domingo, 13 de setembro de 2020

NUMA FESTA ADIADA, O "DITO" DE UM AMIGO



Em tempos que já lá vão tive amizade e amiudado contacto com um conterrâneo do meu Chouto natal, amigo que, embora sofrendo de um pequeno desarranjo mental, era pessoa extremamente correcta, afável e amiga de todos os que com ele lidavam e conviviam.

Falo de situação vivida na minha juventude, adolescente e rapaz, coisa dos anos 50 a 70 do


século passado e que inclusive envolveu troca de vária correspondência quando me encontrava na Guerra Colonial, sendo o saudoso amigo sempre pronto a escrever-me para Angola, fazendo detalhadas descrições das envolvências da sua vida pessoal, laboral e igualmente das ocorrências na nossa aldeia, coisa que eu, lá bem distante, na solidão e isolamento do mato, apreciava.
 

A deficiência desse amigo, não sendo profunda, também não era tão leve quanto o mínimo aceitável mas, não obstante, o seu convívio era agradável e amigo e esse saudoso homem usava mesmo muitas vezes expressões que para sempre me ficaram na memória, sendo que hoje aqui deixo uma que me parece adequada ao assunto principal que nesta crónica quero abordar e que se prende com o adiamento da festinha da passagem do 3º aniversário do Grupo da minha terra (CHOUTO – NOSSA TERRA, NOSSA GENTE), Grupo que criei na net e administro com prazer e de aqui já tenho falado. Sempre temos festejado os seus aniversários e este de hoje não fugiria à regra, não fora o danado do “bicho” que no ameaça a toda a hora e em cada canto e que nos impõe isolamento e reserva, evitando contactos propiciadores de um indesejável contágio.

Usava então muitas vezes aquele amigo a sabedora expressão – ditado popular? - quando, forçosamente, tínhamos de adiar qualquer situação das nossas vidas, “Deixe lá amigo, porque há mais marés que marinheiros!...” e recordei-me dela quando dirigia este ano uma saudação vídeo ao Grupo, lembrando a efeméride.

Na verdade, sendo que custa bastante suspender o hábito de pessoalmente festejarmos o interessante aniversário, como já era tradição, as circunstâncias a isso nos obrigam porque, cumprir o que está recomendado oficialmente em domínio público e, sobretudo, preservar e cuidar bem da nossa saúde está, tem de estar, em primeiríssimo lugar.

Pessoalmente - e sei que em vários amigos e conterrâneos igual sentimento é vivido e disso vão dando expressão em mensagens ali deixadas ao longo deste dia -, custa-me bastante não realizar este ano a comemoração mas, por outro lado, sabendo do perigo do vírus e sendo a pandemia a nível global, com as naturais preocupações mundiais que a todos acarretam, já se fala muito numa eficaz vacina a surgir em prazo mais ou menos curto e, por isso, há que ter calma, resignação e... esperança.

Calma, resignação e esperança que, mais que nunca, para todos nós são bem necessárias, até porque, como diria o meu saudoso amigo, se ainda estivesse entre nós: “Deixem lá amigos, porque há mais marés que marinheiros!..”.

(Como “ornamento” do texto deixo um “boneco”, que fiz no “photoshop”, alusivo à efeméride.)

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