Hoje recordo este que, seguramente, foi um dos maiores escândalos da minha freguesia natal na época contemporânea:
Há 45 anos, quando da saída para a rua da edição de Março de 1971 do “Jornal da Chamusca”, provoquei um dos maiores “balburdios” na aldeia e na freguesia!
Passo a contar:
Tínhamos então no Casal do Geraldo uma bruxa – ou benzedoura, como então também se lhes chamava – que, na época, estava a agitar as mentes menos esclarecidas do burgo pelo que o então jovem repórter do jornal local – eu tinha na data os 26 anos em que sempre se tenta mudar o mundo… - entendeu por bem agitar as águas e mandar uma pedrada no charco. Recordo-me que na agitação social da aldeia já nalguns casos se falava em divórcios de casais com muitos anos de consórcio e as consequências para esses, para filhos e até, nalguns caos, para netos, seriam graves e inevitáveis. E, o jovem repórter, de sangue na guelra, achou que tinha que agitar as águas e mudar as coisas…
Tínhamos então no Casal do Geraldo uma bruxa – ou benzedoura, como então também se lhes chamava – que, na época, estava a agitar as mentes menos esclarecidas do burgo pelo que o então jovem repórter do jornal local – eu tinha na data os 26 anos em que sempre se tenta mudar o mundo… - entendeu por bem agitar as águas e mandar uma pedrada no charco. Recordo-me que na agitação social da aldeia já nalguns casos se falava em divórcios de casais com muitos anos de consórcio e as consequências para esses, para filhos e até, nalguns caos, para netos, seriam graves e inevitáveis. E, o jovem repórter, de sangue na guelra, achou que tinha que agitar as águas e mudar as coisas…
Arranjei como cúmplice corajoso o falecido e meu muito saudoso amigo João da Cruz Galucho que, “pendura” dentro do carro, tinha a missão de, com a minha velhinha “Kodak” escondida, que lhe ensinei a manejar, sacar as fotos possíveis, atraída que fosse por mim a senhora para a rua e aí ele deveria disparar a maquininha. Tudo resultou em pleno.
Não foi fácil e corri algum risco - depressa aliviado porque a senhora não reconheceu o solteirinho ali apresentado como “caixeiro viajante” supostamente casado que andava em difícil relacionamento com a sua esposa… - e, depois de cerca de meia hora de “consulta”, com gravador de voz previamente ligado escondido numa velha pasta de couro ciosamente conservada encima do colo na consulta, onde depois foi depositado um prato com água e uns pingos de azeite que se “escangalhava todo”… - nas palavras da pobre senhora “benzedoura”, saí e o João da Cruz registou as fotos na rua. Pleno êxito na operação, pois!
Trouxe então um género de “pó de talco”, a que a senhora chamou de “pó d’atrair”, que tinha de juntar aos poucos nas cartas que fosse escrevendo à “esposa” e, em casa, também teria se colocar debaixo da almofada da cama sem que “ela” desse por isso…
Quando o jornal saiu no final de Março de 71 foi o escândalo dos escândalos! Houve mesmo um “auto de fé” com vários exemplares a serem queimados no largo da aldeia e o nosso saudoso João da Cruz na ocasião teve mesmo que meter pernas ao caminho e recolher-se em casa para não ser incomodado fisicamente… Mas, ele era, seguramente, o menos culpado… Eu, sim, fui o obreiro daquela “maldade”. Honra seja feita e se diga entretanto que, a mim, grande responsável daquela arriscada façanha, ninguém da terra incomodou. Foram simpáticos e amigos.
Na verdade, culpado era e foi este vosso amigo que, preocupado com o ambiente então existente na freguesia, quis mandar uma pedrada no charco e mostrar a muitos conterrâneos que andavam profundamente enganados e errados e, a senhora – que por sinal era bastante inculta e ignorante, coitada… -, era prematuramente informada por colaboradores/as locais que a informavam de quem iria na vez seguinte à “consulta” e aí ela sabia o que devia “armar” com a suposta padecente. Como na minha vez foi apanhada de surpresa e de mim nada sabia, foi o desmascarar de uma farsa que provocou o escândalo.
Confesso entretanto que, hoje, passados este 45 anos, não sei se teria coragem para arriscar tanto como então o fiz…
Como remate final digo que o escândalo chegou ao Ministério Público e fui chamado a tribunal – Tribunal da Golegã – onde já encontrei em cima de uma grande mesa todos os frascos com cobras, sapos e lagartos em álcool e as muitas fotos molduradas de então militares da freguesia na guerra de África, objectos que tinha visto no local da “consulta”, e no tribunal limitei-me a confirmar tudo o descrito na reportagem do jornal, tendo conhecimento posterior que a senhora foi “recambiada” para um outro qualquer lugar, creio que mais a Sul onde, presumivelmente, continuou a dar os seus “aconselhamentos”…
(Texto e foto publicados na página do Chouto no Facebook)
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