sexta-feira, 31 de março de 2006
"LIMPEZA TIDE"
Com uma pequena referência na 1ª página, a notícia está um pouco mais desenvolvida na página 10 do semanário “Expresso”, do passado sábado 25.
Vinha ali, com meia dúzia de linhas e quase no fundo da página mas, não me passou despercebida...
Segundo ela: “Uma das alterações anunciadas para o Código Penal vai beneficiar deputados, autarcas, gestores públicos, dirigentes de institutos e funcionários públicos em geral a contas com a Justiça”.
Então, acrescenta o “Expresso”: “Trata-se da possibilidade de, em vez de cumprirem pena de prisão, o juiz lhes determinar a proibição do exercício de funções por certo período – uma norma que, a ser aprovada pelo Parlamento, terá de ser tida em conta pelos juízes que julgarem casos de autarcas como Fátima Felgueiras, Isaltino Morais e Valentim Loureiro”.
Na notícia em causa são mesmo incluídas algumas opiniões de dois conceituados juízes que põem as maiores reservas a estas peregrinas alterações ao Código Penal...
Estou longe de ficar admirado com esta “belezura”de proposta – já nada me surpreende nestes políticos portugueses, sempre prontos a encobrir e proteger tudo e todos da sua casta... - mas, naturalmente, não posso deixar de me indignar como mais esta incrível alteração ao Código Penal, feita a pedido e à medida, tudo parece indicar, para casos que tão bem conhecemos.
Escandalosamente e com uma “sem-vergonhice” que a todo o português comum espanta – julgo eu... – os nossos políticos continuam a proteger-se e a encobrir-se uns aos outros, tendo agora atingido já um cariz e um alcance político, social e moral absolutamente reprovável e ignóbil !
Assim, a acontecer esta reforma no Código Penal, entendo que estaremos na presença de uma verdadeira “LIMPEZA TIDE” !
Inacreditável !... Inadmissível !!!...
quarta-feira, 29 de março de 2006
UM ABUSIVO "EXPRESSO"
No “Expresso” de sábado passado (dia 25/3) não apreciei minimamente esta foto ali publicada com exagerado destaque (1ª página /Capa !!!) e incríveis dimensões (perto de ¼ de página !!!) e que, agora, contrafeito, aqui incluo só para registo no meu Blogue:
Poderia esta foto talvez vir na sequência do que escrevi no semanário “O Mirante” do dia 22 deste mês e que também aqui anexo para arquivo.
Entendo todavia que, uma coisa, não tem nada, nada que ver com a outra.
Se, num caso, o presidente, num gesto que admito que se pode registar com apreço (Sérgio sempre foi uma pessoa frontal ! ) dá a cara e não endossa responsabilidades, neste caso da foto do “Expresso”, não sei se não foi usado...
Com toda a certeza ele saberá melhor que eu e até posso estar enganado... E, sendo assim, disso peço desculpa !
Mas, o que não gostei nada e reprovo em absoluto, é a legenda da foto do “Expresso” quando, sob o título “Chamusca de mão estendida” e depois de fazer alusão à difícil situação económica da Câmara da Chamusca, tenta misturar com isso o facto de Sérgio Carrinho ser arguido num processo judiciário por alegadas irregularidades no PDM.
Entendo que uma situação não tem minimamente que ver com a outra e, no tocante a esse processo judicial, estou em crer que a enorme maioria dos chamusquenses acha que Sérgio Carrinho está perfeitamente inocente e que, a haver irregularidades no PDM, tudo terá ocorrido não a favor do próprio mas única e exclusivamente em proveito da Chamusca, do seu concelho e dos seus munícipes ! Sérgio, para todos os chamusquenses, é uma pessoa séria e integra !
Então, tentar misturar as duas situações – e, ainda por cima, com esta foto de muito mau gosto e a sua respectiva legenda... - como parece o “Expresso” ali tentar fazer é, no mínimo, abusivo e reprovável !...
sexta-feira, 24 de março de 2006
BANDIDOS À SOLTA !
Assalto a uma Churrasqueira de uns meus cunhados e amigos !
Aconteceu há dois dias...
Três brasileiros, armados e de cara descoberta, entraram, deram ordens aos três funcionários que se aprestavam para sair e fechar o estabelecimento e, num ápice, limparam a caixa registadora de uma boa maquia apurada na tarde e noite desse dia.
