quinta-feira, 1 de setembro de 2016

REENCONTRO, BELÍSSIMO, COM VELHO AMIGO!


Já não nos víamos desde Dezembro de 69, há portanto quase 47 anos e o nosso reencontro, terminado há instantes, foi muito, muito agradável e bem, bem bonito! Daqueles momentos na vida que ficam para sempre!

Foi o Silva  - o ex-Furriel Silva “Mecânico”, da Guerra de Angola – que me contactou pelo Facebook através de mensagem particular  - “És o Azevedo da CART 1766? “ – e a mensagem, não sei como, nem porquê, na hora não a vi… Só a detectei alguns meses passados mas, na sua identificação na rede social ele suprimiu o último apelido e como as duas fotos ali publicadas não estão bem nítidas para lhe reconhecer as feições, tive de perguntar ao Miguel se achava que era ele e recorri ainda á minha memória e a alguns registos escritos que guardo para o identificar pelo nome completo.

Trocamos depois umas quantas mensagens e fotos e logo projectamos um encontro para nos revermos e recordarmos tempos passados. “Temos de nos encontrar para tomarmos um café e revivermos aqueles tempos”, sugeriu o Silva ao que eu daqui gritei: “Um café???  Isso requer um almoço bem comido e bem bebido! Não faço por menos!”

Ele acedeu de imediato e, acordado com o Miguel, reencontramo-nos hoje aqui na Amadora num curto (?) instante que foi desde o meio-dia até depois das sete, já o sol caminhava para o seu ocaso… 

Degustamos uma grande, fresquíssima e saborosa cabeça de garoupa “regada” com duas garrafas de Pegões tinto e, depois dos cafés, cafés que repetimos, fomos mamando um super-delicioso whisky que nos forneciam na guerra  - “Para uso exclusivo das Forças Armadas”, dizia o carimbo no rótulo -  que, como ele eu também trouxe algumas mas que nem já sei quando as fiz desaparecer… O Silva, não, e, numa gentileza que muito apreciei, fez-se acompanhar de uma garrafinha “Ne Plus Ultra” adquirida naquela data e que agora fomos mamando durante a tarde. Ele levou-a já com o peso bem mais aliviado… E teve sorte de eu ainda ir conduzir…

Mas fiquei maravilhado com o nosso reencontro e com o nosso tão amigo convívio! O Silva foi sempre um amigo com quem me relacionei muito bem tanto em Lumbala, no Leste de Angola, onde vivemos tempos difíceis como depois, no 2º ano na Fazenda Tentativa, perto de Luanda onde terminamos a comissão. E, tanto num local como noutro, eu permanecia largos períodos fora do quartel em complicadas e arriscadas missões mas, quando estava junto da Companhia convivia com prazer e gostava muito do trato e da maneira de ser e estar do Furriel Silva Mecânico, como era conhecido. (Ele, chefe dos mecânicos, como o Miguel, chefe dos enfermeiros, eram meninos do arame farpado ao passo que eu, Atirador, tive que “as” amargar e a coisa não foi nada fácil. Não foi, não… O curioso é que me deram a categoria de Atirador e, nas provas da recruta chumbei nas provas físicas e… no tiro. Coisas da tropa e da guerra…)

Mas voltemos ao nosso reencontro de hoje: Encontrei o mesmo Silva da Lumbala e da Tentativa. Naturalmente mais velho, como seria de imaginar passado que está quase meio século mas, é o mesmo Silva, calmo, ponderado, conhecedor e atento ao mundo e ás coisas que o rodeiam mas com a mesma personalidade daqueles velhos tempos. Com evidente mais saber (estudou bastante mais e formou-se em engenharia) vê-se que está mais maduro, porventura bem mais calejado pela vida mas, no essencial, está ali o mesmíssimo Silva com quem tive o grato prazer de conviver durante mais de 2 difíceis anos das nossas vidas. Ainda bem! Deu-me muito gosto comprovar isso!

Despedimo-nos já com o sol a deitar-se mas ficou aprazado novo reencontro para quando acontecer um encontro do Batalhão, eventos periódicos de que ele sempre esteve afastado, exactamente porque deles não tinha conhecimento.

Deixo aí duas fotos sendo que uma documenta o nosso belíssimo reencontro de hoje e, a outra, que eu não tinha e que o Silva fez o favor de me oferecer, onde estamos, em 1969, na Praia da Pambala, a norte de Luanda, surgindo ele como turista, de calções de banho e, eu com os soldados, parecendo que lhe damos protecção. Eh! Eh! Mas é apenas ilusão, embora não nos lembremos já do porquê daquele grande contraste…

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