terça-feira, 1 de maio de 2018

A CARRINHA DA GULBENKIAN


Foi a 1 de Maio de 1964 que publiquei no semanário “Correio do Ribatejo”, integrado na habitual correspondência do Chouto, a sugestão/pedido à Fundação Calouste Gulbenkian para que a sua Biblioteca Itinerante, que já visitava a vizinha localidade de Ulme, o passasse também a fazer à minha terra e, depois disso e porque a resposta à solicitação não chegou, houve insistência com correspondência trocada e, como resultado dessas diligências, aconteceu finalmente a aceitação por parte da Fundação que acabou por acolher o pedido. 

Era um serviço muito valioso de apoio literário às populações dos mais recônditos lugares de Portugal e, através dele, muitos e muitos jovens portugueses ganharam hábitos de leitura que lhe foram muito agradáveis e úteis pela vida fora.


Assim foi, ou no mínimo poderia e deveria ter sido no meu Chouto natal, não fora a inteligência da senhora professora à época leccionando na Escola Primária da aldeia…

A carrinha/biblioteca nº 134, que estacionava mensalmente durante uma hora frente à sede da Junta de Freguesia, visitou a povoação durante vários anos – deixo aí a imagem do meu cartão de leitor nº 164, de 1968 – sempre com boa frequência para um meio que não tinha propriamente hábitos de leitura mas, a dada altura, a mestre-escola, com o argumento que os alunos tinham interesse e liam “outros livros” que não os escolares, proibiu os seus alunos de frequentarem e requisitarem livros na Biblioteca Itinerante. E aconteceu o inevitável: a frequência à carrinha diminuiu drasticamente e a requisição de livros, como seria de calcular, ressentiu-se. Então, aí talvez por volta de 1974, os seus responsáveis entenderam que, dada a fraca adesão de pessoas à Biblioteca, não se justificava a sua deslocação à minha aldeia e… terminou o bonito e útil serviço de apoio cultural à população choutense.

E foi assim...

Com muita pena de vários frequentadores – meu pai, por exemplo, tinha sempre em casa e lia imensos livros requisitados na carrinha – e grande desalento de minha parte, que havia lançado e acarinhado o bonito projecto.

Coisas…

(EM TEMPO - Foto de Biblioteca Itinerante retirada da internet.)

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