea.

Foi o que me aconteceu hoje, logo à saída de casa, nesta manhã particularmente invernosa e fria, em que o guarda chuva também foi companheiro indispensável.

Tenho logo aqui a poucos metros um quiosque de venda de jornais e revistas onde um homem, invisual, há já um bons anos vai ganhando a sua vida. É simpático, já bem conhecido de todos e, por isso, enquanto vai trocando os jornais pelos euros de seu custo, cujas moedas tateia com cuidado para sentir que tudo está certo, vai cavaqueando com os clientes que, não raras vezes, ali se detêm em ameno convívio.

Hoje ali me dirigi para comprar o jornal e encontrei-o em conversa com uma senhora, daquelas do tipo que vêm todas a novelas e tudo sabem da vida dos artistas de rádio e televisão. Nas capas de algumas revistas ali expostas publicava-se a imagem de um integrante do 1º “Big Brother” na TVI, rapaz bem parecido e então bem simpático e que, agora, foi “engavetado” pela polícia, já que fazia parte de um gang que vinha assaltando e roubando gentes e bens, à mão armada. Coisa muito falada por aqui.

Então, a senhora mostrava-se muito pesarosa com o ocorrido e lamentava a vida futura do rapaz, prevendo:

- E agora ? E agora, que vai ser da vida dele ? Estragou a vida ! Conhecido como é, quando sair da cadeia, quem lhe dá trabalho ? Quem ?... Coitado ? Coitado do Mário !...

Ao que o seu interlocutor, de dentro do quiosque lhe respondeu de pronto, berrando cá para fora:

- Coitado ? Qual coitado, minha senhora ?... Ele ganhou muito dinheiro !... Coitado ? Coitado sou eu que estou pr’aqui sem dinheiro “para mandar cantar um cego “ !!!...

Por sorte, o amigo invisual disse isto ao mesmo tempo que me entregava o jornal porque, eu de imediato virei costas e não contive uma gargalhada, cuja sonoridade muito aguentei para não o ofender. Coisa que eu não queria e ele não merecia.

Que expressão !... Que situação !...

Tão hilariante, quanto chocante, não ? !...


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