domingo, 17 de julho de 2011

A ASELHICE DO VETERANO PESCADOR

Dias atrás, ao meu lamento de que já tinha usado diversas amostras e os achigãs nada queriam, o Sr. Pedro, que faz o favor de me facultar o acesso fechado á barragem no Alentejo onde mais gosto de pescar e que passa por ali bastas vezes nas suas andanças pela herdade fazendo sempre acompanhar-se de uma caninha de pesca, deu-me como resposta:
- Comigo, os gajos estão lixados: Ofereço-lhe sempre a mesma “comida” porque uso sempre esta amostra…
E mostrou-me um pequeno vinil verde em formato de peixe que, levando o anzol de pescoço de cavalo no seu interior, tem a vantagem do bico do mesmo ficar escondido no interior da “amostra” e assim não prender nas ervas ou outros obstáculos dentro de água.

Costumo usá-las muito no início do Inverno quando os achigãs andam mais fundos mas, agora, no Verão, com os peixes mais á superfície, tenho por hábito usar as “rapalas” flutuantes, as “beijoqueiras” ou ainda as de “meia água” que habitualmente resultam bem.

Pois agora aprendi a, em pleno Verão, utilizar igualmente estes “vinis” que, usados juntos ás margens, na vegetação baixa, proporcionam bons ataques aos achigãs predadores.

Bom, mas retomemos a “istória” da minha aselhice de ontem.

Fazia eu mais uns quantos lançamentos com as clássicas “rapalas” quando vejo presa na minha linha uma outra linha que logo agarrei e fui puxando até saírem as suas pontas e, numa delas, instalado, um dos tais vinis verdes que o Sr. Pedro usa…

Achei curioso aquele achamento e, como a minha pesca não estava resultar, que decido? Com os dentes cortei a linha achada, ali a dois palmos do vinil e do anzol, fiz uma laçada e… - Estúpido! Estúpido! – toca a atar aquela montagem na ponta da minha linha que é forte e bem resistente. Uma estupidez e uma aselhice incrível.

Começo a trabalhar com o sistema “atamancado” e não tardo muito para sentir a ferragem de um valente peixe, já bem pesado e com muita força! Ali mesmo! Com aquela peça borrachada, os achigãs são enganados!

Então, ele ferrou, agarrou forte e, eu - emocionado e entusiasmado q.b.! - puxei seguro e enérgico! Ele - zás! -, puxa de novo e com mais força e, pumba, parte-me a linha!. Exactamente a frágil e provável podre linha que tinha achado e que, estupidamente, tinha aproveitado.

É uma sensação lixada sentir o peso e a emoção de um peixe pesado na ponta da linha e, numa fracção seguinte, a linha ficar solta, leve, sem nada… O palavrão que disse e repeti umas quantas vezes, não reproduzo aqui, por decoro...

E, eu, com mais de 30 anos de pesca nestas bonitas jornadas de achigãs - com a experiência que se calcula, passado todo este tempo -, por preguiça, por burrice, não instalei a “amostra” directa na minha linha e decidi aproveitar a “podre” encontrada na água… Dá para acreditar? Não dá.

Depois consegui um “filho” ou “neto” do outro que levou o vinil e anzol no bucho que também era bonitinho mas que só pesava 0,600 Kgs...

Fica aí a foto desse “rapaz” e, um dia destes, talvez consiga fisgar o valente “avô”…

Pelo menos tentarei...

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