Felizmente o Pedro e as duas colegas, não ganhando para o susto, não ofereceram resistência porque, se o fizessem, talvez as consequências fossem bem mais graves...
Tudo aconteceu no centro bem movimentado da localidade, cerca das dez da noite e os brasucas lá se foram...
Estamos nisto... Ontem, era só os bancos, agora, são já os estabelecimentos comerciais (há dias foi num restaurante na zona da Caparica onde “limparam” a caixa e até os clientes !...) e, por este andar, não tardará muito que, de arma em punho, nos forcem a própria porta da casa de habitação.
Isto, perante as leis permissivas e moles e a crise de autoridade das próprias polícias que se vem impotentes, se não mesmo desarmadas, perante bandidos bem equipados e já muito bem organizados.
Li outro dia que finalmente as autoridades já têm ordem para atirar a matar em determinadas circunstâncias mas é lamentável que tenha sido necessário caírem mortos tantos membros das autoridades e tantos cidadãos comuns para só agora se fornecerem essas ordens.
Oxalá não seja tarde e oxalá também que, após cada balázio nos bandidos, não venham as televisões clamar com o habitual berreiro vergonhoso... Berreiro que, algumas vezes indigna e revolta todo o cidadão de bem, que quer viver num país com ordem e civilidade.
quarta-feira, 22 de março de 2006
O SECRETO “ISCO” DO TIO ZÉ PISCO...
De bem com a vida, com as coisas e com os homens, o nosso Tio Zé Pisco - já o escrevi em tempos e repito-o de novo !... - é um magnífico exemplo de vida para tudo e todos que com ele convivem.
Quase a atingir os 80 anos (oitenta anos !) de beirão de rija tempera, sempre aproveita as situações do seu dia-a-dia para, com um humor único, refinado e bem inteligente, brincar com o seu semelhante, com as coisas e com a vida. E, sempre, sempre com uma calma - até parece alentejano, o Tio Zé !... – uma paz, uma harmonia e um humor que a todos contagia. E que a todos ensina !...
Ora, foi com este espírito e esta envolvência que se passou a cena que hoje vou aqui narrar, contada pela nossa deliciosa Tia Tina, sua dedicada esposa de todos os dias há mais de meio século e que, posta perante a hilariante situação, mais não teve que “dar a volta” à conversa e solucionar a situação com um malandreco e furtivo sorriso de gozo, face à sempre continua e gostosa brincadeira do seu companheiro de vida.
Tio Zé – também já o afirmei – pescando durante mais de três dezenas de anos no rio Vouga, nas Termas de S. Pedro do Sul, “sacou” das suas águas toneladas de peixes (Aqui, não há exagero... Façam-se as contas!...) que, hora a hora, dia-a-dia o absorviam e animavam – e, se calhar, ajudam agora a viver tão bem de saúde !... - e, de volta ao seu estabelecimento de café e petiscos (a “Sibéria”) durante muito tempo e, com frequência, tinha à sua espera uma citadino rapaz, dos seus 14/15 anos que, entre abismado pelo volume da pescaria e pela afabilidade e grande delicadeza do nosso Tio Zé, sempre dele queria saber mais: Como era... Onde era... Com que era... Como fazer... O que podemos bem imaginar de um rapaz daquela idade, nascido e criado na cidade, que ali acompanhava os pais em banhos termais e que, admirado com aquela abundância de pescaria natural e sã do Rio Vouga, aspirava conseguir coisa igual ou parecida...
Os dias foram passando e, periódica e habitualmente, o nosso jovem ali aguardava pelo Tio Zé... Via o cesto, quase sempre a abarrotar de peixinhos do rio e, botando conversa com o experiente pescador, entre um, ansioso, e o outro bem colaborativo, algo de curioso diálogo sempre se travaria mas, é bom dizê-lo, nunca soubemos e o Tio Zé nunca o desvendou...
Foi então que, num fim de tarde, com o nosso tio demorando mais que o habitual e o nosso jovem da cidade esperando para ver e apreciar a pescaria dessa tarde do seu amigo, estranhando a demora e talvez preocupado com a hora do jantar com os pais que o esperariam no hotel, resolveu dirigir-me à nossa Tia Tina, entre preocupado e curioso:
- Dona Tina, o sr. Zé, hoje, está a demorar...
