domingo, 24 de maio de 2020

A FISGA - COMO EU, QUEM A USOU E MATOU PASSARINHOS?


Um galho em “V” de uma árvore era cortado em medida que nos coubesse na mão e no bolso e, depois de aparado, eram-lhe atadas nas extremidades do “V” duas tiras de borracha previamente retiradas de uma velha “câmara de ar” de bicicleta ou de automóvel ou camioneta, sendo que, para estes últimos “elásticos”, era necessário usar mais força para os esticar, embora imprimissem mais velocidade à pedrinha projectada.


Nas duas outras pontas das tiras de borracha aplicava-se um pequeno pedaço de cabedal onde seria colocado o “projectil” (leia-se: pedrinha) a arremessar em direcção ao pássaro.

Depois, bem, depois era partir para a “caça” de fisga no bolso mais ou menos dissimulada para que pais e vizinhança não vissem que íamos aos pássaros. A operação era feita maioritariamente debaixo das copas das árvores ou perto delas ou até nas proximidades de vedações de hortas, por exemplo, em cujas varas ou canas os pássaros pousavam e depois de nos aproximarmos pé-ante-pé para não sermos notados…

Colocada no cabedal a pedrinha/projectil, fixa com boa pressão pelo “punho” a fisga, esticadas as borrachas, feita a pontaria com um olho fechado e outro aberto no centro do "V" da forquilha, seleccionado que estava o alvo/passarinho a atingir, era só largar a pedrinha e, em grande velocidade, aí ia o “projectil”.  

Se o “caçador” tinha boa pontaria, a pobre avezinha caía de imediato moribunda no solo mas, se não tinha – como era o meu caso… -, a pedrinha passava ao lado e... a pobre ave continuava vivinha e feliz, cantando e procriando.

Eu e muitos dos meus amigos de infância - se não quase todos… - usávamos muito a rudimentar “arma” por montes e vales da minha aldeia natal na busca dos pássaros mas, no meu caso pessoal, devo confessar que a tinha escondida porque o meu pai me proibia de fazer tal barbaridade aos passarinhos. Pois… ele proibia mas, eu, várias vezes a usei às escondidas na companhia da rapaziada amiga.  

Mas – lembro-me bem… -, um ou outro passarinho que matei – fui e sou péssimo em pontaria… -, não levei para casa, não… Isso seria tareia, pela certa...

(Imagem retirada da net)


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