Há muito que o nosso Rafael tinha manifestado desejo de me acompanhar à pesca no Alentejo mas só agora isso aconteceu...
Não o levei no ano passado porque
achei que ele ainda precisava de mais uns mezinhos de idade para se iniciar nessas
lides e, este ano, com ele já com oito de idade, deixei passar o mês de Maio e também o
Junho que esteve mau climatéricamente falando… O Maio teria sempre de evitar para ele... Primeiro,
por causa dos fenos, dos pólens e das danadas das alergias onde os espirros e
os olhos nos chateiam que se fartam e, depois, porque naquela data também
encontramos as arreliadoras e inconvenientes pequenas carraças que nos sobem
pelas roupas e pelo corpo…
Agora, passadas as trovoadas e as consequentes
chuvas que amolecem as ervas e fazem desaparecer as carraças – para onde vão
elas?, não sei… - achei que era a data ideal para satisfazer o desejo do
netinho e assim o iniciar neste desporto lindo que há muitos anos pratico.
Dias antes do marcado para a pescaria
comprei o necessário material adequado para ele utilizar: Uma cana leve, telescópica,
para usar com linha directa porque o carreto agora está fora de causa, uns
pequenos anzois, o isco (asticôt) etc, etc. Achei que para o iniciar e entusiasmar
temos nas represas alentejanas as pequenas e malucas percas que se atiram aos iscos
e aos anzóis doidamente e assim adquiri o material necessário para isso.
Ele queria ir à pesca sozinho com o
avô mas, isso, embora fosse possível, não era muito aconselhável e o pai também
fez parte da equipa. Não sabia muito da "faina" piscatória mas sempre ajudava a controlar o seu nervoso e a sua ansiedade...
Os 3 não partimos tão cedo quanto o
aconselhável para pescadores mas não o quis molestar muito logo no inicio da
prática e por isso saímos pouco depois das 7 da matina. Para alguém que, naquele sábado, não fora a pesca provavelmente
nunca se levantaria da cama se não depois das nove/dez, já foi algum sacrifício…
No percurso, de pouco mais de 100 kms,
foi a tradicional pergunta, cem vezes repetida: “Ainda falta muito?” e ainda a sua
divulgação/confissão: "Avô, hoje vou ter um dia excelente!: De dia tenho a pesca
e, à noite, vou jantar com os pais e uns amigos num restaurante!”. Achei uma delícia!
Chegados ao local da pesca, uma
pequena represa situada numa Herdade na fronteira do Ribatejo com o Alto Alentejo,
recebeu então ali as primeiras lições, primeiro do material que iria usar e, depois,
da forma como o utilizar eficazmente para produzir resultados. Foi muito
curioso e interessante observar as suas diversas reacções à vista de utensílios que naturalmente
desconhecia… Cana, linha, anzol, chumbo, isco, etc.
Depois, foram os ensinamentos sobre a técnica
a usar nos lançamentos, nas ferragens do peixe, etc, etc. e, com paciência e muito
gosto, fui explicando, demostrando e ajudando, numa tarefa tão deliciosa quanto
gratificante! Uma maravilha! Uma maravilha de bocadinho do dia e... da vida! Delicioso!
O Rafael foi aprendendo com relativa
facilidade e o problema maior, que afinal me parece ser generalizado e, portanto normal
nas crianças “meninos da cidade”, tem a ver com o segurar com a mão o peixinho vivo
e agitado saído da água e a querer libertar-se... Habituadas a verem os peixes vivos nos aquários ou mortos
nas bancas das peixarias, faz-lhes impressão senti-los vivos nas mãos… Coisa lógica. Natural. Uma
pequena dificuldade que o nosso Rafael ultrapassará com o hábito ao longo do tempo. Logicamente. Naturalmente.
De resto tudo bem e, o nosso amigo que,
a meio da manhã, à medida que ia sacando das águas pequenas percas, teve a
franqueza de me confessar: “Avô, afinal isto é divertido!.”, no final da
jornada, quando regressávamos a casa, à minha pergunta “Então, Rafael, preciso saber: A experiência é para repetir?”
respondeu-me de imediato e bem alto, lá do banco de trás: “Ah! SIM! SIM!”
Para ornamentar esta minha
gratificante narrativa deixo três fotos que me parece se justificam. Numa vemo-lo
recebendo ensinamentos do avô; noutra ele expressando um "Fixe!" e o seu prazer pela tarefa;
e, na última, as percas da sua pescaria já fritinhas e que serviram de aperitivo
no almoço da família, hoje aqui em casa!
Por fim, será desnecessário aqui manifestar
o muito prazer que senti neste dia único e liiiiindo, né?
Pois... Na verdade, foi um dia lindo, liiiindo!
Pois... Na verdade, foi um dia lindo, liiiindo!
2 comentários:
boa tarde caro amigo.
ora muito bem parece-me que aquela celebre frase:quem saí aos aeus não genera cabe aqui muito bem,pois pelo jeito vê-se que temos pescador,e ou me engano muito ou em breve será ele a ensinar novas tecnicas ao avô e a desinquietalo para as pescarias.
depois não poderia deixar passar em branco aqueles peixinhos ali a fazer crescer àgua na boca.
Olá, amigo!(a quem tenho de chamar de "anónimo" pela falta da identificação...)
Muito grato por tão amável comentário que apreciei e com o qual tenho de concordar esperando que um dia seja possível ser levado pelo neto à pesca!... Seria, então, coisa linda, né? Um abraço de gratidão e amizade pelo comentário formulado e a minha esperança que venha daí a identificação!
Abraço!
PS - Só um pequeno reparo, num lapso seu por desatenção: Segundo julgo, o ditado popular é, mais propriamente: "Quem sai aos seus, não degenera." E oxalá, neste caso, ele se confirme!
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