- Ah, pois está... Se calhar está entusiasmado com uma boa pescaria ?... respondeu-lhe a Tia Tina.
- Pois... Olhe, Dona Tina, será que a senhora me pode ajudar ? – interroga o nosso rapazinho da cidade.
- Se eu puder... – solícita a Tia Tina...
- Sabe ? – interroga-a – eu venho conversando muito com ele, muito admirado com as suas grandes pescarias e ele tem-me ensinado muita, muita coisa para eu começar a pescar. Eu já quis começar mas, agora, tenho uma grande dúvida e estava à espera dele para me esclarecer melhor... Como ele demora... se a senhora me pudesse ensinar...
A Tia Tina, toda solícita:
- Oh, pois claro, se eu souber. Ora diga ?...
- Sabe, Dona Tina ? Ele contou-me o segredo de como agarra tantos peixes !... O segredo do isco que põe no anzol mas, eu não entendi muito bem e precisava de ajuda... Ele, muito em segredo, contou-me que usa como isco caroços de azeitona mas, eu estou com uma dificuldade: já me esforcei muito e não consigo enfiar o anzol nos caroços de azeitona... Será, Dona Tina, diga-me, que ele os coze primeiro ?... É que os caroços crus, são muito rijos e eu não consigo ...
Pode-se imaginar a reacção da Tia Tina perante tal brincadeira do marido com o rapaz da cidade... Parece que, entre um muito mal disfarçado sorriso, só respondeu ao seu interlocutor:
- Oooh! E você acreditou nisso ? Nããão ?!!!... Isso, foi uma brincadeira dele consigo...
Desconhece-se se o jovem rapaz da cidade voltou à “Sibéria” e se confrontou o nosso Tio Zé com a brincadeira... O Tio Zé não se “abre” e nós não sabemos...
Mas, seria delicioso que o rapaz de então, hoje homem, talvez com filhos ... talvez citadinos ... lê-se esta história e connosco brincasse sobre ela !... E ainda bebíamos um copo a comemorar a história e à sua saúde...
E à do Tio Zé, a atingir os oitenta ! Com saúde e alegria !
segunda-feira, 13 de março de 2006
O RAPAZ ESTÁ CRESCIDO !
A ecografia é do dia 27 de Fevereiro e, veja-se com o rapaz, ao mesmo tempo que cresce, também ganha forma.
Ainda não dá para ver as chamadas “parecenças” mas, quase me parece acertado afirmar que as feições já são de rapaz, não? Eu, acho.
Entretanto, parece que começam a surgir umas quantas disputas para um mais que inevitável aliciamento à próxima filiação clubística do novo Azevedo... Como se tivessemos qualquer alternativa... Os “provocadores” que não alimentem ilusões!
Mas também posso muito bem estar enganado...
Todavia, primeiro que tudo isso, aqui desejo – todos desejamos! - que venha robusto, completo e saudável!
Para felicidade de todos nós!
quinta-feira, 9 de março de 2006
INESPERADAMENTE, A INDIGNIDADE...
Absorvido num belíssimo dia de pesca, integrado num periodo que tenho de aproveitar dado que temos tido condições climatéricas adversas para a pesca do achigã e, no próximo dia 15 começa o Defeso desta apaixonante actividade, olvidei hoje deliberadamente a tomada de posse de Cavaco Silva, como Presidente da República, e fui visitar os amigos achigãs.
Eles colaboraram e satisfizeram em pleno o meu prazer de os pescar (excepção feita um, de mais de quilo e meio que ainda saiu e saltou meio metro na margem e... logo retomou a sua feliz vivência nas belas águas da barragem...) e, envolvido naquele ambiente da pesca, nada acompanhei das cerimónias da posse de Cavaco.
E foi então que, agora, ao jantar, vim a saber que Mário Soares, que sempre se considerou e propagandeou como um grande democrata, que aceita, respeita e encaixa os resultados eleitorais com elegância, democracia e educação – e quero confessar que, com muita admiração da minha parte, sempre assim o considerei !... - vim então agora a saber que ele, como ex-Chefe de Estado, assistiu no hemiciclo de S. Bento à cerimónia e, após ela, numa atitude que me abstenho de classificar, decidiu não ir cumprimentar o novo Presidente da República e, ostensiva e escandalosamente (para mais não dizer...) saiu porta fora e... foi para casa, deixando tudo e todos a felicitar e celebrar a tomada de posse de Cavaco.
