O "Expresso" celebra hoje o seu 40º aniversário e, ontem, depois de comprar o seu número comemorativo, escrevi umas quantas linhas que agora aqui resolvo publicar e que talvez fiquem bem como arquivo e memória futura...
Hoje é sábado e, como todos os outros sábados, desde há 40 anos, aqui tenho comigo o “Expresso” que hoje saiu numa edição muito especial porque amanhã celebra o seu 40º aniversário de publicação!
Hoje é sábado e, como todos os outros sábados, desde há 40 anos, aqui tenho comigo o “Expresso” que hoje saiu numa edição muito especial porque amanhã celebra o seu 40º aniversário de publicação!
Sair de manhã aos sábados e, no primeiro
quiosque comprar o “Expresso”, é para mim um hábito, se não mesmo uma obrigação
que sinto quase, quase, como o cristão que todos os domingos vai à missa…
Compro o “Expresso” “obrigatoriamente desde
o seu 1º número e para além de ainda guardar esse exemplar, guardo muitos
outros, sobretudo do período revolucionário que vivemos após o 25 de Abril de
1974 e lembro-me tão bem como hoje com que expectativa aguardei a saída do 1º
número e sobretudo com debati com um velho amigo, há muito já falecido, o
conteúdo do jornal acabado de sair. Tratava-se do Afonso, Afonso Henrique
Santos de seu nome completo mas que assinava os seus poemas e outros escritos com
o pseudónimo de Henrique Bravo. Relojoeiro de profissão, trabalhava numa
pequena relojoaria e ourivesaria no Calhariz, junto à então Caixa Geral de
Depósitos na Calçada do Combro.
Esse amigo tinha-me sido apresentado pelo António Bento do “Jornal da Chamusca”, seu velho amigo com quem chegaram a publicar uns cadernos de poesia, de nome “Atitude” e o Afonso chegou também a escrever no “Jornal da Chamusca”. Costumava também sugerir ao António Bento e a mim formas de melhor apresentarmos o jornal e recordo-me por exemplo que numa das vezes deu a ideia de publicar em grande destaque na 1ª página uma foto de um “Bate Papo” em que eu aparecia a entrevistar em palco o padre Diogo, da Chamusca mas apresentado a foto em negativo. O Bento, concordou, ficou bem interessante e lembro-me que muitas pessoas apreciaram a originalidade.
Esse amigo tinha-me sido apresentado pelo António Bento do “Jornal da Chamusca”, seu velho amigo com quem chegaram a publicar uns cadernos de poesia, de nome “Atitude” e o Afonso chegou também a escrever no “Jornal da Chamusca”. Costumava também sugerir ao António Bento e a mim formas de melhor apresentarmos o jornal e recordo-me por exemplo que numa das vezes deu a ideia de publicar em grande destaque na 1ª página uma foto de um “Bate Papo” em que eu aparecia a entrevistar em palco o padre Diogo, da Chamusca mas apresentado a foto em negativo. O Bento, concordou, ficou bem interessante e lembro-me que muitas pessoas apreciaram a originalidade.
Mas voltemos ao “Expresso” cujo
nascimento, na verdade, está bem fresco na minha memória… O jornal nasceu
assente na chamada Ala Liberal da então Assembleia da República que era
composta entre outros por Pinto Balsemão, que o fundou e dirigiu durante anos
e ainda por Mota Amaral, Sá Carneiro, Miller Guerra e Pinto Leite, um homem de
que muito pouco se fala porque morreu muito novo num acidente de helicóptero na
então Guiné portuguesa mas curiosamente o seu nome vem publicado na 1ª página
do “Expresso” no seu 1º número. Era um jovem empresário e político de que muito
se esperava.
Foi então assente neste grupo que muito escreveu no jornal de então e
aproveitando a pequena abertura que Marcelo Caetano trouxe ao regime do chamado
Estado Novo que Balsemão pensou e criou o jornal. Caetano tinha aberto qualquer
coisita o ambiente político e esses então jovens deputados achavam que era possível mudar o regime
pelo dialogo na Assembleia. Ficaram celebres as discussões deles com os
deputados mais velhos e conservadores, ultras, defensores do regime de Salazar e
lembro-me por exemplo duma contenda entre Miller Guerra e Cazal Ribeiro que
constava do Diário da Assembleia e que circulava mais ou menos clandestinamente
entre nós…
O pessoal mais à esquerda – leia-se
gente de ideais comunistas que vivia clandestina, mais ou menos ”abafada” – acharam
o jornal demasiado conservador porque esperavam mais agressividade na escrita
mas eu lembro-me que gostei muito, logo do 1º número. Até então só podíamos ler
umas coisitas ou outras contra o regime no “Diário de Lisboa” e no velho “República”.
O “Expresso”, trazia uma linguagem algo diferente e como era semanário, o que
era uma novidade na altura, dava para ir lendo durante a semana.
Desde a 1ª hora foi sempre um jornal
muito influente no poder e não raras vezes tem contribuído para a queda de
governos. Recordo-me por exemplo quando Vasco Gonçalves em pleno PREC, num
comício em Almada, se atirou ao “Expresso” chamando-lhe pasquim. Desabridamente
o homem parecia que estava fora de si e, logo, logo vaticinei: já caíste…!
Durou duas ou três semanas…
O jornal está agora muito diferente,
como é lógico e tem acompanhado a evolução
dos tempos estando muito mais moderno e competitivo.
É, para mim, o melhor jornal português
e ficaram pelo caminho muitos outros que o tentaram abater… Lembro-me do “Semanário”,
do “O Jornal”, do “Independente” e ultimamente do “Sol”. Todos tiveram de
desistir e morrer, excepção ao “Sol” que ainda aí está porque ultimamente se
agarrou a capitais angolanos…
Neste número comemorativo do 40º
aniversário, na “Revista”, eles publicam um trabalho com leitores fiéis do
jornal desde o 1º número mas esqueceram-se de mim…
Imperdoável!... Eh! Eh!
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