segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
UM AMIGO ESPECIAL
Depois de por duas chamadas telefónicas ter tentado falar-lhe sem que atendesse, o Joel ligou-me há pouco e, como é hábito, passámos bons e largos minutos – talvez mais de meia hora!... – em amiga e agradável conversa rememorando tempos passados que já não voltam e que então nos marcaram profundamente para as nossas vidas.
Joel Costa é um velho e especial amigo de longa data com quem vivi e convivi mais de dois anos diariamente e em circunstâncias difíceis e por vezes, se não sempre, muito complicadas, dado que estávamos em plena guerra, primeiro no Leste e depois no Norte de Angola.
Temos um almoço há tempos aprazado para saborear mas a minha tentativa de hoje era mais para o “provocar”, perguntando-lhe se a abordagem feita pelo “Expresso” deste sábado respeitante ao tema do desaparecimento e eventual morte do famoso pianista Sérgio Varella Cid e ao médico e presidiário brasuca Hesmany Ramos, alegadamente ligado ao desaparecimento do pianista lhe poderia valer mais uma edição do seu livro “Balada para Sérgio Varella Cid”. Afinal, uma pequena e inofensiva brincadeira com o meu velho e especial amigo...
Como é fácil de aceitar tenho muitas e diversificadas cenas/histórias vividas na tropa e na guerra e onde naturalmente entra o Joel dado que, por força das circunstâncias vivemos e até algumas vezes dormimos juntos – lembras-te da história dos “chatos”, no Muaco, pá? Eh! Eh! Eh! – e penso um dia destes iniciar aqui a publicação de uns quantos apontamentos onde recordarei, ao correr do teclado do computador, essas patuscas situações vividas numa data muito marcante da minha vida.
Fico-me hoje por aqui deixando a foto de capa do seu excelente trabalho de 400 páginas de biografia romanceada de Sérgio Varella Cid e ainda uma imagem registada em Maio de 1968, no Cavungo, Leste de Angola, onde a sua velha e apreciada boina sobressai. (Joel Costa aceitou e usou sempre, sem qualquer alteração, as fardas que no início lhe distribuíram e, para além disso, viveu toda a sua “Comissão” absolutamente “a leste” dela mesma... Um espanto!).
Um dia destes falarei mais pormenorizadamente e contarei cenas curiosas e significativas vividas com este amigo que de certa maneira contribuiu para a formação da minha consciência política - admito-o, francamente! - e, por isso mesmo, para a partir dessa data ver, sentir e estar no Mundo de forma diferente.
(Hoje, Joel Costa, para além da sua actividade como escritor, continua como no tempo da guerra no Coro do Teatro Nacional de S. Carlos e tem um apreciado programa semanal - Questões de Moral – na RDP2.)
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