Pelo muito que acho que devemos a Mário Soares – nunca poderei esquecer o “Verão Quente” de 1975 !... – vou hoje abster-me de de tecer muitas considerações sobre este gesto que muito, muito me surpreendeu, que não entendo e me parece absolutamente mal educado, anti-democrático e indigno de um homem e de um politico como eu sempre vi em Mario Soares.
Ostensiva e mal educadamente deixar a cerimónia, com as camaras de TV a acompanhar os seus passos é, no mínimo, um gesto impróprio de um político cordato, democrata e educado, que sempre julguei encontrar na pessoa do Dr. Mário Soares.
Caso para dizer que “no melhor pano cai a nódoa” ?...
O futuro o dirá...
Eles colaboraram e satisfizeram em pleno o meu prazer de os pescar (excepção feita um, de mais de quilo e meio que ainda saiu e saltou meio metro na margem e... logo retomou a sua feliz vivência nas belas águas da barragem...) e, envolvido naquele ambiente da pesca, nada acompanhei das cerimónias da posse de Cavaco.
E foi então que, agora, ao jantar, vim a saber que Mário Soares, que sempre se considerou e propagandeou como um grande democrata, que aceita, respeita e encaixa os resultados eleitorais com elegância, democracia e educação – e quero confessar que, com muita admiração da minha parte, sempre assim o considerei !... - vim então agora a saber que ele, como ex-Chefe de Estado, assistiu no hemiciclo de S. Bento à cerimónia e, após ela, numa atitude que me abstenho de classificar, decidiu não ir cumprimentar o novo Presidente da República e, ostensiva e escandalosamente (para mais não dizer...) saiu porta fora e... foi para casa, deixando tudo e todos a felicitar e celebrar a tomada de posse de Cavaco.
Pelo muito que acho que devemos a Mário Soares – nunca poderei esquecer o “Verão Quente” de 1975 !... – vou hoje abster-me de de tecer muitas considerações sobre este gesto que muito, muito me surpreendeu, que não entendo e me parece absolutamente mal educado, anti-democrático e indigno de um homem e de um politico como eu sempre vi em Mario Soares.
Ostensiva e mal educadamente deixar a cerimónia, com as camaras de TV a acompanhar os seus passos é, no mínimo, um gesto impróprio de um político cordato, democrata e educado, que sempre julguei encontrar na pessoa do Dr. Mário Soares.
Caso para dizer que “no melhor pano cai a nódoa” ?...
O futuro o dirá...
quarta-feira, 8 de março de 2006
AS ORIGENS... SEMPRE AS ORIGENS !...
E hoje regresso às minhas origens ribatejanas - do concelho da Chamusca (Chouto) - face à situação criada na Câmara Municipal local que, verdadeiramente “de tanga” – se não mesmo falida !... – depois de anunciar publicamente que está positivamente nua, - nuazinha ! – sem qualquer peça de roupa para cobrir as vergonhas, já que até faz leilões de velharias e ninharias abandonadas nos seus armazéns, como mapas, cartazes, placas e demais objectos de reduzidíssimo valor (quando se tem fome, uma côdea é uma abastança !...), agora decidiu quase acabar com a festa maior da terra, reduzindo ao mínimo dos mínimos a sua Semana da Ascensão.
Então, os homens do semanário “O Mirante”, que têm vindo a noticiar a completa falência da edilidade chamusquense, resolveram destacar esta decisão da administração camarária e pediram a opinião dos leitores. Eu, porque acho muito grave o que está a acontecer na Câmara da Chamusca, dado que os homens que agora se mostram positivamente aflitos, cheios de dívidas e com os cofres vazios, são exactamente os mesmos que ao longo dos anos vêm administrando aquela casa, resolvi escrever um pequenino apontamento que “O Mirante” achou por bem publicar na sua edição de hoje.
Deixo-o aqui, para arquivo, salientando que, como muitos naturais e habitantes daquele concelho, tenho apreciado imenso tudo o que muito bonito ali tem sido feito (A Chamusca é um brinco ! Um brinco ! E, a minha aldeia – Chouto – está linda ! Linda !) mas, na verdade, sempre me fez muita confusão o encargo de tantos funcionários camarários, que bem poderiam ser evitados e ainda muito me tem impressionado as festas e feiras realizadas, com ranchos, bandas e artistas de variedades com custos de contratação que sabemos serem elevados, em espectáculos abertos, francos e sem qualquer custo para a organização. Uma fartazana !...
