Com
a permissão de pescar numa nova herdade onde me facultam a entrada e
onde sabia de um bom local com achigãs, julguei ser o momento certo
para fazer o meu Rafael iniciar-se na pesquinha de tão desportivo
peixe, largando a cana, o asticô e as malucas perquinhas que, sendo
fáceis de fisgar, entusiasmam, divertem mas não passa disso e não
é pesca que se veja. Não resolvem.
Ora,
a pesca ao achigã é coisa totalmente diferente e, por isso, o meu
desejo de ensinar o netinho a iniciar-se nesse passatempo/desporto
que, ao longo dos anos tanto prazer e bem-estar me tem proporcionado.
Não
sendo aconselhável entretê-lo com isso no período das aulas, só
nas férias o costumo levar e, este ano, com ele com outra idade e
com o novo local de pesca (um pequeno açude em propriedade fechada e
por isso bem “recheado” de verdinhos), entendi ser o tempo e o
local ideal para o iniciar nesta belezura que me apaixona e dá saúde
porque vivo em contacto com a natureza, respiro ar puro e, melhor
ainda, em tempos conturbados, aliviou-me a cabeça e fez-me esquecer
preocupações e dificuldades surgidas.

Ontem
foi a 2ª lição e desde os primeiros instantes, observando-o, logo
verifiquei como tinha evoluído no trato da cana, do carreto e da
linha com a respectiva amostra artificial, manejando o conjunto com
mais destreza e os resultados não se fizeram esperar: para além de
vários peixinhos com 100/200 grs naturalmente em crescimento para um
dia nos deliciarmos com umas boas ferragens, o meu aprendiz fisgou
mesmo um grandolas que, pesado ali mesmo por curiosidade, mostrou-nos
0,750 kgs. na balancinha de bolso.
O
Rafael ficou admirado e algo surpreendido, como é natural e, o avô
confessa, francamente, que ficou ainda mais satisfeito por ver o neto
sacar um bichinho daqueles das águas - muito mais satisfeito! - de
que se tivesse sido ele próprio a ferrar aquele bonito achigã.
Proporcionou-lhe,
estou certo, mais entusiasmo, maior prazer e, naturalmente, maior
vontade de continuar na prática de tão salutar desporto em que
agora se inicia.
Para
a posteridade fica aí a imagem do Rafael com o bonito achigã junto
à pequena represa e a convicção que, pouco a pouco, ainda mais
familiarizado com os apetrechos da pesca e com outro à-vontade com
as “chatas” situações que se vivem nestas jornadas no campo e
no mato (segurar peixes vivos, mato, silvados e ramagens, calor e,
sobretudo, as muitas e chatas mosquinhas de Verão que não largam
lábios, olhos, orelhas de um indígena, sobretudo depois de manusear
um peixinho...) ele continuará evoluindo e, a exemplo de ontem,
bastas vezes o “aprendiz” fará ver ao “mestre” como se
pescam achigãs...