Neste tão prolongado “Verão de S. Martinho” eu, que andava a
vigiar na net as previsões dos “manda chuva”, vi que a partir de sábado (21) as
temperaturas começavam a descer e, pedindo dispensa para não ir buscar o Rafael
ao colégio nessa tarde de ontem, decidi avançar para uma derradeira visita aos
achigãs neste 2015 quase no seu final.
Sai de casa por volta das sete e meia, com o dia a clarear e, pouco depois das
nove estava junto da pequena represa. Viagem boa mas não tão agradável quanto o
desejado: o danado do denso nevoeiro em pelo menos 80 % do percurso, impediu
que a coisa fosse mais agradável. Mas, com mais cuidado e redobrada atenção,
correu tudo bem.
À chegada senti o natural friozinho da época do interior do Ribatejo/Alentejo
(o local fica na fronteira das duas províncias) e pesquei usando um velho blusãozito
que sempre me acompanha nestas épocas desde há muitos anos (nem já o consigo
apertar na barriguinha (?) – consequência dos muitos “cozidos” e “feijoadas” ao
longo dos anos “mamados”!...) mas que, por volta das 11 horas larguei e guardei
no jipe.
Por experiência sabia que nada ferraria naquela manhã – água
e ambiente exterior frio e a pouca convicção que, nesta coisa da pesca também
conta… - fui mais porque queria dar um saltinho depois de almoço, com o piso já mais seco, até um pequeno charco onde
tinha esperança – se não tivesse secado pela falta das chuvas… - de ferrar um
ou mais achigãs.
De facto de manhã nada vi ou ferrei e, pelo meio-dia, parti
para ver do almoço... No percurso tive uma pequena surpresa: vi umas quantas
ovelhas que, tendo furado a cerca, andavam pela estrada comendo bolotas dos
sobreiros das bermas… Pensava eu que as ovelhas só comiam ervas e arbustos e
desconhecia, ou pelo menos não me ocorria, que também comiam bolotas. Ignorância, né? Fotografei para aqui
deixar.
Depois, no restaurante, uma nova, feliz e saborosa novidade:
enquanto olhava a lista dos pratos o amigo Fernando, sonda-me:
- Tenho aí um petisco diferente mas se calhar o sr. Azevedo
não gosta?...
- O quê? Eu gosto de tudo! - pergunto, curioso.
- O quê? Venha! Venha já, Fernando! – peço-lhe de imediato,
perante o seu espanto.
Um espanto! Um espanto de petisquinho! Num restaurante que
frequento há muitos anos, sempre que ali vou para a pesca e onde sempre são
servidos os tradicionais mas bem confeccionados e saborosos pratos à base de porco
e carneiro, o amigo Fernando neste dia – oh, maravilha das maravilhas! –
resolveu inovar e presentear os clientes com as saborosas e únicas “couves com
feijão” e as “petingas fritas”!
Um almoço 5 estrelas! De verdade! Ah! As “petingas” e as
couves foram regadas com um “jarrinho” (7,5 l) de “Ermelinda”, da região do
Sado... “Nadaram” bem as ditas cujas!... Deixo aí a “prova” fotográfica da
maravilha ingerida e degustada!
Bem, depois foi então o partir para o “tal” buraquinho,
pequeno charco que até nem tinha bem a certeza se não estaria sêco, face à tão
grande falta de chuva. O percurso não foi o mais curto para evitar o atravessar
da ribeira que, embora ainda leve pouca água, tem o fundo muito arenoso e podia
ficar ali atascado com o jipe. Seria o fim da aventura face à distância que,
a pé, teria de percorrer para pedir ajuda… (Coisa de carro de 2/3 minutos mas, indo a
pé de mau caminho e a subir, nunca demoraria menos de uma hora… Só um maluco pela pesca, como eu, ali
vai sozinho…)
Fiz então a volta bem mais acima pela outra herdade onde,
para atravessar a ribeira não há perigo porque o fundo da dita está “cimentado”
e passa-se com facilidade mas corria e corri o risco de depois o trajecto ser
mais difícil, como foi, mas menos sujeito a “atascanso”.
Cheguei ao local e a primeira preocupação foi verificar se
ainda havia água… Ainda estava a fazer a manobra de estacionar o jipe e já
olhava para o fundo do vale/declive para comprovar…Tinha!!! Tinha ainda água por ali!
Uma pequenina poça, mas tinha!
Desci e por ali me entretive cerca de 2 horas. E foi bem
agradável confesso, para fecho da época da minha pesquinha! Para além dos
diversos pequenos que libertei para crescerem, ferrei um exemplar maneiro e
safou-se um outro mais pesado. Esse não quis e assim crescerá até ao próximo
Verão…
Fica também aí a foto do baby e a esperança/desejo e também
a convicção de que, se voltar a chover dentro de 2/3 semanas e se depois o Inverno
for tão generoso e chuvoso quanto o habitual, os bichinhos reproduzir-se-ão e
crescerão dentro do habitual e, em Março, daqui a 5 meses, ali poderei voltar a
divertir-me.
Assim a saúde e a vida futura me permitam!...
2 comentários:
Eu acho , que tu és , é um "ganda" sortudo ! "Pescaste" um real almoço á moda antiga , que a tua descrição até me fez crescer água na boca !...depois a "aventura" duma saudável viagem pela charneca , que culminou com a captura de um belo exemplar , que , não tenho dúvidas , te proporcionou outro real almoço !...E ainda deixas-te outros em "banho Maria", para , noutra próxima oportunidade lhes "fazeres a cama"...Abraço velho amigo e boas pescarias !
Assim foi, realmente, meu caro amigo! Leste e interpretaste bem a minha descrição desse dia bem passado no exercício do meu desporto favorito. Distracção salutar e refeição bem simples mas super gostosa que só comprova que em muitos casos não é necessário fazer grande despesas para nos satisfazermos com alimentação de prazer. Uma simples couves com feijão e umas modestas petingas fritas chegam e satisfazem deliciosamente o paladar e o estômago de um cidadão. Obrigado pela tua visita e pelo amigo comentário, pá!
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