Viveu-se, durante muitos anos “à lavrador !”!... Sem “o“ ter !... Viveu-se positivamente “à rédea solta” ou, no mínimo, sem controle adequado e, agora, acordou-se para a realidade... A Câmara está positivamente falida, graças a uma má administração da equipa dirigente de tantos e tantos anos e onde, parece-me, até a oposição não sai sem algumas culpas no cartório...
Uns e outros – com muito maior gravidade para a equipa de Sérgio Carrinho ! – sem assumirem publicamente os seus erros, tentam agora debelar a terrível situação mas os dias são terrivelmente difíceis. Muito difíceis !...
Ora, então, aqui deixo para arquivo o pequeno apontamento que hoje assino n’ O Mirante” e que me senti na obrigação de redigir.
Eu, sempre rebelde e de novo não concordando com o “amem” da maioria que vejo em meu redor...
Coisas...
Então, para que conste:
domingo, 5 de março de 2006
VAI UMA MEDALHINHA ?...
Creio que em tempos, aqui ou numa qualquer publicação, já contei esta história mas, a febre com que Jorge Sampaio, a horas de sair de Belém, resolveu atribuir medalhas e condecorações, suscita-me recordar o episódio.
Estava na guerra em Angola, nos finais de 1969 e prestes a terminar a “Comissão de Serviço” (era assim que se chamava à nossa permanência na guerra do então Ultramar). Aprestando-me então para findar a Comissão fui convidado pelo meu superior hierárquico a escolher entre os homens sob o meu comando uns quantos (até me foi sugerido o número) para que lhes fossem atribuídos louvores que eu redigiria. Bem argumentei que eram todos bons rapazes e não via motivos de destaque que justificassem esse reconhecimento mas, de nada serviu... Houve insistência, com o argumento que todos os Batalhões quando findavam as suas missões procediam a esse costume e nós não poderíamos fugir ao hábito. E foi assim que, com forte injustiça para os não escolhidos, lá elegi o número sugerido de militares, tendo eu próprio redigido igual número de louvores com que foram premiados aqueles rapazes... E foi assim, com este sistema, naturalmente, que também eu “levei” um louvor que ainda para aí guardo num caixa... de camisas.
Pois então, esta febre de medalhas, medalhinhas, condecorações e condecoraçãozinhas que o nosso Presidente da República resolveu atribuir na hora de saída do cadeirão de Belém, mais não é que exactamente o que comigo se passou em Angola...
Está a ser medalhado “tudo o que mexe”, num número absolutamente exagerado e verdadeiramente incrível, justificando-se Sampaio com o argumento que, não obstante os milhares já condecorados, as atribuições ainda são inferiores às realizadas por Eanes e Soares que o precederam no lugar. Pois sim, mas é mesmo pelo facto dos anteriores presidentes também terem exagerado que, agora, já medalhada toda a gente, se vulgarizou a cena, só restante pouco mais que eu e aqui o meu vizinho do lado para receber a medalha...
Mas, na verdade, já pensei que ainda surgirá a minha vez de pendurar aqui ao pescoço a medalhinha de “qualquer coisa”...
Hoje comecei a pensar que ainda vou ter uma... E, então porque não ?...
Pensando bem: penteio-me com risco ao lado e ainda não sou careca; gosto de cozido à portuguesa, caldeirada e feijoada; delicio-me com um bom tintinho; gosto muito de tremoços e de amendoins; aprecio um bom fado e também não enjeito um bom rancho folclórico; também adoro uma boa jogatana de bola e, por fim, tenho a barriguinha um pouco redondinha e crescida mas nada que uma dieta não resolva...
Ah ! Só vejo um contra que talvez possa dificultar a escolha: a patroa diz que ressono !... É !...Parece que ressono, na verdade... Bom, mas li há poucos dias que uma simples cirurgia resolve a problema e, portanto, poderei também debelar o mal para poder ser escolhido na próxima carrada de medalhados. Valeu ?...
Tenho esperança...
Se não for com Sampaio... talvez com Cavaco...
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