quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

OS ARROZAIS E AS AGRURAS DA VIDA



Eis um dos trabalhos mais difíceis e árduos que, tempos atrás – e não foram tão atrás quanto isso... –, eram executados pelas muitas mulheres da minha aldeia natal e não só ali, como é natural – muitas delas felizmente ainda vivas! – nos campos de arrozais da freguesia, num esforço muito grande e suportado muitas vezes de Sol a Sol.

Aqui, nestas imagens, vemos o plantar do arroz e o tratar da terra dos canteiros mas, depois, tínhamos ainda, num trabalho não menos difícil e árduo, a chamada “monda”, onde igual sacrifício era pedido às muitas mulheres que, cravadas no terreno lamacento e doentio dos canteiros e, vergadas toda a hora, retiravam as ervas daninhas para que a planta pudesse crescer livre e eficazmente e, finalmente, tínhamos a ceifa que, nos tempos actuais já se faz com as modernas ceifeiras debulhadoras mas que, no antanho, era executada pelo esforçado trabalho braçal de mulheres e homens.


Nos falados canteiros e arrozais elas, como também os muitos homens que cavavam horas infindáveis, com grandes enxadas a terra lamacenta e pesada, muitas vezes enterrados até quase aos joelhos, ganharam a vida, criaram os filhos e, comendo a fraca merenda, chegados a casa, já com a noite a cair, molhados, suados e de roupas e corpos mais que sujos, a bem precisarem de um retemperador banho que, como bem sabemos, muitas vezes era bastante difícil de usufruir nas suas humildes habitações sem água canalizada e sem instalações sanitárias, viveram assim anos e anos a fio, gerações de amigos meus conterrâneos, num ritual e num sacrifício que se repetia sazonalmente, sem um queixume, sem um lamento, sem uma revolta.

Gente trabalhadora, gente honrada e gente sofrida, bem merecedora de uma homenagem pequena que fosse mas que, todavia e lamentavelmente, nunca vi ser-lhe prestada…

Aqui lhes deixo o meu apreço, a minha grande admiração e a minha forte estima!

(Fotos retiradas da net.)

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