quinta-feira, 30 de agosto de 2012

NEIL ARMSTRONG, A LUA E A MINHA GUERRA


Com 82 anos de idade faleceu cinco dias atrás (dia 25) Neil Armstrong, o homem americano que entrou na História por ter sido o 1º ser humano a pisar a Lua no já distante dia 21 de Julho de 1969, tendo proferido então a celebre frase que ficou para sempre imortalizada “Um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade”.
Recordo-me perfeitamente do acontecimento e confesso que foi e é uma mágoa que senti e sempre me ficou dado que não pude acompanhar em directo pela TV, como 500 milhões de pessoas, tão importante quanto inédito feito.
Estava na guerra, em Angola, exactamente na Fazenda Lifune, a cerca de 100 kms de Luanda. No comando de uma secção de homens (cerca de 10), dávamos protecção às instalações e pessoal da dita fazenda que produzia com um enorme palmar, os frutos (dendem) com que depois de fabricava o respectivo óleo de palma.
Lembro-me que acompanhei o feito de Armstrong e Edwin Adrin, o seu companheiro de descida lunar nessa celebre noite, pelas 4 horas da madrugada, através de um pequeno rádio portátil que sempre me acompanhava e que ainda hoje guardo e que logo de seguida, nessa manhã, contando aos meus soldados tão importante façanha feita pelo homem, eles não acreditaram dizendo que eu era ingénuo e “embarcava” em tudo o que me diziam. Uma grande “aldrabice”, diziam.
Eram rapazes humildes de quase nenhuma formação académica – escreviam e liam os seus aerogramas da família e namoradas e nada mais – e sendo na sua quase totalidade oriundos do Minho, viviam e trabalhavam na agricultura e numa ou outra fábrica como operários e para eles toda a história do Homem na Lua era isso mesmo, uma “istória”, uma patranha.
Curiosamente vivi ali com alguns deles, na Fazenda Lifune, a mais difícil situação em termos disciplinares que passei na guerra, ocorrência que resolvi com calma e bom senso e poderei contar aqui oportunamente. Quando se comandam homens e sobretudo em cenário de guerra, como era o caso, para mantermos a ordem e a disciplina por vezes temos de ser firmes e rijos, não esquecendo sempre o uso do bom senso. Foi o que fiz.

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