quarta-feira, 19 de setembro de 2018

UM DIA, UMA CENA REPROVÁVEL...


Em tempos que já lá vão e que infelizmente não voltam mais, fiz uma velhacaria com este rapaz da foto que aqui junto.

Trata-se do velho amigo, José Augusto “Montefato”, de nome real José Augusto Costa, companheiro de brincadeiras nos nossos tempos de meninos e moços no meu Chouto natal e hoje já pai de filhos e avô, como eu.

O Zé Augusto, afinal como um verdadeiro e bom “Montefato”, era danado para fazer marotices, partidas, brincadeiras ou, até mesmo, “velhacarias” como a que vou relatar e que, ocorrida quando teríamos por volta dos nossos 13/15 anos de idade nos meus cálculos e que nunca mais esqueci.

Eu, francamente, tenho de o confessar, nunca poderia ter tal ideia e iniciativa porque, ao pé do Zé Augusto era um verdadeiro “menino de coro” e, isto, embora pudesse servir de imagem caricatural era até real porque, frequentando o templo da aldeia, seguia religiosamente os conselhos e ensinamentos da Santa Madre Igreja e, por princípio, era incapaz de praticar más acções como a que vou aqui narrar. O Zé Augusto não, como bom “Montefato” “herege”, sacaninha, estava sempre pronto para as tropelias e malandrices. Era danado!...

E de que se lembrou o bom do Zé, para o que me convidou a colaborar? Com um espelho redondinho de bolso, tendo nas costas – lembro-me bem!… -  o emblema do Sporting, de que ambos somos adeptos confessos e que tinha saído, ou num “fura”, ou nuns “caramelos” da bola ou até que talvez tivesse sido comprado numa Feira do Chouto -  coisa de que já não me recordo, francamente… - pois então o gajo desafiou-me quando soube que eu tinha um espelho daqueles:

- Tu levas o espelho no bolso sem a Lúcia saber (aqui, por óbvias razões, o nome é fictício) e, quando estivermos ao pé dela, atiras-lhe o espelho para o chão, para o meio dos pés e vemos-lhe as cuecas.

Foi assim mesmo a marotice que este gajo engendrou e para a qual empurrou este anjinho. E que a seguiu, religiosa e perfeitamente. Foi limpinho!...

Com um qualquer falso pretexto avançamos para junto da Lúcia que também tinha mais ou menos a nossa idade e, depois de curtas palavras eu, sorrateira e atrevidamente, atirei-lhe o espelho para debaixo das saias e,.. zás: Vimos descarada e escandalosamente as cuecas da miúda. Juro que foi verdade e ainda hoje me recordo bem como eram… Mas não digo, claro.

Bom, mas a “istória” não acaba aqui porque o pior aconteceu imediatamente a seguir: A mãe dela surgiu de rompante naquele instante em que o espelho tinha acabado de cair debaixo da saia do vestido e ainda estava no chão exibindo a insólita imagem e, de imediato desatou a ralhar a bom ralhar connosco, atrevidos e descarados.

Ouvimos então das boas, como é fácil de imaginar e ainda escutamos aflitos e bem assustados quando, apressados, fugíamos do local a sete pés em louca correria:

- Malandros! Atrevidos! Velhacos! Vou contar ó mê Manel, que vocês vão ver!…

Mas, felizmente, não contou. Não contou, não. Porque, se o tivesse feito, certamente não escaparíamos a uma boa e merecida surra. 

E se o meu pai sonhasse com tamanha façanha do seu bem comportado menino de calções e meinha branca? Ai! Ai!

Mas, acreditem, eu só atirei o espelho… A ideia foi do gajo… Eh! Eh!

EM TEMPO - Em comentário feito no Facebook o velho amigo Zé Augusto confirma a minha narração de cuja situação diz lembrar-se mas é de opinião que na idade teríamos por volta de 12 anos. Tem essa opinião e é bem capaz de ter razão porque, se tivessemos os por mim referidos 13/15 anos, já seriamos mais espigados e aí as consequências do descarado acto talvez não fossem toleradas como foram e eventualmente a coisa piava mais fino...

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