sábado, 23 de outubro de 2010
HOJE, DE NOVO AS ORIGENS…
Primeiro, antes de sair de casa, a surpresa de encontrar no Facebook uma mensagem de um velho conterrâneo da vizinha Ulme, a viver em Cabo Verde, de nome Francisco Carapinha - de quem já não me lembrava, confesso! - e que sob o titulo “Era uma vez o Jornal da Chamusca”, teve a bondade de me contactar:
Caro Vitor,
O que é feito de si?
Lá vão os tempos em que havia o "Jornal da Chamusca" para se escrever umas coisitas.Ainda era um "puto", para aí com uns 14 anos, levado para o Jornal pelo António Jorge para correspondente de Ulme, quando uma vez, os saudosos Cardador e Ant.º Bento, à porta da minha casa, me diziam:"Sabe, foi assim que o Victor Azevedo começou".Não sei se foi assim ou não, mas o Victor já era "figura" do Jornal e este era o maior incentivo que me podiam dar.Penso que nunca nos conhecemos, pessoalmente claro, mas só a ideia de vir a ser um "novel" Victor Azevedo, dava-me incentivo para mês a mês lá ir colocando umas prosas no Jornal da Chamusca que, infelizmente, julgo que acabou.
Durou parte da minha adolescência...Depois, aconteceu-me o mesmo que aos gatos recém-nascidos: vão abrindo os olhos.
Francisco Carapinha
Depois foi a viagem até ao velho Chouto e a constatação que cada vez mais é terrivelmente evidente a sua queda, a sua velhice, a sua morte. A morte do “meu” Chouto…
Em termos pessoais, em cada viagem encontro e convivo com menos velhos amigos de infância e adolescência. Uns porque morrem, outros porque ficam retidos em casa, outros ainda porque estão em lares ou em casa de filhos na cidade distante, o Chouto, o meu Chouto natal cada vez mais é o meu saudoso Chouto que me viu nascer e crescer.
Doloroso, confesso! Muito doloroso!
Para além disso e vitima da assassina política de sucessivos governos deste país, o Chouto está a sofrer do mesmo mal de muitas e muitas povoações do interior e tem cada vez menos gente porque, cada vez mais lhe retiram motivos de fixação para os jovens em idade de trabalho e formação de família.
Esta semana, soube hoje, teve pela última vez a visita de um médico e, segundo se diz, a farmácia, sem a presença de médico, vai também fechar portas… (Isto numa freguesia de gente maioritariamente envelhecida!) A escola primária este ano ainda tem as portas abertas por feliz e muito habilidosa negociação do presidente da Câmara da Chamusca com o Ministério da Educação mas, para o ano, é de crer que não terá habilidosa negociação que lhe valha…
Numa aldeia que está muito bonita e dela deixo aí uma imagem mas onde antes tínhamos, que me lembre: 3 alfaiates, 3 sapateiros, 2 barbeiros, uma Sociedade Recreativa com bailes semanais, um Grupo Desportivo com semanal actividade, hoje não temos absolutamente nada, nada disso…
Tudo acabou!...
Um a um - antes de mim, muitos e, muitos outros depois de mim... - a aldeia e a freguesia foi ficando vazia, cada vez com mais idosos, cada vez com mais casas vazias...
E, agora, custa ver esta decadência!...
Custa ver esta morte!...
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2 comentários:
Meu Amigo apenas faço minhas as suas palavras,porque elas são o fiel da ralaidade que se vive hoje na nossa bonita aldeia.
Não consigo compreender a atitude assasina destes governos ao deixar morrer estas pequenas mas bonitas aldeias tão tipicamente Portuguesas.
Isto demostra bem que andamos sendo governados por pessoas incapazes e sem conhecimento da verdadeira cultura Portuguesa.
Aquele abraço.
Caro Marcolino,
O hospedeiro do blogue não avisa de comentários feitos ao que se escreve e assim só agora encontrei o seu e desta forma não agradeci e respondi em tempo devido às suas palavras, facto de que penalizo e de que peço desculpa!
E vejo como, não obstante os oito anos passados as suas e minhas palavras infelizmente continuam actuais continuando a nossa aldeia, como todas as outras do interior do país a definhar e morrer vitimas da desertificação que continuamente se vai registando sem que os diversos governos centrais criem novas políticas que isso altere.
É o país e certamente o Mundo que temos um pouco por todo o lado, sendo que infelizmente não vislumbramos qualquer alteração ao triste cenário...
Um abraço, amigo!
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