Tenho a convicção, convicção que, em boa verdade é mesmo uma certeza, que fiz tudo bem. Não criei atritos - não criei qualquer problema! - e cheguei até ao último dia em que a entrada na herdade me foi concedida sempre, sempre com um excelente relacionamento com o Encarregado que me facultava a passagem e até com os demais funcionários e trabalhadores da propriedade. E, mesmo agora que o acesso me foi vedado, o nosso contacto telefónico ficou em excelente estado porque sempre fui muito bem tratado e sempre tratei tudo e todos o melhor que sabia e podia.
O argumento que há vários anos muitas
vezes me foi apresentado: “O patrão não quer carros dentro da herdade mas ele
sabe de si e você é uma excepção, sem problema”, foi esse mesmo argumento que
agora voltou a ser utilizado mas em sentido contrário, dado pelo telefone no
sábado, 17, pela manhã, depois de na véspera me mandar avançar: “Desculpe!
Desenrasque-se por outro lado. Ele não quer carros cá dentro e eu não abro
excepção para si. Desculpe!”
Claro que desculpo e despedi-me do
amigo com toda a cortesia que ele sempre mereceu. Só que, desta vez, não esteve
tão bem assim…
Como era habitual telefonei-lhe de
véspera pedindo para me abrir o cadeado e, ao seu reparo de que andavam lá com
máquinas, tive o cuidado de contrapor: “Mas, se houver problema, não vou. Veja
lá…” E logo ouvi a resposta amiga do outro lado:” Não, não. Venha! Venha!”
Foi então o que fiz na manhã seguinte
(sábado passado) e, quando bati no cadeado fechado liguei… Liguei e obtive a já
mencionada “nega” que, aí sim, me surpreendeu.
Claro que sempre entendi que, quem
frequenta a favor um determinado espaço por cortesia de outrem, sempre tem de
estar preparado para um dia essa benesse acabar e, francamente, eu estava
preparado para que um dia isso acontecesse mas o que não esperava é que isso
surgisse escassas horas depois de me terem mandado avançar… Para isso não
estava preparado.
Despedi-me com cortesia que o convívio
com o amigo bem justificava – e esse favor lhe ficarei para sempre a dever!...
- mas não minto se disser que senti assim como que um murrozinho no estômago… O
que o amigo Pedro disse no sábado de manhã pelo telefone, bem poderia ter dito
na sexta, quando lhe liguei e me mandou ir…
Parti então para “outra” mas de manhã
a coisa já não correu bem… Tem-se como certo que para fazer boa pescaria o
pescador tem de estar calmo e confiante e eu não estava. Não estava, não.
Desanimado por ter perdido um excelente local de pesca onde durante muitos anos
me diverti muitíssimo e, sobretudo, da forma como a recusa aconteceu, deixou-me
um pouco ferido…
A coisa de manhã não estava a correr
bem, a alergia dos fenos começou a atacar e também as habituais pequenas mas
chatas carraças apareceram como aliás é habitual nesta época do ano e resolvi
ir almoçar ao amigo Fernando onde me deliciei com as suas sempre excelentes
“Migas de Espargos com Carne de Porco Frita” a que juntei a habitual saladinha
de alface e “a” Pegões de tinto fresquinha. (Sei que é errado refrescar o
tintinho mas eu não me importo de fazer errado… É assim que me sabe bem e é
assim que “embarca” muito bem.)
Depois do almoço e embora a horas
impróprias, segundo os “cadernos” para a pesca do achigã, resolvi visitar uma
pequena charca que conheço bem no meio do mato, rodeada por pinheiros e
sobreiros, sem a mais leve poluição na água e onde praticamente ninguém vai.
Nunca ali encontrei um pescador e só ali pode ir um ou outro maluco, como eu. Na
verdade, sozinho, só um louco ali vai. (Se surgir algum problema na viatura,
com o difícil acesso, isolado, sem rede de telemóvel, será sempre obrigatório
andar a penates bem mais de uma hora e atravessar uma ribeira a vau para pedir
ajuda… Por isso só ali vou de manhã ou a meio do dia. Nunca pela tarde
adiante.)
Há 4 anos pesquei ali um excelente
achigã com mais de 1 kg e, embora tenha pouco peixe, como não regista qualquer
pesca, eles vão crescendo e com algum “descanso” de um ano ou dois de intervalo,
não é difícil depois encontrar um ou outro peixinho jeitoso naquela “reserva”.
Foi o que aconteceu agora…
Mas o achigã é um bicho de estranho
comportamento e, dia-a-dia estes bichos surpreendem-nos. Sabemos que os
maiores não costumam andar juntos em cardume ou coisa no género e ali eu vi 3
juntos. Três. Três apenas e únicos! Nem mais um peixe vi, menor ou maior.
Incrível!
Tentei então fisgar um dos simpáticos
e… tive engenho e sorte para enganar 2 deles e iniciei assim muito bem a época
de 2014! O 3º fica para outra altura, se ele então quiser… Mas haverá
certamente mais alguns por ali… Julgo eu…
Fica aí a “obrigatória” foto que gosto
de tirar com estes belos peixinhos e, depois da emoção desagradável da manhã em
que não pude pescar como desejava, fez-se então jus ao conhecido ditado popular
que nos garante que “guardado está o bocado para quem o há de comer”.
Foi o que aconteceu comigo na
“abertura” deste ano.
Prosseguirei enquanto me deixarem e
puder.
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