Sai de casa cedo, pelas 7,15 horas, não tanto pela pressa de
pescar porque sabia que, como a manhã estava demasiado fresca os achigãs não
estariam ainda activos mas apenas para não sentir os efeitos da “hora de ponta”
no trânsito na entrada de Lisboa.
O dia estava bonito com algum Sol embora ainda fraco de
intensidade mas com uma leve neblina e a espectativa era muito grande,
confesso. Já me tem acontecido partir para a pesca com idêntica expectativa
mas, desta vez, tinha uma convicção bem mais forte porque assente nos dois dias
anteriores em que a minha pesquinha produziu bons efeitos: no sábado (5) tinha
ferrado um de 800 grs. e deixado escapar dois de igual porte e na vez seguinte (sábado,
12), para além dos outros dois que se safaram, consegui ferrar três, sendo
idênticos, com um deles já a pesar 850 grs.
O entusiasmo foi tanto que logo pensei em pedir dispensa de
ir buscar o Rafael ao colégio ontem (segunda-feira) e assim aproveitar o
derradeiro dia antes da entrada do Defeso para ver de conseguia fisgar mais uns
bons exemplares no mesmo local. A água estava excelente de limpeza (via-se o
fundo, com nitidez, a 3 ou 4 metros da margem) e os peixes andavam bastante
activos à caça ou tratando da sua desova. Prometia, pois…
Cheguei então junto da pequena represa - infelizmente ainda
muito longe de estar cheia, não obstante estarmos no final do Inverno, nada
chuvoso a sul do Tejo… - por volta das 9 da manhã, percorridos que foram, com
calma, os 106 kms que a distam da minha residência e, depois de comer um peça
de fruta, logo parti para junto da água para tentar a minha sorte. Mas
aconteceu como já esperava: nada. Nada de nada! As águas, de temperatura ainda
muito baixa por causa do muito frio da noite, não convidavam os achigãs a saír do
fundo onde tinham águas menos gélidas.
Fui almoçar, naquele que é para mim também um belo e
saboroso momento destas jornadas piscatórias por terras e ares alentejanos! Desta vez escolhi um delicioso Pernil Assado
no Forno, com batata frita, arroz e uma fresquinha salada de alface como
acompanhamento. Comi metade de um queijinho de ovelha seco e “reguei” tudo com
os habituais 7,5 l. de tintinho da Península de Setúbal. Tudo com nota máxima
de sabor, qualidade e satisfação!
Eis-me então de novo a caminho da represa, não sem que antes
ainda visse um casalinho de perdizes nos terrenos anexos à estrada de terra.
Mas, noutras ocasiões, também já tenho visto coelhos, saca-rabos e até texugos
e javalis… E até gazelas! Sim, gazelas selvagens, numa ocasião única que me
deixou tanto de entusiasmado, quanto de admirado!...
E, chegado de novo à actividade piscatória do meu encanto,
como previa tudo então foi diferente, para muito melhor! O Sol, nas horas
decorridas, tinha tornado a temperatura ambiente e as águas com temperatura bem
mais amenas e logo vi e senti que os amigos peixinhos já andavam por ali bem
mais activos.
Se, de manhã, andei de um lado para o outro, dei a volta à
barragem e mudei várias vezes de amostra e nem sinal deles, agora, era
totalmente diferente… Escolhi uma amostra
“Rapala” verde, de 9 cms, flutuante, que me pareceu a mais adequada e foi um “ver
se te avias”: êxito total!
Das duas e meia, às cinco e meia, ferrei 5 bons exemplares,
com cerca de 800 grs. cada, sendo que um deles, o maior, já pesou 1,1 kg! E
pelo meio, um a um ainda os vim trazer ao jipe e fotografei e filmei! Maluco
por este vício, só estou bem funcionando assim, fotografando e filmando, para
mais tarde recordar…
Bom, mas pelo meio, ainda aconteceu que um “grandolas” me
quebrou a linha e levou a mostra!... (E eu que, de manhã, olhando para um
pedaço no extremo da linha mais deteriorado, havia pensado em substitui-la mas,
como era o último dia antes do Defeso, achei que só em Maio, na abertura,
deveria cortar aquele pedaço da linha… Mandam os cadernos de bom pescador que
nunca se deve facilitar mas… o quê? É sempre o mesmo…) E para além desse “grandinho”
mais três se foram… Com tantos anos a ferrar achigãs, ainda me acontece isto…
Bem, o achigã quebrou a linha e levou-me a boa amostra e eu
fiquei danado, claro… Mas foi por pouco tempo… Passados uns instantes vejo-a a
flutuar com o pedaço da linha! O bicho tinha conseguido “cuspi-la” e, como é
flutuante, veio ao de cima. Foi a minha sorte! Lancei-lhe depois uma nova
amostra e consegui recuperá-la e assim, do mal, o menos… Foi-se o peixe mas
ficou a amostra.
Contados então, no final do dia e já com algum cansaço,
foram assim 5 (cinco!) os belos exemplares que consegui neste derradeiro dia de
pesca antes do Defeso! Bom! Muito bom!
Para os três dias de pesca fiz uns pequenos trabalhos no Photoshop
que aqui deixo como testemunho e para mais tarde recordar.
Agora resta-me contar dia-a-dia os 60 em que vigorará o Defeso
e a 16 de Maio lá retornarei com a ansiedade e o entusiasmo de sempre! O
ambiente bonito e puro, o ar bom de respirar, os animais selvagens, o contacto
com a Natureza e a própria pesca que me ocupa e desanuvia a mente preocupada e
até perturbada, é algo de que não prescindo e que me tem feito muito bem nestes
últimos anos. Veremos então se assim poderei continuar e quando verei chegar ao
fim este calvário que me criaram…
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